Bem além do visual, Titanium 2018 traz interior muito melhorado, motor de 176 cv, mais conforto e segurança
Texto: Fabrício Samahá e José Geraldo Fonseca – Fotos: divulgação
Para o Ford Ecosport, os velhos tempos eram bons tempos. Por oito anos, entre 2003 e 2011, sua primeira geração correu quase sozinha no segmento de utilitários esporte compactos até que chegasse o Renault Duster. De lá para cá o “Eco” foi remodelado, mas uma avalanche de concorrentes veio tirar sua tranquilidade — Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks e Renault Captur, entre outros. Embora as vendas tenham mantido o patamar nos últimos anos, sua posição na categoria caiu sem acompanhar o crescimento da classe.
Com a linha 2018 a Ford espera retomar a competitividade do Ecosport. As novidades não se limitam ao desenho dianteiro, que segue o apresentado nos Estados Unidos e na China: há evoluções importantes no interior, um novo motor e outro revisto e alterações no chassi, em um processo de revitalização do modelo lançado há cinco anos. Embora ainda não tenha divulgado preços, o fabricante convidou a imprensa a dirigir a versão de topo Titanium com motor de 2,0 litros.
Nada mais foi divulgado sobre o restante da linha, mas se sabe que haverá a intermediária Freestyle (é provável também a de entrada SE) e que o motor Sigma de 1,6 litro dá lugar ao Dragon de 1,5 litro e três cilindros. O Duratec de 2,0 litros passa a ser o mesmo do Focus com injeção direta de combustível. Tanto para um quanto para outro, uma transmissão automática tradicional de seis marchas com conversor de torque substitui a automatizada de dupla embreagem, fonte de muitos problemas.
A nova fase do Ecosport ampliou seu alcance mundial: será vendido em 140 países com produção na China, Índia, Romênia, Rússia e montagem na Venezuela, além de Camaçari, Bahia. A reformulação apoiou-se em três pilares: conforto, conectividade e desempenho/dirigibilidade. Os dois primeiros eram mesmo pontos negativos do modelo anterior: o acabamento simples, ponto mais criticado pelos proprietários no Guia de Compra do Best Cars, e o limitado sistema de áudio Sync, incompatível com o que a concorrência vinha oferecendo. No terceiro aspecto, embora o Ecosport não deixasse a desejar, a marca buscou sobressair na categoria. Conseguiu? Veremos adiante.
Ganhos importantes foram obtidos no interior, com novo painel, bancos refeitos com maior apoio lateral e sistema de áudio Sync 3 com tela tátil de 8 pol
O trabalho de estilo foi feliz. A grade principal vem mais elevada, o que suprimiu a estreita que ligava os faróis, e passou a abrigar o emblema da Ford. Os faróis do Titanium evoluíram muito: do refletor único por lado passaram ao duplo com lâmpadas de xenônio no facho baixo, que é elipsoidal, e leds para luz diurna. Faróis principais e de neblina estão maiores e estes últimos fazem o começo do vinco que passa pelas maçanetas. Capô e para-lamas também são novos. A grade se fecha por dentro quando não é necessário arrefecimento, o que melhora a aerodinâmica e abrevia o aquecimento do motor. A Ford anuncia coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,35, melhor que o anterior (0,395) em 11% e tão baixo quanto os de HR-V e Tracker (no Renegade é mais alto, 0,373).
Causa decepção que das portas para trás tudo seja igual ao modelo antigo: alguma alteração nas lanternas seria oportuna, assim como — na opinião de muitos — a eliminação do estepe externo. A Ford alega que pesquisas de público indicaram divisão meio a meio entre os adeptos do pneu aparente e os que prefeririam ocultá-lo, mas não há local para ele no compartimento de bagagem, que seria bastante reduzido. Na Europa o estepe externo é opcional com alternativa por um sistema de reparo de furo, solução pouco aceita no Brasil, sobretudo em veículos com uso eventual fora de estrada. Assim, prevaleceu a corrente pelo estepe à vista.
Nova frente traz faróis de xenônio no Titanium; laterais e traseira não mudam e estepe segue externo; rodas da versão passam a 17 pol
Ganhos importantes foram obtidos no interior. Sobressai o novo painel com cobertura de plástico macio, quadro de instrumentos ampliado e formas mais refinadas que lembram as do Focus, assim como o volante. Agora há termômetro do motor e mostrador digital multifunção para o computador de bordo. Os bancos foram refeitos com maior apoio lateral e o revestimento em couro do Titanium pode vir em tom marfim.
As críticas ao sistema de áudio foram bem atendidas: agora é o Sync 3 já disponível em Focus, Fusion e Edge, com tela tátil capacitiva de 8 pol — nesse caso destacada como um tablet, o que tem sido tendência. Traz navegador integrado que pode ocupar toda a tela, botões físicos de comando, duas tomadas USB e compatibilidade com telefone celular via Android Auto e Apple Car Play. Há ainda comandos por voz, o sistema App Link que admite aplicativos para diversas funções, modo de manobrista para bloquear seu uso com senha e assistência de emergência, que telefona ao SAMU em caso de disparo de bolsas infláveis.
Próxima parte
Equipamentos
• Ecosport Titanium (preço não disponível) – Ajuste lombar do banco do motorista, alarme volumétrico, alerta para veículo em ponto cego e tráfego cruzado, ar-condicionado automático, assistente de partida em rampa, bancos revestidos em couro, bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras, de cortina e de joelhos do motorista; câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida, cintos de três pontos para cinco ocupantes, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque e abertura/fechamento a distância, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, faróis de xenônio, faróis e limpador de para-brisa automáticos, fixação Isofix para cadeira infantil, monitoramento de pressão dos pneus, navegador, porta-luvas refrigerado, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 17 pol, sensor de estacionamento traseiro, sistema de áudio Sync 3 com integração a telefone e tela de 8 pol, teto solar com controle elétrico, volante com ajuste de altura e distância.
Garantia: três anos sem limite de quilometragem.