Picape goiana evolui em comodidade, torque e suspensão para enfrentar adversárias em rápida renovação
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
O mercado de picapes médias passa por intensa renovação no Brasil. A Toyota abriu a temporada com mais uma geração da Hilux, em novembro do ano passado. Ford e General Motors responderam com atualizações visuais e de conteúdo para Ranger (em abril) e S10 (maio), na ordem. Agora é a vez da Mitsubishi, que apresenta a L200 Triton Sport — ainda haverá a Volkswagen Amarok com motor V6 este ano, a Nissan Frontier toda refeita e sua versão para a Renault com o nome Alaskan, esperadas para o próximo ano.
Ser dono de picape é uma opção a ser bem pensada, porque é preciso abrir mão de benefícios em conforto de automóveis e utilitários esporte. Mas as fábricas estão investindo para desenvolver modelos — em especial os de cabine dupla — mais próximos aos veículos “normais”, sem deixar de lado a força e a capacidade de carga. Afinal, não é novidade que muitos usuários nada transportam nelas além de bagagem pessoal e jamais passam por um atoleiro, mas gostam da sensação de poder que um veículo alto e robusto transmite.
O desenho da L200 Triton Sport é todo novo, mas mantém a identificação com o anterior; grade dianteira cromada divide opiniões
Essa quinta geração da série L200, produzida em Catalão, GO, começa a ser vendida em outubro nas versões GLS (com caixa manual), HPE e HPE Top (com transmissão automática de cinco marchas), todas com motor turbodiesel de 2,4 litros, potência de 190 cv e tração temporária nas quatro rodas (veja preços e equipamentos no quadro abaixo). A anterior L200 Triton permanece em linha nas versões GL, GLX, Outdoor e Savana, incluindo opções com motor 2,4 flexível.
A caçamba ganhou comprimento e sua capacidade subiu de 780 para 1.046 litros; ao puxar a maçaneta, a tampa fica parada até ser puxada para trás
A versão de entrada Sport GLS com transmissão manual tem preço sugerido de R$ 132 mil e compete com Amarok SE (2,0 litros, dois turbos, 180 cv, R$ 128.834), Hilux básica (2,8 litros, 177 cv, R$ 130.960), Frontier SV Attack (2,5 litros, 190 cv, R$ 131 mil) e Ranger XLS (2,2 litros, 160 cv, R$ 129.900). A S10 não tem opção nessa faixa com motor a diesel e tração 4×4.
A intermediária Sport HPE com caixa automática por R$ 165 mil fica na faixa de Amarok Highline (mesmo motor da SE, R$ 162 mil), Hilux SRV (motor igual ao da básica, R$ 167 mil), Frontier SL (mesmo motor da SV, R$ 154 mil), Ranger XLT (3,2 litros, 200 cv, R$ 166.900) e S10 LTZ (2,8 litros, 200 cv, R$ 160.390). A Sport HPE Top, por sua vez, sai a R$ 175 mil e concorre com Amarok Ultimate (R$ 177 mil), Hilux SRX (R$ 188.120), Ranger Limited (R$ 179.900) e S10 High Country (R$ 167.490). Os motores de cada uma repetem os das anteriores.
Interior está mais refinado e inclui boas comodidades; seletor de tração substitui alavanca
A L200 Triton Sport lembra bastante no estilo a Triton anterior, com a maior diferença na grade dianteira cromada, grande e cheia de detalhes — um ponto controverso. Os faróis da Top usam refletores elipsoidais e lâmpadas de xenônio para ambos os fachos. As rodas de alumínio de 16 polegadas podem parecer pequenas, pois no segmento já se usa 18 pol em vários modelos, mas rendem dividendos em conforto e robustez pelo alto perfil dos pneus. Comparada à antiga, a nova picape é bem mais longa (5,28 ante 5,115 metros), pouco mais larga (1,815 ante 1,80 m) e alta (1,795 ante 1,78 m) e tem a mesma distância entre eixos (3 m). O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,40 é adequado ao tipo de veículo.
Boa impressão é causada pelo interior cada vez mais próximo ao de um sedã, com bancos confortáveis e bom acabamento. A L200 está mais refinada na aparência, para o que contribui o abandono da tradicional alavanca de engate da tração 4×4 e da reduzida em favor de um seletor elétrico — há quem prefira a confiabilidade do engate mecânico, mas a Toyota tomou o mesmo caminho na Hilux. O sistema de áudio e navegação usa tela sensível ao toque e há comodidades como ar-condicionado de duas zonas, chave presencial para acesso e partida e ajuste elétrico do banco no caso da Top.
Um desafio em projeto de picape é acertar o compromisso entre capacidade da caçamba e espaço da cabine. Na Sport esse trabalho deu resultado: o banco traseiro até que recebe bem dois passageiros (há apoio de cabeça para três), com bom compartimento de objetos atrás do banco. O encosto desses ocupantes consegue certa inclinação, algo raro nesse tipo de picape.
Sistema de áudio e navegação usa tela tátil; banco traseiro oferece conforto acima da média
Para o valor e a proposta, sentem-se falta de alguns itens como função um-toque para todos os controles elétricos de vidros, porta-luvas refrigerado e um painel mais completo. Outro ponto a ser corrigido: embora a versão Top venha com câmera e sensores de estacionamento na traseira, nenhum deles equipa as demais versões, um transtorno em veículo tão longo e de visibilidade traseira limitada.
Para quem pensa em usar a picape para transportar carga (sim, isso existe!), boa novidade é o aumento da linha de cintura, que a protege mais. A caçamba ganhou comprimento (1,52 ante 1,32 m) e altura (475 ante 405 mm), mantendo a largura (1,47 m), e assim sua capacidade subiu de 780 para 1.046 litros. Um trabalho na centralização do ponto de equilíbrio faz com que, ao puxar a maçaneta, a tampa não caia de uma vez: fica parada até ser puxada para trás. Mas não pode ser retirada para o transporte de, por exemplo, uma moto que não caiba com a tampa fechada.
Próxima parte
Versões, preços e equipamentos
• Sport GLS 2,4 manual (R$ 132 mil) – Conteúdo não informado.
• Sport HPE 2,4 AT (R$ 165 mil) – Vem de série com acionamento automático do limpador do para-brisa e dos faróis, ar-condicionado automático de duas zonas, auxílio para saída em rampa, bancos revestidos em couro, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, diferencial traseiro autobloqueante, estribos laterais, faróis de neblina, fixações Isofix para cadeiras infantis, freios com freios antitravamento (ABS) e assistência adicional em emergência, grade e maçanetas externas cromadas, rodas de alumínio de 16 pol, sistema de áudio com CD/DVD, navegador e tela tátil de 7 pol, tração temporária nas quatro rodas com reduzida, transmissão automática com controles de marchas junto ao volante e volante com ajuste de altura e distância e controles de áudio.
• Sport HPE 2,4 AT Top (R$ 175 mil) – Como a AT, mais assistente de condução com reboque, banco do motorista com ajustes elétricos, bolsas infláveis laterais dianteiras, de joelhos do motorista e de cortina, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso ao interior, faróis bixenônio com lavadores e leds para luz diurna, sensores de estacionamento traseiros.