Único a trazer o sistema Start & Stop, o Uno Evolution de 1,4 litro tem preço e
conteúdo similares aos do Way, mas não oferece câmbio automatizado

 

Parada/partida e câmbio por botões

Os motores Fire Evo de 1,0 e 1,4 litro não têm novidades para 2015, mas o segundo — apenas quando aplicado à versão Evolution — ganha o sistema de parada e partida desenvolvido pela Bosch, usado pela primeira vez no mundo em um carro funcionando com álcool (embora os modelos flexíveis da BMW mantenham o dispositivo, ele se destina ao uso com gasolina e deixa de atuar quando a central eletrônica detecta alto teor de álcool no combustível).

O Start & Stop tem atuação toda automática, desligando o motor assim que se para o carro em ponto-morto e religando-o em apenas 0,4 segundo no momento em que se pisa no pedal de embreagem. Um símbolo mostra no painel quando o sistema está ativo. O motor é religado antes do uso do pedal da esquerda em paradas mais longas (acima de 165 segundos), quando o vácuo do servo-freio baixa, se há elevado consumo elétrico (faróis, desembaçador traseiro e outros itens) ou se o carro supera 3 km/h, como em aclives e declives.

O sistema não atua em certas condições, caso de motor frio (a fase de aquecimento é a mais prejudicial ao desgaste e às emissões poluentes) e de carga da bateria abaixo de 75%. Para evitar desconforto em dias quentes, caso se use o ar-condicionado o motor é religado após 60 segundos de inatividade — o sistema de refrigeração, como se sabe, deixa de atuar quando o motor é desligado, restando apenas algum ar frio residual. Um botão desativa o Start & Stop caso se queira manter o motor e o ar ligados todo o tempo.

 

 

 
Para-choques diferenciados e rodas de 15 pol com criativo desenho são
elementos do Sporting, que adota o vermelho para dar tempero ao interior

 

O sistema de partida foi todo revisto, incluindo a bateria, e a atuação depende de uma série de parâmetros, checados em instantes: porta do motorista e capô fechados, cinto do motorista afivelado, motor já aquecido, câmbio em ponto-morto, pedal de freio acionado, carro parado e se a velocidade superou 7 km/h por mais de dois segundos. O fabricante anuncia economia de “até 20%” em combustível, que só se obtém em condições específicas, com muito tempo parado e pouco em movimento. No ciclo-padrão de consumo urbano do Inmetro a redução é de 3%. Nada impediria aplicar o sistema a um carro com câmbio Dualogic, mas a fábrica optou por não oferecer tal combinação por enquanto.

 

O câmbio Dualogic reafirmou estar em um
bom estágio de calibração, com trocas
relativamente suaves e respostas corretas

 

À parte o Start & Stop, a Fiat reviu a estrutura do Uno, o que traz perspectiva de melhores resultados em testes de colisão (e em acidentes reais, claro), e reprojetou um dos coxins de fixação do motor e o isolamento acústico da carroceria para reduzir os níveis de ruído e vibração. O chamado índice de articulação, que mede a facilidade com que se pode conversar a bordo, melhorou em 20% de acordo com a fábrica — medida mais que necessária diante do desconforto notado no modelo anterior.

A avaliação do Uno 2015 pela imprensa compreendeu dois percursos em Buenos Aires, na Argentina, um com o Evolution (para analisar o Start & Stop) e outro que fizemos com um Way 1,4 Dualogic. O primeiro trajeto, breve, foi em avenida com numerosos semáforos para se verificar o sistema em ação. E ele funciona muito bem, com partidas rápidas o bastante para não pegar ninguém desprevenido quando o verde se acender. Com ar-condicionado acionado o motor religou só após um minuto, mesmo levando o comando ao frio máximo durante a parada, mas não houve desconforto pela temperatura ambiente de 20°C. Certamente seria diferente em uma tarde de sol no Rio de Janeiro…

 

 

 
Estrutura revista e opção de cinto de três pontos para o passageiro do meio
ampliaram a segurança; no Dualogic, botões acionam posições e modos

 

No trajeto com o Way, de cerca de 15 km por ruas e avenidas da capital argentina, o câmbio Dualogic deixou impressões positivas, reafirmando estar em bom estágio de calibração, como já notado em outros modelos da marca. Tanto em modo normal quanto em esportivo, as trocas são relativamente suaves — dentro do que se consegue com um automatizado monoembreagem — e a caixa responde bem aos pedidos do motorista para reduzir ou subir marchas. Os botões são simples de usar, mas a Fiat bem poderia ter reduzido o console que os aloja para aproveitar a ausência de alavanca.

 

 

O desempenho desse Uno é apropriado para um carro voltado ao uso urbano, com parcela importante da potência disponível desde baixas rotações, mas a aspereza característica desse motor ainda está longe de ser eliminada, mesmo que se perceba um nível de ruído mais adequado. No restante é um Fiat bem conhecido, com espaço apenas razoável para quatro adultos, comandos leves e relativo conforto para dirigir.

O refresco na aparência e, sobretudo, os ganhos aplicados ao interior parecem suficientes para o Uno se manter competitivo diante dos novos oponentes. A inovação do Start & Stop bem poderia ser estendida a mais versões, mas é uma boa iniciativa de qualquer forma, assim como oferecer a comodidade do câmbio Dualogic ao modelo. Onde a Fiat poderia ter ousado mais é nos preços: com a inevitável adição de opcionais, o Uno fica um tanto próximo do Ka e do Up em valores e permanece sem alguns conteúdos que o primeiro traz na versão de topo.

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