Volante (com comandos de áudio e telefone a partir do SV, nas fotos) e a área
central do painel são novidades do interior, que manteve os instrumentos
A parte mecânica reserva poucas novidades. Nem mesmo um sistema de partida a frio com preaquecimento de álcool, que dispensasse o tanque suplementar de gasolina, foi adotado. Mas a Nissan informa sobre novo ferramental de produção da carroceria, mudanças nos materiais do assoalho e dos painéis laterais e frontais e mais pontos de solda, o que faz esperar melhor resultado em testes de impacto — o March anterior, mesmo com bolsas infláveis, obteve apenas duas estrelas na análise do Latin NCap.
Os motores flexíveis de quatro válvulas por cilindro seguem o Renault de 1,0 litro, com potência de 74 cv e torque de 10 m.kgf, e o Nissan de 1,6 litro, dotado de bloco de alumínio e variação do tempo de abertura das válvulas, que produz 111 cv e 15,1 m.kgf e passa a ser fabricado em Resende como o próprio carro. Os valores não variam conforme o combustível, mas — curiosamente — a fábrica anuncia menor tempo de aceleração de 0 a 100 km/h com álcool que com gasolina (veja na ficha técnica, abaixo). Estranho é ainda não ter sido adotada a evolução do 1,0-litro que equipa o Clio desde o modelo 2013 e o Logan 2014, com taxa de compressão mais alta e outras melhorias.
Versão SL vem com navegador e câmera traseira, mostrados em tela de 5,8 pol no
painel, e ar-condicionado automático; sensor de estacionamento é acessório
Quanto ao chassi, a adoção de rodas de 16 pol no SL levou a Nissan brasileira ao uso de amortecedores com curso mais longo para, de acordo com a fábrica, preservar o conforto de marcha e a durabilidade da suspensão. Os fornecedores de pneus agora são Firestone, Bridgestone e (no caso de 16 pol) Dunlop. Foi ainda recalibrada a assistência elétrica de direção, para obter maior peso em alta velocidade.
O motor de 1,0 litro tem potência e torque
concentrados em alta rotação, uma
característica não combatida pela Nissan
Ao volante
O March nacional foi avaliado no evento de lançamento, na região da fábrica de Resende, em trechos urbano e de rodovia. Ao entrar no compacto a impressão é de bom espaço para sua categoria e um acabamento simples, mas de boa qualidade. O volante semelhante ao do Sentra contribui para melhorar a aparência.
O painel de instrumentos permanece o do modelo anterior, com mostradores fáceis de visualizar e indicações digitais para nível de combustível e computador de bordo. O banco do motorista possui regulagem de altura e permite encontrar boa posição, mas o encosto ajustável por sistema de alavanca não nos parece ideal, assim como o volante enviesado. O banco traseiro tem espaço razoável, dentro da média da classe, assim como a capacidade de bagagem de 265 litros.
Dotado de variação de tempo de válvulas, o motor 1,6 traz respostas que agradam;
March tem boa estabilidade e rodar confortável, exceto em maiores ondulações
A primeira versão avaliada foi com motor de 1,0 litro, compartilhado com o Sandero. Ligado, seu ruído mostra-se um pouco diferente de outros da mesma cilindrada, mas o carro está mais silencioso e agradável que o antigo, que chegava a incomodar nesse aspecto. O motor de 74 cv tem potência e torque concentrados em alta rotação, uma característica tradicional de unidades de quatro válvulas por cilindro que não foi combatida pela fábrica — recursos como a variação do tempo das válvulas, usada pela Volkswagen no Up e no Fox Blue Motion, ajudariam. Desde que mantido em faixas médias e altas de giros, acima de 3.000 rpm, o March desenvolve velocidade de maneira fácil e revela bom desempenho para um “mil”. A 120 km/h a rotação em quinta fica ao redor de 4.000 rpm.
O comando de câmbio leve e preciso e a direção bem acertada, bastante macia em baixa velocidade e precisa em alta, são pontos de destaque do pequeno Nissan já conhecidos do anterior. Nesta versão com pneus de 14 pol a estabilidade em curvas é boa e o rodar oferece relativo conforto, mas em lombadas e desníveis acentuados do piso nota-se a tendência a saltar, talvez pelo uso de molas muito duras.
A dirigibilidade da versão SV 1,6 é semelhante, com a natural diferença de um motor bem mais vigoroso, que chega a transmitir esportividade. Ele reage de maneira rápida e fornece bom torque em baixas rotações, ajudado pelo baixo peso do carro para os padrões atuais (982 kg no caso do SL). Deu a sensação de ser mais áspero e ruidoso em velocidade, porém, em que pese a rotação mais baixa a 120 km/h, em torno de 3.600 rpm. Os pneus de perfil mais baixo tornam melhor sua estabilidade e o nível de conforto não chega a ser prejudicado. Não pudemos dirigir o SL, o que fica para outra oportunidade.
A concorrência na categoria é das mais intensas, mas o March nacional pode ser
o que faltava à Nissan para ampliar sua participação no mercado brasileiro
A Nissan pretende se tornar líder entre os fabricantes japoneses instalados no Brasil, missão para a qual o March exerce papel fundamental (será ajudado ainda este ano pela nacionalização do sedã Versa). Embora a concorrência no segmento seja das mais acirradas, a combinação de bom conteúdo de série, qualidades mecânicas e um visual agora mais atraente pode garantir um lugar no mercado ao novo nipo-fluminense.
Mais Avaliações |
Ficha técnica
SV 1,0 |
SL 1,6 |
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Motor | ||
Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 69 x 66,8 mm | 78 x 83,6 mm |
Cilindrada | 999 cm³ | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 | 10,7:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | |
Potência máxima | 74 cv a 5.850 rpm | 111 cv a 5.600 rpm |
Torque máximo | 10,0 m.kgf a 4.350 rpm | 15,1 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 | |
Tração | dianteira | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a tambor | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 15 pol | 16 pol |
Pneus | 185/60 R 15 | 185/55 R 16 |
Dimensões | ||
Comprimento | 3,827 m | |
Largura | 1,675 m | |
Altura | 1,528 m | |
Entre-eixos | 2,45 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 41 l | |
Compartimento de bagagem | 265 l | |
Peso em ordem de marcha | 970 kg | 982 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | ||
Velocidade máxima | 167 km/h | 191 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 14,5/13,8 s | 9,9/9,5 s |
Consumo em cidade | 12,5/8,7 km/l | 11,6/8,1 km/l |
Consumo em rodovia | 14,8/10,4 km/l | 13,2/9,3 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |