Opções inéditas na Endurance, nova central de áudio e, em breve, caçamba com tampa rígida atualizam a picape
Texto: Fabrício Samahá e Kelvin Silva – Fotos: divulgação
A Fiat Toro foi uma daquelas apostas que deram certo, muito certo. Assim como há 20 anos abriu o segmento de versões “aventureiras” com a Palio Adventure, ao detectar o interesse por um carro apto ao fora de estrada leve, a Fiat percebeu a demanda para uma picape maior que as compactas, mas ainda próxima em comportamento e conforto a um automóvel. Embora a Renault tenha saído na frente com a Duster Oroch, a Toro associou essa fórmula a maiores dimensões, as opções de tração integral e motor turbodiesel e — por último, mas não menos importante — um belo desenho.
Na linha 2020, a linha Toro apresenta novas versões para tentar atingir um maior público e aumentar as vendas. A opção de entrada Endurance passa a oferecer transmissão manual, com o motor flexível de 1,75 litro, e a ser combinada ao turbodiesel de 2,0 litros com tração integral e caixa automática de nove marchas. O acabamento Freedom pode receber o pacote visual S-Design. No fim do ano será lançada a Toro Ultra, com cobertura rígida de caçamba, e há novidades em equipamentos (veja o conteúdo e o preço de cada versão).
“Santantônio” e alarme são novidades na Toro mais simples, a Endurance, que agora oferece caixa manual com motor flexível e pode receber o turbodiesel
A primeira diferença da Toro 2020 é o protetor de para-choque dianteiro, que sugere um “quebra-mato” e compõe o suporte da placa de licença. Na Endurance, por sua aptidão para o trabalho, foram aplicadas estrutura de caçamba (“santantônio”) e barras de proteção no vidro traseiro, além de alarme com controle remoto. O pacote S-Design da versão Freedom custa R$ 5 mil e traz faixas adesivas no capô e na tampa da caçamba, logotipos escurecidos, “santantônio” e estribos laterais em preto e pintura cinza nos retrovisores, na grade, nas barras de teto e nas rodas. Seu interior ganha bancos com tecido na seção central e couro nas laterais, nova cor para molduras do painel e apoio de braço central traseiro.
Mudança há tempos reivindicada foi a adoção de central de áudio com tela sensível ao toque de 7 polegadas e processamento mais rápido — a anterior estava limitada a 5 pol. Ela é dotada de integração a Android Auto (não foi previsto Apple Car Play), navegador e mostra imagens da câmera traseira de manobras. Vem de série em toda a linha, salvo na Endurance, em que é opcional.
Pacote S-Design (fotos) escurece detalhes da Toro Freedom e tem bancos com couro e tecido; como toda a linha, ela ganhou protetor no para-choque dianteiro
Com as novas opções, chegam a 10 as versões da Toro, mesmo não sendo mais oferecido o motor turbodiesel com caixa manual ou com tração apenas dianteira. E haverá mais uma até o fim do ano: a Ultra, com tração integral e motor turbodiesel, que trará a novidade da cobertura rígida de caçamba integrada a um “santantônio” esportivo. A ideia é criar um meio-termo entre picape e sedã, com compartimento protegido (destrava-se junto das portas) e vedado contra infiltração de água. O acesso da carga continua a ser feito pelas duas portas abertas para o lado, mas a tampa pode ser erguida e sustentada por duas molas a gás. No caso de transporte de objetos maiores que a caçamba fechada, a tampa pode ser retirada.
Na Endurance manual o motor desenvolve bem seu papel, mas a resposta tende a ser demorada em baixa rotação, revelando a dificuldade de lidar com todo o peso
Ao volante da Toro 2020
À parte a nova combinação de motor e transmissão, nada mudou na mecânica da Toro. O motor flexível de 1,75 litro das versões Endurance e Freedom produz potência de 135 cv e torque de 18,8 m.kgf com gasolina, passando a 139 cv e 19,3 m.kgf com álcool, e sua caixa automática tem seis marchas. O flexível de 2,4 litros, hoje restrito ao acabamento Volcano, tem 174 cv/23,5 m.kgf e 186 cv/24,9 m.kgf, na ordem, e vem com caixa automática de nove marchas. Para ambos os motores a tração é dianteira. O turbodiesel de 2,0 litros, 170 cv e 35,7 m.kgf está vinculado à caixa automática de nove marchas e à tração integral, sendo aplicável às três versões citadas e à topo de linha Ranch.
A Volcano pode ter motor flexível de 2,4 litros ou turbodiesel, sempre com nove marchas; a central de áudio com tela de 7 pol e Android Auto vem em todas as Toros
O Best Cars dirigiu a Toro Endurance Flex com caixa manual na região de Recife (PE) em trajeto aproximado de 90 quilômetros, com rodovia seca e molhada e trajeto fora de estrada de 7 km. O motor de 1,75 litro desenvolve bem seu papel, auxiliado pelo pedal do acelerador progressivo, mas exige rotação maior durante uma condução mais apressada ou em retomadas de velocidade. Caso não seja feita redução de marcha, a resposta tende a ser demorada, revelando a dificuldade de lidar com todo o peso da picape em rotações mais baixas.
Outro ponto melhorável é a transmissão: os engates não são tão precisos e requerem certo esforço. O conjunto de suspensão, como nas versões anteriores, garante conforto ao rodar e traz estabilidade muito acima do esperado para uma picape, passando confiança em curvas de alta e mantendo-a firme. Em curvas de média e baixa velocidade, porém, faz a cabine balançar para os lados e inclinar-se. Qualidades conhecidas são a boa posição de dirigir e o eficaz isolamento acústico, sendo o silêncio interno interrompido apenas pelo ruído do motor em rotação mais alta. Os freios trabalham muito bem, atuando sem muito esforço no pedal e com boa ação do ABS em frenagem de emergência.
Equipamentos, preços e ficha técnica