Sem abrir mão do conforto ou da estabilidade no asfalto, o Range Rover Sport
impressionou pela capacidade fora de estrada na avaliação de lançamento

Fora, bem fora, da estrada

Tivemos a oportunidade de rodar — e muito — nas três versões em diversas condições de uso, incluindo um treino fora de estrada radical em uma pista montada para esse fim. Depois do show no asfalto com o V8, passamos ao V6 a diesel. Ainda em rodovia, sente-se que o motor de “apenas” 292 cv e 61,2 m.kgf é muito dócil e controlável. Não tem o poder do V8 a gasolina, mas a suavidade compensa quando o motorista enfrenta uma subida de mais de 30º de inclinação — basta tocar de leve o acelerador para sentir os pneus agarrando com vontade no solo de terra.

Claro que em situação de lama os pneus de caráter urbano teriam certa dificuldade, mas o que ajuda a manter a aderência no solo são os controles eletrônicos e as várias configurações para a distribuição de torque entre as rodas. A Land Rover, aliás, apregoa que a eletrônica deve suprir a necessidade de pneus agressivos ao terreno, que tendem a provocar erosão do solo e por isso são desfavoráveis ao meio ambiente.

No console, o grande botão aciona os modos do sistema Terrain Response 2, capaz de “ler” as condições do piso e ajustar por si mesmo os parâmetros do utilitário esporte a cada situação. Se o motorista for do tipo que gosta de decisões, ele mesmo pode acionar o controle para a escolha do módulo mais apropriado a cada terreno, ajustando a repartição de torque pela tração (50:50 em condições normais), operação do câmbio, resposta do acelerador, bloqueio dos diferenciais dianteiro e traseiro em até 100% e a redução da transmissão.

 
As suspensões de longo curso usam molas a ar e amortecedores com controle
eletrônico, um meio de atender às demandas de qualquer tipo de terreno

Como outros modelos da categoria, o Range Rover Sport tem sistemas de auxílio nas descidas e subidas — tudo foi feito para que o motorista pouco se preocupe por onde pisa. De resto, a versão a diesel surpreende pelo motor de funcionamento muito silencioso: só mesmo com as janelas abertas e prestando atenção se percebe aquele velho cricrilar típico desses motores.

O sistema Terrain Response 2 é capaz de “ler” as condições do piso e ajustar por si mesmo os parâmetros do veículo a cada situação

No percurso mais exigente, um teste do sistema antitravamento (ABS) dos freios no piso de terra e cascalhos mostrou que está bem calibrado para terrenos de baixa aderência. Só mesmo em trechos com muitas pedras soltas é que os pneus travaram, o que é correto, pois as pedras soltas funcionam como eficientes roletes. Nada da desagradável sensação de freios soltos, provocada quando o ABS não reconhece o piso e quer evitar o travamento a todo custo.

Depois do rigoroso passeio fora de estrada, chegou a vez de rodar na versão que deve representar 35% das vendas do Sport: a V6 a gasolina, com 340 cv e comportados 45,9 m.kgf, que anuncia desempenho suficiente mesmo para o alto padrão que se espera desses veículos. Logo de cara percebe-se a aceleração mais suave, fácil de gerenciar, mas ainda bastante expressiva. A 120 km/h em oitava marcha ele revela as mesmas 1.750 rpm do V8. Embora com menos itens de série, há conforto de sobra para até cinco pessoas e os mesmos dispositivos eletrônicos.

 
Atravessando rios a até 85 cm, descendo ladeiras íngremes com o controle ativado
ou tomando curvas como esportivo, esse inglês mostrou que não é como pato

O programa de avaliação incluiu a simulação de situações de emergência em uma pista de pouso, com desafios criados para testar os recursos eletrônicos. Dois nos impressionaram em especial. Na frenagem a 80 km/h, desviando ao mesmo tempo, mesmo afundando o pé no pedal de freio com vontade e girando o volante o carro seguiu totalmente sob controle, sem desgarrar. O outro teste, de slalom (desvio de cones) a 60 km/h, confirmou o que havíamos percebido na estrada sinuosa: a eletrônica atua na suspensão de forma a minimizar a inclinação da carroceria. Bem-vindos sejam os microprocessadores!

Voltamos ao tema “compromisso”. E a conclusão é de que hoje, com todo auxílio da eletrônica e materiais mais leves, está cada vez mais fácil criar um veículo que possa ser chamado de versátil. O Range Rover Sport em suas três versões mostrou que é possível ser esportivo na estrada sinuosa, fácil de dirigir e confortável na cidade e muito valente nas trilhas fora de estrada. É como levar três carros em um só — pelo preço de três, claro.