Cuidado nos detalhes e eficiência do motor turbo impressionam bem: como ele se sairá em 30 dias de teste?
Texto e fotos: Felipe Hoffmann
Começa mais uma avaliação Um Mês ao Volante do Best Cars, dessa vez com um recente lançamento: o Volkswagen Polo Highline 200 TSI. Trata-se da versão de topo do novo hatchback, uma das duas (a outra é a Comfortline) dotadas de motor turbo de 1,0 litro e transmissão automática de seis marchas. As demais opções são as aspiradas de 1,0 e 1,6 litro com caixa manual.
Ao preço sugerido de R$ 69.190, o Highline vem de série com ar-condicionado automático, assistente de saída em rampa, banco traseiro bipartido, bolsas infláveis laterais dianteiras, chave presencial, computador de bordo, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, direção com assistência elétrica, faróis de neblina com acionamento em curvas, fixação Isofix para cadeiras infantis, luz diurna com leds, porta-luvas refrigerado, rodas de alumínio de 16 pol, sensores de estacionamento traseiros, sistema de áudio Composition Touch com tela de toque de 6,5 pol e volante ajustável em altura e distância com comandos.
Opcionais presentes no carro avaliado são banco do passageiro dianteiro rebatível, câmera traseira de manobras, detector de fadiga do motorista, faróis e limpador de para-brisa automáticos, frenagem automática pós-colisão, monitor de pressão de pneus, quadro de instrumentos digital, sensores de estacionamento dianteiros, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 17 pol e sistema Discover Media com tela de 8 pol e navegador. Assim, passa a custar R$ 74 mil. Só não traz os bancos revestidos de material sintético Native. A garantia é de três anos sem limite de quilometragem.
O desenho do Polo fica realçado pela cor amarela, mas não adianta procurar por ela; rodas de 17 pol são opcionais; vãos reduzidos entre painéis; duas travas para o capô
O Polo tem despertado comentários por onde passamos, mas desconfiamos que o motivo principal seja a cor de lançamento Amarelo Kurkuma — vimos muita gente interessada nela, mas também ouvimos “que cor horrível”. De qualquer modo, atingiu o objetivo de chamar atenção. Contudo, para frustração de muitos, a cor não é oferecida ao consumidor — boatos internos dizem que ela é difícil de acertar no caso de reparo de arranhões ou batidas.
Um motorista de 1,88 metro deixa pouco espaço para as pernas do ocupante traseiro, mas acha posição confortável para dirigir: carro projetado para alemães
Cor à parte, o Polo TSI tem agradado muito de uma maneira geral: bem-acabado em termos construtivos, tanto em carroceria como interior, apesar da simplicidade dos plásticos internos; com mecânica moderna, boa dinâmica em curvas e conforto em pisos de má qualidade.
Algo que saltou aos olhos foram os bancos com tecido bonito e agradável. Em experiências profissionais no exterior, o colaborador sempre teve dificuldade em explicar para quem não era brasileiro o gosto por bancos de couro num país tropical, ou seja, quente e úmido. O couro virou símbolo de status, apesar de ilógico para nossas condições de clima, pois faz com que a pele transpire mais (sobretudo as costas) em contato com o material. Se o carro ficou exposto ao sol por certo tempo, pior. Além disso, o couro oferece menor apoio em curvas acentuadas por permitir que o corpo escorregue.
Polo avaliado tem quadro de instrumentos configurável e tela de 8 pol para áudio e navegação; com banco todo recuado, sobra pouco espaço atrás do motorista
Embora seja um hatch compacto, uma pessoa alta (no caso 1,88 metro) consegue achar uma posição confortável para dirigir o Polo, sem encostar a cabeça no teto e com bom espaço para as pernas. Não foi preciso usar todo o curso longitudinal do banco, algo raro em carros pequenos. Caso fosse até o batente de regulagem, sobrariam em torno de quatro dedos para as pernas do ocupante traseiro. Espaço restrito, mas pelo menos há a opção de alguém de grande estatura sentar-se em posição correta — como deve ser em um carro projetado para alemães. Se alguém for atrás dele, precisará negociar com o motorista alto.
O banco traseiro também oferece conforto, mas com acomodações mais limitadas, comuns em carros de seu porte. Os ganchos do sistema Isofix para cadeiras de criança são de fácil visualização e acesso, além de não atrapalharem quem se senta no banco. O ponto negativo (que tem sido comum nesta seção) é não haver o ponto de fixação central para o ancoramento superior da cadeirinha, forçando outra vez uma improvisação. Usamos o próprio encosto de cabeça para tal função.
O compartimento de bagagem, com espaço para 300 litros (bom na categoria), tem uma peculiaridade: a tampa que cria o assoalho fica em torno de 10 cm acima do verdadeiro assoalho, com ligeiro prejuízo de espaço. A solução não se deve ao estepe (temporário, de perfil reduzido), mas a reforços entre o ponto por onde passa a longarina transversal do assoalho e as longarinas verticais laterais. Polos sem esse recurso têm saliências nos cantos próximos ao banco por esse motivo. Quem preferir um porta-malas com maior volume pode posicionar a tampa no ponto mais baixo.
Bancos com bom tecido e posição confortável; espaço traseiro como habitual na categoria; sistema Isofix de fácil uso, sem incomodar o passageiro, mas exigiu improviso no ancoramento superior
Ali o acabamento é bom e notam-se mantas de isolamento acústico em alguns pontos da chapa do assoalho e em volta da bacia do estepe, que reduzem o ruído de rodagem em velocidades mais altas para os ocupantes traseiros. Ajuda bastante numa ida ao mercado a rede no assoalho, ideal para segurar pequenos objetos e evitar que tudo se espalhe no trajeto.
Ainda no assunto carroceria, uma das marcas da Volkswagen é o pequeno vão entre partes da carroceria como para-lamas, portas e capô. Quanto menor o vão, maior o custo de fabricação, pois implica melhor qualidade de construção e montagem de toda a estrutura, bem como das chapas internas. Pode parecer sem importância, mas traz benefícios como melhor aerodinâmica por evitar que o ar passe por vãos, criando turbulência e ruídos.
Percebe-se ainda o incomum uso de dois pontos de travamento do capô na parte dianteira. Não é apenas precaução contra abertura acidental: um único ponto central não garante fixação perfeita, sendo comum ver-se o capô balançando freneticamente de um lado para o outro, com movimentos de até 5 mm, ao analisar o carro em túnel de vento.
Porta-malas de 300 litros traz rede; assoalho fica mais alto para encobrir reforços nos cantos e criar plataforma plana; isolamento acústico reduz ruídos oriundos dos pneus
Na primeira semana o Polo andou 379 quilômetros apenas em trajetos urbanos em São Paulo, SP, com gasolina, e obteve consumo médio de 13,4 km/l. Nada mal, ainda mais considerando que rodou o tempo todo com ar-condicionado ligado. Item que possui geometria variável, para melhor consumo quando o uso do compressor não é tão necessário para manter a temperatura desejada. Tal comportamento pode ser visto na tela central do painel, que mostra quanto o ar-condicionado afeta o consumo de combustível em litros por hora. A indicação por barra varia conforme a condição, mesmo com temperatura fixada no sistema automático; por exemplo, entre um trecho sob sol intenso e outro dentro de túnel.
A melhor marca no uso urbano foi em trecho aproximado de 70 km pelas Marginais Pinheiros e Tietê: apesar de certo trânsito típico de dia de semana, o Polo registrou 18 km/l. A pior marca foi de 9,4 km/l em trajeto curto (18 km) com trânsito lento (19 km/h) e dia quente. Mérito da tecnologia do motor de três cilindros do Polo, dotado de injeção direta e outras soluções atuais.
O que destoa da excelência do motor é a transmissão automática, que será assunto nas próximas semanas.
Mais Avaliações
Primeira semana
Distância percorrida | 379 km |
Distância em cidade | 379 km |
Distância em rodovia | 0 |
Consumo médio geral | 13,4 km/l |
Consumo médio em cidade | 13,4 km/l |
Consumo médio em rodovia | – |
Melhor média | 18,0 km/l |
Pior média | 9,4 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Preços
Sem opcionais | R$ 69.190 |
Como avaliado | R$ 73.990 |
Completo | R$ 76.240 |
Preços sugeridos em 27/2/18 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 116/128 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 17 pol* |
Pneus | 205/50 R 17* |
Dimensões | |
Comprimento | 4,057 m |
Largura | 1,751 m |
Altura | 1,468 m |
Entre-eixos | 2,565 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.147 kg |
Desempenho (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 187/192 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,1/9,6 km/l |
Consumo em cidade | 11,6/8,0 km/l |
Consumo em rodovia | 14,1/9,8 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; *opcionais |