Bem organizados, encontros em Brasília e Caxambu reuniram
representantes nacionais e importados de ambas as marcas
Encontros antigomobilistas têm vertentes variadas. Veículos por origem, como nacionais ou importados; de produção geral; mesclando antigos e mais novos; outros com participantes originais, nem tanto, ou até hot rods e street rods. E monomarca, reunindo apenas os fabricados sob o mesmo guarda-chuva empresarial. Quer dizer, um encontro de GMs pode receber Cadillacs, Oldsmobiles, Pontiacs, como um Chrysler significa abrigar desta linha e mais Dodges, Plymouths, De Sotos, Jeeps.
Dois bons eventos de marca ocorreram nos últimos dias. Em ambos, características comuns: organização correta, superando as expectativas dos esforços de amadores entusiasmados; boa presença com veículos variados e de qualidade superior, filtro natural pelo gosto às marcas e, dado de extrema importância, entrosamento familiar no clima de camaradagem e nas festividades paralelas às exposições.
Outros pontos comuns, informalidade operacional — os grupos não existem formalmente —, premiação por originalidade, escolha dos presentes e láureas para esforço, como o participante conduzindo de ponto mais distante, patrocínio de produtores de óleo lubrificante, presença de visitantes referenciais nas marcas, e apoio do Museu Nacional do Automóvel, ao final oferecendo o troféu Pátina do Tempo, aos veículos com mais de 30 anos de produção e menores intervenções.
Pentastar
A estrela de cinco pontas é o símbolo da Chrysler, e seus adeptos em Brasília, DF, entenderam fazer um primeiro encontro (foto acima). Coisa corajosa, quase um salto no escuro, do zero ao topo. Deu certo, desde o local, o histórico Brasília Palace Hotel — recebendo colecionadores locais e os visitantes —, patrocínio dos lubrificantes Mobil e a concessão da Mopar — divisão de peças e acessórios da Chrysler —, permitindo usar sua marca e logo no I Mopar Centro Oeste.
O amplo leque de produtos envolveu maioria de Dodges fabricados no Brasil, com pioneiro Dart cupê 1970, primeiro a ser vendido na Capital, único dono; rara versão SE — por dois anos a de menor preço —; muitos Chargers R/T; sedãs, cupês; os menores Dodges 1800 e Polara; picapes D-100; e presença de importados insólitos como Polara conversível de 1961, Dodge Super Bee e sedã Chrysler Imperial; colecionadores vindo de Goiânia, Anápolis (GO); e a referencial presença do colecionador carioca José Zembrod, possuidor de pinçados modelos e versões de baixa produção.
Presença de 63 veículos. Um observador disse ter contado 1.514 visitantes — 14 na primeira vista e uns 1.500 dispersos, explicou…
Il Biscione
Em italiano se traduz por cobra grande, e faz parte do emblema da Alfa Romeo, mescla das armas de Milão, onde a marca surgiu, e da família Visconti, da mesma cidade. A grande cobra engolindo um homem simboliza a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos, durante as Cruzadas. Biscione é cariocamente dito Dragão-de-Chupeta.
Grupamento mineiro do Alfa Romeo BR, informal clube da marca, realizou o III Encontro. Bienal, mesma estância hidromineral de Caxambu, MG, com base no Hotel Glória e exposição, com lojinha da marca, dentro do Parque das Águas. Presença em torno de 70 Alfas entre novos — alguns pouco conhecidos, pois não vendidos no país, como 159 e Giulietta —, demais largo volume de 145, 155, 156, 164 e 166. Dentre os mais antigos, Duetto — também dito Spider 2000 —, raro Alfetta 1.8, também raro GT 1600 Junior, sedã 1750, Giulia 1600 — vindo rodando desde Salvador, BA —, GTVs, JK, Alfa 2150 e 2300 (foto). Simpática presença de quatro caminhões FNM, produto Alfa Romeo, com o colecionador Oswaldo Strada.
É uma grei verdadeiramente apaixonada pela marca, vinda e ida várias vezes, daí as palestras temáticas como o novo cabeçote Multiair criado pela Fiat, lubrificação dos Alfas, criação de modelo de protótipo, história da marca. Colecionador e conhecedor de destaque, o cirurgião suíço Axel Marx, desta vez com premiado JK 1961, a caminho da coleção helvética.
Êxito da forma manteve o modelo. Próximo em 2017, junho, Corpus Christi.
Novo Jetta, bom de conteúdo e preço
Demorou, mas o novo Jetta chegou às 600 revendas Volkswagen. Mudanças estéticas nas extremidades, três versões, e como importado — é feito no México —, extremamente competitivo em porte, conteúdo e preço. Entre tamanho e valor diferencia-se por oferecer em todas as versões câmbio automático de seis marchas (automatizado DSG de dupla embreagem no caso do Highline TSI), suspensão traseira independente multibraço e sistema Isofix para cadeiras infantis.
Preços largam no número atualmente mítico para o setor: R$ 69.990, com a versão Trendline. Quatro mil reais levam o interessado à Comfortline, de maior dotação, ambas com o antigo motor de 2,0 litros e modestos 120 cv em versão Flex. Topo da categoria, o Highline emprega motor 2,0 TSI — turbo com injeção direta, 211 cv —, controle de estabilidade, a R$ 93.990.
Ainda no primeiro semestre automóvel será montado na fábrica Anchieta da VW. Aqui será empregado motor menor, o novo 1,4-litro com turbo e injeção direta, de produção nacional.
Roda a Roda
Fé – Em audiência na Assembleia Nacional Francesa, Carlos Tavares, presidente da PSA Peugeot Citroën, reafirmou a estratégia implementada para fugir à inviabilidade: três marcas — as citadas mais DS —, foco, ações nas regiões com crescimento. E, cereja do bolo, fazê-lo com sustentabilidade e disputar a liderança dos serviços conectados. França é acionista da PSA.
Adieu – Gostas do cupê Peugeot RCZ? Mexa-se. Maxime Picat, CEO da Peugeot, declarou, à abertura do Salão de Shangai, não terá reposição. Projeto da PSA é focar nos produtos principais, cortando os de nicho.
Toyota – Vazou, por sítio tailandês de apreciadores dos picapes Toyota, o visual da oitava geração do Hilux. Mais imponente, como a atual geração de picapes médios, entre-eixos maior para conforto interno, possível mudança de motorização.
Mais – Apresentação aos 15 de maio na Tailândia e promessa de exibi-lo no Salão de Buenos Aires, junho. O picape será produzido na Argentina. Uma das questões é o nome. Será Hilux ou Revo, como apresentado na Tailândia? Visual se inspira no irmão norte-americano Tacoma, mas há inspiração rangeriana.
Itália – Razões tributárias fizeram a FCA – Fiat Chrysler Automobiles mudar sede de Turim para a Holanda. Não rompeu com a Itália, e fez agrado anunciado por Sergio Marchionne, mito e executivo nº. 1.
Alfa – Produzir motores Alfa Romeo na fábrica de Termoli. Projeta, ao relançar a marca no próximo 24 de junho, vender 500 mil unidades em 2018. Nesta fábrica foram produzidos 20 milhões de motores para os Fiats.
Atraso? – Aparentemente o anúncio não significa produção imediata, pois gastar-se-á tempo para adaptá-la aos últimos gritos da tecnologia e, sobretudo, treinamento de qualidade à mão de obra. Plano Alfa é atrevido: competir com a imagem de qualidade e desenvolvimento da Audi.
Paz – Aconteceu o previsto pela Coluna relativamente ao arrepio havido na Volkswagen, ante a manifestação contrária do presidente do Conselho quanto ao natural caminho de ser sucedido pelo atual CEO, Martin Winterkorn.
Tempo – Comunicado do Comitê Executivo do Conselho de Supervisão da VW afirma ser Winterkorn o melhor possível sucessor, e apoiando sua gestão.
Mercedes – Seu picape, a ser produzido na Argentina sobre base do picape Nissan NP 300, tem novidades. Bom sítio Autoblog.ar deu informações por Volker Mornhinweg, ex nº 1 da AMG e ora encarregado das vans da marca.
E? – Terá motores de 4 e 6 cilindros, gasolina e diesel; suspensão traseira articulada e independente, grande diferença no setor, indicando aplicação mais para lazer e menos para carga; e nome: Classe GLT.
Discrição – Sem alarde a Volkswagen levou aos 600 revendedores sua linha 2016. Apostou em implementar conteúdo, equipamentos, e realçar presença com cromados nas linhas Gol e Voyage.
Pinóquio – Revendas Hyundai Caoa anunciam receber pela tabela Fipe o Tucson como entrada em Hyundais novos. Interessado procura e descobre os poréns, os senões e os entretanto: só veículos de 2012 para cá, automáticos, com todas as manutenções feitas na rede autorizada.
De novo – Revenda Ford Konrad Caxias do Sul bisou o prêmio Chairman’s Awards 2014, espécie de Oscar entre concessionários, com votos pelos clientes. Opera 17 revendas de caminhões Ford em RS, SC, PR e SP.
Moto – Inversamente aos automóveis e comerciais leves, contraindo 20% em vendas no primeiro trimestre relativamente ao exercício passado, produção e venda de motocicletas cresceu o mesmo número.
Limpeza – Com promoção Triumph Time, marca inglesa promove quase toda sua linha durante abril: entrada, 23 prestações, última no valor de 40%. Linha 2015 com juros de 0,99%.
Cautela – Comprando carro usado em São Paulo ? Detran disponibiliza ferramenta internética para verificar condições, débitos, multa, restrições. Em www.detran.sp.gov.br e no aplicativo Consultas Detran.SP.
Salão – Com 70% dos 85 mil m² de área expositiva vendida, projetados 62 mil compradores visitantes e 376 marcas expostas, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga terá em sua 20ª edição o pico do movimento. São Paulo, Anhembi, 9-13 de novembro.
Hidrovia – Instituto Paulista de Tecnologia desenvolve estudos para hidrovia na Baixada Santista a partir da navegabilidade dos rios das cidades de Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Guarujá e Bertioga. População local, 1,5 milhão de habitantes, tem fluxo para garantir o novo caminho de transporte.
Fora – Grupo espanhol Globalia, controlador da Air Europa, desistiu de comprar a rentável portuguesa TAP. Governo quer vendê-la e aceita propostas.
Rali – Iniciativa de charme, 1000 Milhas Históricas para motos até 1978 e automóveis até 1980 tem inscrições abertas até 12 de junho. Sobram apenas 10. Passa por estradas históricas de SP, RJ e MG. A fim? secretariamg@terra.com.br; (11) 3673-5065, www.1000milhashistoricas.blogspot.com.
Fábrica em Pernambuco: uma outra Fiat
O processo de crescimento mundial da Fiat passa por grandes saltos positivos. Do assumir a Chrysler recebendo parte das ações em troca de mudar motores, reduzir consumo e emissões; de comprar a totalidade do restante das cotas; fazer fusão e mudar de nome para Fiat Chrysler Automobiles; internacionalizar-se ao participar do mercado norte-americano: aumentar vendas globais do grupo; ver seus planos concretizados com relação ao renascimento da Maserati; vender ações da Ferrari… Enfim, muitos passos corajosos em pouco tempo.
Um dos mais importantes após o surgimento da FCA será a inauguração da fábrica, nascida Fiat e agora sob a sigla, no município de Goiana, extremo norte de Pernambuco. Entre projeto como Fiat e inauguração como FCA, unidade erigida em meio a um canavial, já passou por alterações de projeto, de produtos, expansão de área construída e capacidade industrial. É inaugurada com projeto importante, o Jeep Renegade, mescla entre conceito e engenharia Fiat com as demandas dos clientes de Jeep, e nesta família será o primeiro degrau mundial. Outro Jeep, segundo degrau, está em projeto nos EUA.
Fazer instalação industrial deste porte, implantar parque de fornecedores — e as consequências socialmente benignas de mudar horizonte e perspectivas da população com novos empregos e melhor renda e assistência social —, irrigar a prefeitura com impostos, por si só constituem-se em dados positivos. Porém, comparativamente com a antiga Fiat, é um novo retrato, de maior e mais ampla inserção no cenário econômico no Brasil e na América Latina. O novo polo industrial tem como segundo objetivo ser base de produção e exportação para o continente e mercados fornidos pela antiga Fiat, o F da FCA.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars