Entenda a sigla — Injeção Esportiva — como aditivo não para o carro, mas para o proprietário
Se você quiser entender o espírito da versão importada do Honda Civic, em morfologia cupê e dito Si, deve procurar o significado das iniciais. É Sport Injection. No passado havia relação com o sistema de alimentação, mas hoje entenda Injeção Esportiva como um aditivo de esportividade — que não é para automóvel, mas para o proprietário.
Coisa coerente, o Si por si só porta um pacote de elaboração. O motor de 1,5 litro com injeção direta e turbo está no terceiro nível de potência, atingindo 208 cv e 26,5 m.kgf em torque. Caixa manual de seis marchas, pacote eletrônico de segurança, amortecedores com controle eletrônico.
Pacote ajeitado, agradável ao uso. Para transformar automóvel e seu condutor um botão, ao pé do console, muda a programação. Está indicado Sport, e premido reconfigura o mapa operacional: o acelerador se torna mais responsivo, amortecedores têm maior pressão, direção mais precisa. O conjunto se transforma e o automóvel ganha aderência, seu comportamento para entrar, ficar e sair das curvas aproveitando o amplo torque do motor mostra-o de extrema agradabilidade. Freará melhor, responderá em menor tempo às demandas ao acelerador, desenhará melhor as curvas.
A mudança espelha desejo – e alma – dos usuários. É uma das designações mais honestas no mundo do automóvel, e seu uso muda inteiramente parâmetros operacionais e o comportamento.
Dirigi-o no surpreendente circuito Velo Cittá, em Mogi Guaçu, SP. Primeiro, com o modo Sport demandado. Ótima experiência, avaliando como o Si se comporta e se manteria com vigor. Pensando como dona de casa na messe de levar meninos ao colégio ou ir ao supermercado, dei uma volta sem o programa de regulagem, e encontrei um carro normal, sobrevivendo à demanda extra. Na prática, um botão altera a personalidade, e o carro esperto de uso urbano se transforma em um carro muito esperto e com dimensionamento mecânico apto a melhor aproveitar os novos parâmetros de estamina solicitados.
Não espere encontrá-lo para análise ou teste num concessionário Honda. O primeiro lote, com adaptação ao uso nacional, como um centímetro a mais em altura livre do solo e tratamento anticorrosão alcoólica no sistema de alimentação, tem apenas 60 unidades – menos da metade da rede. Interessado, procure o revendedor e o material de divulgação, e dê um sinal para garantir a entrega. Restante para completar R$ 159.900, à entrega. Como o revendedor não investe para comprar a unidade, há margem para pedir descontos ou supervalorizar o usado oferecido como entrada.
VW Tiguan: o que vende mais?
O que faz o sucesso de um carro? Bom produto? Boa direção? Se a dúvida é recorrente, a Volkswagen se candidata a responder tal questão. Será com o Tiguan, para mim o melhor utilitário esporte da praça em sua geração anterior.
Mas se era bom de aceleração, velocidade, estabilidade, freios, segurança no rodar e preço, teve vendas desproporcionais. Dificuldade básica foi afastada pela reconquista da autonomia da VW do Brasil em gerir suas vendas. Resultado desta definição, empresa reconquistou a peso de ouro de Gustavo Schmidt, ex-gerente comercial, para a vice-presidência no setor. Em dupla com novo presidente Pablo Di Si, subiram 37% nas vendas, ascendendo ao segundo lugar no mercado – e quer voltar a ser a primeira.
VW finalmente reagiu para entender o crescimento de vendas dos SUVs, e terá cinco modelos em dois anos, iniciando com o Tiguan. Mexicano, isento de imposto de importação, agora construído sobre plataforma modular, ótimo aproveitamento de espaço, em especial na cabine. Leva o nome de Allspace. Transmissão DSG, sete marchas, mesma de seu primo Audi Q3, equipará versão de topo. Serão duas, com turbo e injeção direta. No topo, 2,0 litros, 220 cv, 35,7 m.kgf de torque. Mesmo aplicado aos Audis, tem injeção direta na cabeça dos pistões e indireta no coletor de admissão. Disposto, sai de 0 a 100 km/h em notáveis 6,8 segundos e crava final de 223 km/h.
Opção de entrada, exemplo de redução de pesos e medidas, o 1,4 litro, 150 cv, 25,5 m.kgf, construído em São Carlos, SP. Transmissão DSG de seis marchas, vai de 0 a 100 km/h em 9,5 s e arranha os 200 km/h. É ávaro em consumo. Motor menor não tem opção de tração total.
Muda tudo
Nome igual, tudo diferente. Maior, mais largo, mais baixo, maior distância entre eixos. Na prática melhora o comportamento dinâmico e a habitabilidade. Rodas e a decoração da grade frontal mudam de acordo com a versão. Traseira harmonizada com lâmpadas a leds. Dentro, painel digital com várias configurações, sistema de infodivertimento voltado ao motorista. Ao uso encaixes perfeitos entre painéis, típicos da qualidade construtiva alemã, grande modularidade dos bancos e ganho de espaço no porta-malas. Há jeito para transportar a prancha de surf que você nunca levará.
As versões 2,0 têm tração total e relativa facilidade de andar, com estabilidade, em estradas de terra. Nada a ver com jipes e outras grosserias mecânicas para trabalhos ínvios como arrancar toco ou rebocar caminhão carregado e atolado, mas andar safo e seguro em locais sem pavimentação. Eletrônica foca em conforto, e o Tiguan segue o Manual Cognitivo apresentado com o Virtus, apto a responder questões do motorista sobre seu uso. Preços de R$ 125 mil a R$ 180 mil.
Venderá bem? Números dirão.
O novo Cruze
General Motors exibiu modelos 2019 para Cruze sedã e hatch, segundo ciclo para o atual modelo, enfatizando alterações em estilo, segurança, motorização. Para marcar, mudança frontal, para-choques, grupo óptico e grade, com inequívoca mão coreana de estilo. Internamente maior conectividade; tela com 17,5 cm; Wi-Fi Hot Spot 4G LTE. E confortos eletrônicos de segurança democratizados em carros concorrentes à mesma categoria: alerta de ponto cego; de trânsito posterior; sistema de parqueamento automático. Mudanças serão incorporadas ao Cruze montado na Argentina para o próximo ano. Motorização 1,5 litro, turbo, 140 cv.
Alfa Romeo terá cupê, o Sprint
Renascendo com esportivo 4C, sedã Giulia, utilitário esporte Stelvio, Alfa Romeo gesta cupê derivado do Giulia. Chamar-se-á Sprint, garante a inglesa Autocar, como as revolucionárias Giulia e Giulietta aos anos 50. Mecânica refinada, para combater Audi RS5, Mercedes-AMG C63 S Coupe, BMW M4. Missão aos tracionados por motor V6, 2,9 litros, turbos, 641 cv com auxílio elétrico. Versão econômica será L4, 2,0 litros e 345 cv. A nova intimidade da Alfa com a Fórmula 1, mesclada com a Sauber, agregará ao Sprint versão do sistema HY-KERS, da Magneti Marelli aplicado ao Ferrari La Ferrari. É motor elétrico com energia para fortificar a curva de torque do motor a gasolina. Reduz emissões, consumo, aumenta performance.
“Bom dia, viado”
Imagino ter sido esta a frase ouvida por São Pedro, no balcão do SAC celeste, ao receber meu primo Fernando – Luiz Fernando Macedo Nasser, 1951-2018. Vendo registros das ações cristãs na passagem terrena, para dar destino aos chegantes, terá dito: “Bom dia, Fernando”. E ouvido, em alto e bom som, a frase título.
Nada pessoal, mas característica do sujeito de bom porte, voz forte, deficiência auditiva levando-o à contraposição de falar alto, e à peculiar saudação com o termo institucionalizado e já não descritivo.
Ex-quase engenheiro carioca, levado a criar gado no interior mineiro, foi generoso, carinhoso, um aglutinador. Há dez anos encerrou a messe pecuária e se assumiu fiscal da natureza em Teófilo Otoni, MG, tão quente quanto o natal Rio de Janeiro, porém sem mar.
Foi-se aos 67 do mal dos Nasser: coração. A 50% dos descendentes de árabes falta uma enzima no fígado, e este, discreto comandante do organismo, excreta poderosas doses de gordura, formando os ateromas, o lixo aderente às paredes das veias e artérias, diminuindo seu diâmetro, atrapalhando a circulação, levando ao entupimento e á interrupção do fluxo sanguíneo, o infarto.
Perdi primo fraterno e atento leitor. Contudo o pessoal do andar de cima estarᬠfeliz com o convívio, após o susto da inusitada, sonora e diuturna saudação.
Roda a Roda
Começou – Nissan iniciou produzir pré-série da picape Frontier na fábrica Renault de Santa Isabel, Argentina. Terá mais opções ante o modelo trazido do México. Primeira fornada é para aferir sequência de operações, ajuste de máquinas, afinação de processos, validação de partes vindas de fornecedores. Tudo entrosado, iniciar-se-á a fabricação. Vendas? Início do segundo semestre. Após, com meia dúzia de alterações, será vendido pela Renault como Alaskan e, próximo ano, em mudanças maiores, como Mercedes Classe X.
Fora – Surpreendentemente o Grupo Gandini, importador da coreana Geely, com superficial montagem no Uruguai, desistiu da representação. Geely é, dentre as chinesas, das mais promissoras para negócios futuros. Direta ou indiretamente está envolvida com Lotus; táxis ingleses; sueca Volvo; malaia Proton, e nova operação Lynk & Co. Seu controlador, poderoso chinês Li Shufu tem, pessoalmente, 9,5% da Mercedes-Benz. É o Mr. China.
Resultado – Sorrisos na FCA com os primeiros três meses na Itália: 28,7% das vendas, liderando segmentos com Fiat 500X, Renegade, Compass, Alfa Stelvio; dos mais vendidos, os quatro primeiros e o sexto lugares. Panda é o líder.
Premium – No Brasil Mercedes-Benz fechou primeiro trimestre liderando segmento com 2.551 unidades e 37,8% das vendas. 8% de crescimento em relação a 2017. Segredo está no rejuvenescimento da marca e na conformação estética do GLA, segundo mais vendido em 722 unidades. Líder, o Classe C, com 915.
Recomeço – JAC lança opção do T40, hoje o mais vendido de sua linha: transmissão CVT fazendo as vezes de automática.
Curiosidade – Issao Misogushi, presidente da Honda, com primeira unidade do importado Civic Si. Curiosidades: não requisitou, mas comprou, e não o fez à fábrica com desconto, mas em concessionário, e a preço de tabela. Vida de cliente, recebeu telefonema para retirá-lo – e não estava pronto.
Negócio – Volkswagen vendendo Up TSI com desconto de R$ 4 mil e financiamento dito como sem juros.
Marco – MAN festeja 25 anos de produção do Volksbus e seus bons resultados de vendas, exportações e montagem em outros países. Não registrou a curiosidade de ter nascido como ônibus Ford, ficando com o produto quando da separação entre VW e Ford, unidas como Autolatina para tentar se salvar.
De novo – A boa fórmula do táxi inglês, ameaçado de findar-se pelas exigências de emissões e a crescente proibição de circular em Londres, motivou a London Electric Vehicle a projetar novo modelo. Elétrico, baixo peso na carroceria, obtido com alumínio fornecido pela laminadora Novelli, para reduzir peso e aumentar autonomia.
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