Bem maior, com opções de sete lugares e até 220 cv, o SUV da marca alemã promete o êxito que o anterior não teve
Texto: Fabrício Samahá – Avaliação: Marco Liasch – Fotos: divulgação
O primeiro Volkswagen Tiguan, lançado aqui em 2009, teve uma carreira tímida. Trazido da Europa com Imposto de Importação de 35%, sempre foi um utilitário esporte caro para seu tamanho, sobretudo a versão com motor turbo de 2,0 litros com tração integral — uma mecânica sofisticada em um segmento com vários motores aspirados e tração apenas dianteira. Quando veio a versão de 1,4 litro, ele estava antigo e já havia dado lugar à segunda geração na Europa, o que o manteve discreto nas vendas.
Com o novo Tiguan, o quadro tem tudo para mudar. Mecânica sofisticada ele mantém, mas agora vem de Puebla, México (o que o isenta do imposto citado) e está bem maior, a ponto de oferecer sete lugares em duas das três versões. Parece que a Volkswagen enfim tem um forte representante na faixa média de SUVs.
Bem mais longo que o modelo normal europeu, o Tiguan mexicano sobressai em espaço; versões básica e Comfortline (fotos) usam motor 1,4-litro turbo de 150 cv
O Tiguan Allspace, único feito pelos mexicanos e vendido também nos Estados Unidos, é o maior entre os dois fabricados na Europa — tem 21 centímetros a mais em comprimento e 11 cm em entre-eixos que o modelo menor. Para o Brasil foram definidas as versões 250 TSI, Comfortline 250 TSI e R-Line 350 TSI 4Motion. Como se sabe desde o lançamento do Polo, a VW indica com esses números o torque máximo do motor em Nm em vez de cilindrada, como é usual.
O Tiguan Allspace, único feito pelos mexicanos e vendido também nos Estados Unidos, é o maior entre os dois fabricados na Europa: 21 cm a mais que o modelo menor
Assim, as versões 250 usam motor turbo de 1,4 litro flexível com potência de 150 cv e torque de 25,5 m.kgf e tração dianteira, enquanto a 350 recebe o turbo de 2,0 litros com 220 cv e 35,7 m.kgf e tração integral sob demanda. A transmissão é sempre automatizada DSG de dupla embreagem, com seis marchas para 250 e sete para 350. O básico tem cinco lugares, os demais sete (veja o conteúdo de cada versão no quadro abaixo).
Como eles se situam perante os concorrentes? O Tiguan básico, ao preço de R$ 124.900, enfrenta Hyundai Tucson GLS (1,6 litro, turbo, 177 cv, R$ 137.900), Kia Sportage EX (2,0 litros, 156/167 cv, R$ 135 mil) e Jeep Compass Longitude (2,0 litros, 159/166 cv, R$ 120 mil). Entre os rivais do Comfortline de R$ 150 mil estão Audi Q3 Attraction (1,4 litro, turbo, 150 cv, R$ 154 mil), Tucson Limited (1,6 litro, turbo, 177 cv, R$ 159.600), Mitsubishi Outlander Comfort (2,0 litros, 160 cv, R$ 152 mil) e os Peugeots 3008 Griffe (1,6 litro, turbo, 165 cv, R$ 146 mil) e 5008 Griffe (mesma mecânica, R$ 157.490), todos com tração dianteira. Desses, apenas Outlander e 5008 também oferecem sete lugares.
Versão R-Line tem visual mais esportivo, rodas de 19 pol e motor turbo de 2,0 litros e 220 cv; como a Comfortline, vem de série com sete lugares
Por sua vez, o R-Line de R$ 180 mil tem como adversários Audi Q3 Ambiente (2,0 litros, turbo, 180 cv, R$ 194 mil), Chevrolet Equinox Premier (2,0 litros, turbo, 262 cv, R$ 156 mil), Honda CR-V Touring (1,5 litro, turbo, 190 cv, R$ 179.900), Outlander GT (V6, 3,0 litros, 240 cv, R$ 185 mil), Subaru Forester XT (2,0 litros, turbo, 240 cv, R$ 162.600) e Volvo XC40 Momentum (2,0 litros, turbo, 252 cv, R$ 194.950), todos com tração integral, mas de apenas cinco lugares.
O novo Tiguan mostra pouca semelhança de estilo com o anterior, o que é natural diante do tempo desde o lançamento do original em 2007. Foram-se quase todas as curvas, vieram mais vincos e arestas, a linha de cintura subiu e, claro, o perfil está mais alongado por causa das maiores dimensões. Com 4,70 metros de comprimento, o Allspace mede 274 mm a mais que o modelo anterior. É também 30 mm mais largo e tem mais 185 mm entre eixos, embora a altura tenha diminuído em 7 mm. As rodas variam de 17 a 19 pol, conforme a versão, e os faróis usam leds nas duas opções superiores (as lanternas traseiras os têm em toda a linha). Melhorou bastante o coeficiente aerodinâmico (Cx), entre 0,336 e 0,343, contra 0,37 do antigo.
O SUV ficou mais sisudo por dentro, caso do painel com difusores de ar convencionais em vez dos oito circulares do antigo. Nota-se bom acabamento, com painel em plástico macio e outros de qualidade adequada, e pega correta do volante. Todas as versões recebem sistema de áudio com tela de 8 pol, navegador e compatibilidade com Apple Car Play, Mirror Link e Android Auto. O R-Line vem ainda com quadro de instrumentos digital configurável em tela de 12,3 pol de boa resolução, como no Polo. O Manual Cognitivo é obtido por aplicativo de celular, que usa inteligência artificial para ajudar o motorista, a exemplo do Virtus.
Bem-equipado, R-Line vem com ajuste elétrico do banco, instrumentos configuráveis, controlador de distância à frente, ajuste de modos de condução e câmera traseira; em todos o ar-condicionado tem três zonas
Conveniências presentes em toda a linha incluem ar-condicionado automático de três zonas (motorista, passageiro ao lado e ambiente traseiro), capô sustentado por mola a gás, freio de estacionamento com comando elétrico e monitor direto de pressão dos pneus com indicação individual. O Comfortline acrescenta bancos de couro com aquecimento, ajuste elétrico e memórias para o do motorista e câmera traseira de manobras. No R-Line estão assistente de estacionamento, chave presencial (antes disponível mesmo com motor 1,4), controlador da distância à frente, controle de velocidade em descida, faróis com comutação automática e monitor frontal, que alerta para risco de colisão e reconhece pedestres.
Há também nessa versão o seletor de modos de condução, com programas Eco (para economia), Normal, Sport (para esportividade), Individual (configurável), Neve (aplicável a chuva e terrenos de terra batida, entre outros) e Off-Road (fora de estrada). Os ajustes afetam acelerador, direção, transmissão, controlador de distância e assistentes de faróis, subida, descida e estacionamento. A VW deixou o teto solar panorâmico à parte nas três versões. Pontos melhoráveis: percebe-se muito reflexo dos raios solares em peças prateadas do acabamento, o forro do teto solar não promove vedação adequada do Sol e o para-brisa vem sem faixa degradê.
Próxima parte
Versões, preços e equipamentos
• Tiguan Allspace 250 TSI (cinco lugares, motor 1,4 turbo, R$ 124.900) – Ar-condicionado automático de três zonas, bolsas infláveis laterais e de cortina, faróis de neblina, fixação Isofix, freio de estacionamento elétrico com retenção automática, monitores de fadiga do motorista e pressão dos pneus, parada/partida automática, rodas de 17 pol, sensores de estacionamento à frente e atrás, sistema de áudio Discover Media com tela de 8 pol e navegador. Opcional: teto solar panorâmico.
• Tiguan Allspace Comfortline 250 TSI (sete lugares, motor 1,4 turbo, R$ 150 mil) – Como o 250 TSI, mais bancos de couro com aquecimento (ajuste elétrico e memórias para motorista), câmera traseira de manobras, faróis de leds, mesas nos encostos dianteiros, rodas de 18 pol. Opcional: teto solar panorâmico.
• Tiguan Allspace R-Line 350 TSI (sete lugares, motor 2,0 turbo, R$ 180 mil) – Como o Comfortline, mais acionamento elétrico da tampa traseira, assistente de estacionamento, bloqueio eletrônico do diferencial dianteiro, chave presencial, controlador da distância à frente, controle de descida, faróis com comutação automática, monitor frontal com reconhecimento de pedestres e frenagem automática, pacote visual esportivo, quadro de instrumentos digital configurável de 12,3 pol, rodas de 19 pol, seletor de modos de condução, tração integral. Opcional: teto solar panorâmico.
• Garantia – Três anos; 12 anos para perfuração de chapa por corrosão. As três primeiras revisões (10.000 km ou 12 meses, 20.000 km ou 24 meses e 30.000 km ou 36 meses) são gratuitas, incluindo peças substituídas e mão de obra.
• Cores – branco sólido, vermelho, cinza e prata metálicas, preto perolizada.