Do Monza ao SP2, do Creta a vários Ferraris, conheça automóveis batizados em homenagem a locais
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Você sabe a origem do nome dos carros? Esta série mostra como foram batizados muitos automóveis, separando-os em categorias. Depois das denominações inspiradas em animais, passamos a lugares.
Ferrari Italia (foto maior) e Maserati Mexico homenagearam países; na nacional Montana, uma das várias referências a estados norte-americanos
Pelo menos dois continentes denominaram carros: America esteve em Ferraris nos anos 50 e 60, como 340 America e 410 Superamerica, e Europa foi usado pela Lotus inglesa entre os anos 50 e 70. Entre os países, a Ferrari reverenciou sua pátria no 458 Italia e um cupê da Maserati chamou-se Mexico.
Vários carros têm nome de estados norte-americanos, como California, outro Ferrari; Florida, usado pela Zastava na antiga Iugoslávia; e Colorado, da picape similar à Chevrolet S10 feita nos EUA. Montana batizou uma minivan da Pontiac, no mesmo país, e as picapes nacionais derivadas do Chevrolet Corsa e do Agile, e Dakota foi adotado pela picape da Dodge, feita também no Brasil. Aqui, o estado do Tocantins denominou o pequeno jipe da Gurgel, evolução do X-12.
Maranello foi aplicado ao Ferrari 550 (foto maior); Daytona foi apelido do 365 GTB/4 (à esquerda), sufixo do Dodge Charger (centro) e nome do cupê de Shelby
Um tema frequente é o de cidades, como os Ferraris 360 Modena e 550 Maranello, localidades em que a marca está presente. Outra comuna italiana é Portofino, conversível da marca. O 599 GTB Fiorano homenageava a pista da empresa em Modena, usada para testar carros de rua e de corrida. Daytona — autódromo e cidade litorânea na Flórida, a primeira a sediar uma corrida da Nascar em 1948 — foi apelido para o Ferrari 365 GTB/4, sufixo de um Dodge Charger e nome do cupê esporte de Shelby.
Malibu, um sedã da Chevrolet, vem da charmosa cidade de praia na Califórnia. Outras cidades dos Estados Unidos batizam utilitários esporte como Santa Fe (no Novo México) e Tucson (no Arizona) da Hyundai, Yukon (em Oklahoma) da GMC e Durango (no Colorado) da Dodge, as picapes Tacoma (em Washington) da Toyota e Cheyenne (no Wyoming) da Chevrolet e as minivans Pacifica (na Califórnia) da Chrysler e Sedona (no Arizona) da Kia.
A ilha de Ibiza batizou o pequeno Seat (em cima), o Lago Tahoe serviu ao SUV da Chevrolet e a cidade francesa de Biarritz foi versão do Cadillac Eldorado (à direita)
No SUV Tahoe da Chevrolet, a origem é o Lago Tahoe, que fica em parte na cidade californiana de mesmo nome. O Alfa Romeo Montreal tinha o nome da cidade canadense onde ele foi apresentado como carro-conceito. Longe de lá, a capital do Senegal (Dakar) foi nome de um Mitsubishi Pajero, com evidente alusão ao rali Paris-Dakar.
A Cadillac usou cidades pelo menos três vezes: Biarritz (versão do Eldorado), uma elegante cidade do litoral francês; Calais, no mesmo país; e Seville, da espanhola Sevilha. Da mesma Espanha foram vários locais homenageados pela Seat, fábrica daquele país: Alhambra, Cordoba (aplicado também a um modelo da Chrysler), Leon, Marbella e Toledo são cidades e Ibiza é uma ilha. A Ford europeia teve o Granada, outra cidade do país ibérico. E o rio espanhol Jarama deu nome a um touro, nome esse adotado em um esportivo da Lamborghini.
Na cidade de Siena é realizada a competição Palio; o Alfa Mito (à esquerda) fez homenagem a Milão e Turim; no VW SP2, referência ao estado de São Paulo
Siena, do sedã Fiat, é a cidade histórica na Itália onde se realiza o Palio, uma competição de cavalos. Em inglês a grafia tem dois “n”, como na minivan Toyota Sienna. O Ford Verona (sedã do Escort) usava o nome de outra cidade italiana, a da história de Romeu e Julieta. No pequeno Alfa Romeo, o nome Mito vinha de Milão, sede da Alfa, e Torino ou Turim, origem da empresa-mãe Fiat. Torino foi também um modelo norte-americano da Ford e um Renault argentino. A charmosa cidade francesa de Chambord denominou o sedã da Simca, um dos primeiros carros nacionais. O nome do distrito de Monte Carlo, no Principado de Mônaco, foi usado pela Chevrolet e pela Lancia italiana, neste caso grafado Montecarlo.
Entre os Volkswagens brasileiros, o Brasília homenageava a capital federal e os esportivos SP1 e SP2 fazia o mesmo com o estado de São Paulo. Parati veio da cidade histórica no Rio de Janeiro, mas o carro usava “i” e não “y”. Por falar no Rio, a “cidade maravilhosa” deu nome ao compacto da Kia. E uma floresta em grande parte brasileira batizou no Volvo o antigo sedã Amazon — mesmo nome do projeto do Ford Ecosport.
Carros insulares: uma ilha grega no nome do Hyundai Creta, uma californiana no do Pontiac Catalina (à esquerda) e uma italiana no da Fiat Elba, a perua do Uno
Além do Seat Ibiza, outros ganharam nomes de ilhas. Creta, do SUV da Hyundai, é a maior ilha grega no Mar Mediterrâneo. Marajó era a perua do Chevrolet Chevette e uma ilha no Pará. Murano, do SUV da Nissan, vem da ilha em Veneza, Itália, enquanto a ilha de Capri no mesmo país virou modelo da Ford e da Mercury. A ilha californiana de Catalina foi nome de Pontiac. E se Elba pode ser nome de mulher, a origem do nome da perua Fiat Uno era a ilha italiana.
A Citroën tem o sedã C-Élysée, nome francês para o Palácio do Eliseu. Outro palácio francês, o de Versailles, apareceu em sedãs da Ford no Brasil (clone do VW Santana) e da Lincoln nos Estados Unidos. E o Ford Fairlane remetia à Fair Lane, a mansão em Dearborn, Michigan, onde viveu Henry Ford.
O automobilismo foi tema para o Chevrolet Monza, nome também usado nos EUA, na Europa e na China; o Mulsanne da Bentley e o Interlagos da Willys (à direita)
Vários automóveis usaram corridas como tema. Nosso Chevrolet Monza fazia referência à cidade italiana com famoso autódromo — as alemãs Opel e DKW, a Ferrari e a Chevrolet norte-americana também usaram o nome, recém-recuperado por um Chevrolet chinês. Brooklands, antigo circuito de corridas na Inglaterra, foi modelo da Bentley. Outro da marca é o Mulsanne, apelido da longa reta do autódromo francês que sedia a 24 Horas de Le Mans. O Bonneville da Pontiac provavelmente inspirou-se nos lagos de sal de Utah (EUA) usados para recordes de velocidade.
A Maserati adotou nomes relacionados a autódromos como Kyalami (na África do Sul) e Sebring (na Flórida, EUA), sendo o segundo usado também pela Chrysler. O circuito paulistano José Carlos Pace é mais conhecido como Interlagos, seu nome original e do bairro onde fica, que foi aplicado ao esportivo da Willys-Overland nos anos 60. E parece irônico a sul-coreana Daewoo ter chamado de Le Mans um carro nada esportivo, o sedã do Opel (Chevrolet) Kadett.
Origens variadas: Ford com nome do Monte Everest, perua Chevrolet com o do bairro de Ipanema (à esquerda) e Gurgel com o da usina hidrelétrica de Itaipu
Stelvio, do SUV da Alfa Romeo, vem de uma bela estrada de montanha no norte da Itália. Corniche, de um conversível da Rolls-Royce, é uma estrada ao lado de uma montanha, como na Riviera Francesa. O nome da perua Outback, da Subaru, vem da grande área do interior da Austrália. O monte Everest, o de maior altitude do mundo, foi homenageado pelo SUV derivado da Ford Ranger, enquanto a Triumph fez o sedã Dolomite — a cadeia montanhosa de Dolomitas é parte dos Alpes italianos. E a marca Tatra de carros e caminhões era chamada como as montanhas que constituem uma fronteira natural entre a Eslováquia e a Polônia.
O bairro carioca de Ipanema inspirou a Chevrolet no Brasil para a perua Kadett, enquanto nos EUA a marca aplicou Bel Air (de um charmoso bairro de Los Angeles) a um longevo automóvel. Até usina hidrelétrica virou nome de carro: a barragem de Itaipu, no Rio Paraná, batizou modelos elétricos da Gurgel.
Mais Curiosidades