Procurado por quem quer o diferente, ele obtém alto índice
de satisfação, mas o custo de manutenção pode assustar
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Na segunda metade da década de 1990, a ideia de resgatar linhas do passado no desenho dos carros começou a se consolidar. Diversas marcas apresentaram nesse período releituras de modelos antigos, do Ford Thunderbird ao Volkswagen Fusca. A tendência popularizou os automóveis chamados retrô, ou nostálgicos, que têm como foco serem “carros de imagem” — são comprados por quem quer sair do comum e aprecia a brincadeira de trazer o passado de volta, ao menos na aparência.
Mas nem todos os carros retrô buscavam uma referência específica. Exemplo disso foi o Chrysler PT Cruiser, apresentado no Salão de Detroit em 1999 e lançado no Brasil em janeiro de 2001. Com personalidade própria, suas linhas eram inspiradas em diferentes automóveis das décadas de 1930 e 1940, que alguns conhecem como “carros de gângster”.
O principal atrativo era mesmo seu visual. Há 12 anos, não havia como sair às ruas com um PT Cruiser sem se tornar foco da atenção de pedestres e outros motoristas. Era um carro diferente de tudo o que já havia chegado a nossas ruas, mas nem todas as impressões eram positivas — houve quem gostou e quem detestou. Mas, para um carro de nicho, o hatchback médio da Chrysler foi um sucesso de vendas.
O estilo inspirado nos anos 30 e 40 era o chamariz para o PT Cruiser, mas seu modelo
inicial tinha outras qualidades, como amplo espaço interno e versatilidade de uso
O PT Cruiser compartilhava a plataforma com o sedã Neon, assim como o motor de quatro cilindros, 2,0 litros e quatro válvulas por cilindro, que desenvolvia potência de 141 cv. A primeira versão importada foi a topo de linha Limited, muito bem equipada, com bolsas infláveis frontais e laterais, freios com sistema antitravamento (ABS), ajuste elétrico dos faróis, bancos e volante revestidos de couro, ar-condicionado, ajuste elétrico de altura do banco do motorista, alarme com controle a distância, ajuste de altura e distância do volante, apoio de braço no banco do motorista, controlador de velocidade, controle de tração, faróis e luz traseira de neblina, sistema de áudio com toca-fitas e toca-CDs e rodas de alumínio de 16 polegadas com pneus 205/55. Só estava disponível o câmbio automático de quatro marchas, sem opção de trocas manuais.
A consolidação do PT Cruiser no mercado nacional se deu em 2006: importado do México, ganhou a versão Classic, mais simples e acessível
Um dos destaques da avaliação do Best Cars na ocasião do lançamento do carro era seu conforto: a ergonomia dos bancos, o espaço interno e a qualidade do acabamento em geral foram elogiados. Detalhes de estilo também chamavam a atenção no interior, como os apliques de plástico na cor da carroceria que imitavam o metal dos carros antigos.
Apesar do motor potente, de 141 cv, o desempenho do PT Cruiser era prejudicado pelo peso (1.366 kg) e pelo coeficiente aerodinâmico defasado, 0,39. Assim, os números de desempenho emitidos pela fábrica (veja tabela na próxima página) parecem um tanto otimistas, sendo semelhantes aos de automóveis de perfil bem mais esportivo vendidos na época.
O visual retrô era mantido no interior, caso da seção do painel na cor do carro; câmbio
automático, bancos de couro e bolsas infláveis laterais vinham de série no Limited
Em 2002 o PT Cruiser ganhava câmbio automático com opção de trocas manuais sequenciais na alavanca, o sistema AutoStick. O carro permaneceu igual até 2005, quando passou a vir com novo motor, desde o início disponível nos Estados Unidos: um 2,4-litros, também de 16 válvulas. Não houve ganho considerável de potência (apenas 2 cv), mas o aumento em torque foi expressivo, 14%. Num carro com peso elevado, fazia uma boa diferença.
A consolidação do PT Cruiser no mercado nacional se deu no lançamento da linha 2006, em agosto de 2005. O modelo passou a ser importado do México, o que permitiu reduzir o valor inicial da versão Limited devido à isenção de Imposto de Importação para automóveis trazidos daquele país. Mas a maior novidade era o lançamento da versão Classic, mais simples, que tornou o PT Cruiser muito mais acessível. O Classic perdia, em relação ao Limited, as bolsas infláveis laterais, os bancos de couro e as rodas de alumínio, sendo equipado com rodas de aço de 15 pol com calotas.
A linha 2006 também trouxe as únicas mudanças expressivas de estilo desde seu lançamento até o fim da produção. O carro ganhou novos faróis com contorno que evidenciava os duplos refletores, para-choque mais conservador (não mais continuava a grade), outros faróis de neblina e para-choque traseiro. A versão Limited ganhava novas rodas de 16 pol e teto solar de acionamento elétrico.
Ao lado da frente e do interior renovados, o PT Cruiser 2006 ampliava sua linha com
a versão Classic; a importação do México também ajudava na redução dos preços
Por dentro, o PT Cruiser recebeu novo painel, em que a seção central ganhou destaque e o sistema de áudio ficou mais integrado; as saídas de ar e os comandos em geral foram revistos. Ainda em 2006 passava a ser importado o PT Cruiser Cabrio. Com exceção do teto conversível (de lona) e das duas portas, o carro era idêntico a um Limited, com o mesmo motor 2,4-litros e igual pacote de equipamentos. Disponível em nosso mercado apenas até 2007, tornou-se uma versão bem rara.
Em 2010 a Chrysler fazia uma versão comemorativa, mas também de despedida, do PT Cruiser, que deixaria de ser produzido no mesmo ano. O Touring Decade Edition marcava 10 anos de produção do modelo e tinha até certificado de autenticidade. Por fora diferenciava-se pelos logotipos e vinha com teto solar, rodas de alumínio exclusivas e defletor traseiro. Em seus 10 anos de produção o PT Cruiser vendeu 1,15 milhão de unidades no mundo.
“Confortável, espaçoso, atemporal”
De acordo com as opiniões publicadas no Teste do Leitor, o PT Cruiser cativa seus proprietários pelo estilo, em primeiro lugar, mas também oferece espaço, conforto e bom acabamento. André Thiel Stinglin mora em Curitiba, PR, e tem um PT Cruiser Classic 2,4 2009, o qual elogia: “Carro muito bom no geral. Já comprei na baixa de preços, o que me poupou dinheiro e raiva pela desvalorização que o veículo teve pela própria Chrysler. Confortável, espaçoso, estilo atemporal. O câmbio permite condução econômica ou esportiva, conforme a força no pedal do acelerador. O desenho interno também agrada muito. Ainda chama bastante a atenção. O seguro não é barato, mas custa menos que o do Golf, por exemplo. Se consumo de combustível não for problema, recomendo”.
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