Confiável e econômico, sedã da Toyota tem baixa incidência de problemas; satisfação poderia ser mais alta
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: autor e divulgação
Quando o assunto é sedã médio, o Toyota Corolla é sinônimo de sucesso de mercado: no primeiro semestre deste ano suas vendas superaram as de Honda Civic, Chevrolet Cruze, VW Jetta e Ford Focus somados. Embora essa seja uma indicação de bom produto, fica a questão: o carro realmente satisfaz seus proprietários? É o que fomos perguntar a eles para mais um Guia de Compra do Best Cars.
A geração atual do Corolla, a décima primeira desde 1966, foi lançada no Brasil em 2014. Estava maior que a anterior, com mais 10 cm de distância entre eixos, e mantinha o bom porta-malas de 470 litros. Havia apenas uma versão com transmissão manual, a GLi, com motor de 1,8 litro, potência de 139/144 cv e torque de 17,7/18,4 m.kgf (na ordem gasolina/álcool). Três eram as opções com a inédita caixa automática de variação contínua (CVT): GLi com o mesmo motor, XEi e Altis, estas com o de 2,0 litros, 143/154 cv e 19,4/20,3 m.kgf.
O conteúdo de série do GLi incluía bolsas infláveis laterais dianteiras e para os joelhos do motorista, fixação Isofix para cadeiras infantis e faróis de neblina. O XEi acrescentava bancos de couro, sistema de áudio com toca-DVDs e televisão digital, câmera traseira para manobras, ar-condicionado automático e controlador de velocidade. Para o Altis ficavam reservados interior em bege, faróis baixos de leds, cortinas infláveis, banco do motorista com ajuste elétrico e chave presencial para acesso e partida. Não havia controle eletrônico de estabilidade e tração.
A linha 2016 ganhava mais uma versão, a GLi Upper 1,8. Era um GLi com alguns itens do XEi, como bancos de couro. No fim desse ano aparecia a edição especial Corolla Dynamic de 2,0 litros, com visual esportivo — rodas, retrovisores e o couro dos bancos eram pretos.
O Corolla 2018 vinha remodelado na frente, com mais itens de segurança e a versão XRS, com defletores e saias para um estilo esportivo. No interior mudavam instrumentos, difusores de ar e sistema de áudio, com tela tátil de 7 pol a partir do XEi. Nas mesmas versões as rodas passavam de 16 para 17 pol. Toda a linha recebia controle de estabilidade, assistente de saída em rampa e cortinas infláveis. Outros novos equipamentos eram: no XEi, faróis automáticos e chave presencial, e no Altis, ar-condicionado de duas zonas e limpador do para-brisa automático. Os motores permaneciam.
Versão Altis é a de topo da linha; na geração lançada para 2015, vinha com interior em bege, chave presencial, áudio com TV digital e faróis baixos de leds
Economia e confiabilidade em alta
A tão falada confiabilidade é, de fato, um dos aspectos positivos mais citados pelos proprietários de Corolla: empatou com consumo de combustível e a transmissão CVT (45% cada). Atrás desses itens vêm o nível de ruído (41%), o espaço interno (36%) e o valor de revenda (32%). Com menor frequência, eles elogiam o desempenho (27%) e o custo de manutenção ou das revisões (23%).
Como esperado por sua boa reputação, o Corolla teve poucos defeitos nos carros dos leitores; entre os donos consultados, 73% estão muito satisfeitos com ele
Rogério Leal Araújo, de Vitória, ES, dono de Corolla Altis 2,0 2016, comenta: “Casamento motor e câmbio excelente. Espaço interno, principalmente no banco traseiro. Carroceria com visual limpo e muito bonita. Interior claro. Consumo médio em estrada ótimo, chegando facilmente a 14 km/l. Revisões a preço justo. Bom valor de revenda. Central que recebe sinal de TV digital. Estou no quarto Corolla. Nunca tive nenhum tipo de problemas com eles e a revenda também foi tranquila”.
Alexandre Varoto, de São Carlos, SP, que tem um GLi 1,8 automático 2016, endossa: “Transmissão CVT trabalha muito bem com o motor, privilegiando conforto na condução. Suspensão bem calibrada, firme e confortável. Carroceria rola pouco. Nível de ruído bem baixo. Versão de entrada com cinco airbags, acima do concorrente direto. Excelente custo-benefício para quem busca um sedã médio confortável e seguro.”
Bom conteúdo e mesma mecânica do Altis fazem do XEi um dos Corollas mais equilibrados; caixa CVT de série incomoda donos pelos reflexos de sol na moldura
O que mais incomoda os donos desse Toyota? Parece um detalhe, mas o ponto mais citado foi a moldura brilhante da alavanca de transmissão (32%), que reflete o sol nos olhos do motorista. Na sequencia aparecem o limpador de para-brisa, sem ajuste de intervalo ou comando automático, e o navegador de operação lenta e com frequentes erros (23% cada). Vários reclamam das faltas de controle de estabilidade (sanada na linha 2018) e de sensores de estacionamento (18% cada), e alguns do acabamento simples, do desenho de painel e portas e do sistema de áudio (14% cada).
“A transmissão CVT reduz a relação quando passa para manual. A 120 km/h a rotação muda de 2.400 rpm para 3.000 rpm. O console central reflete a luminosidade nos olhos do motorista. Nenhuma casa Toyota resolveu. Resolvi colando uma película fosca usada pelos motociclistas para tirar o brilho da pintura”, observa Antonio Sartor, de São Paulo, SP, que tem um Corolla GLi Upper 1,8 2016.
Paulo, de Marília, SP, dono de XEi 2,0 2015, acrescenta: “Os comandos são lentos, desde o piloto automático até o multimídia, que chega a irritar. É pouco intuitivo. O som é baixo e de baixa qualidade e não tem opção de passar pastas. O GPS é uma piada! Você chega em qualquer lugar, menos ao pedido na rota. Conexão para celular é lenta e comandos idem. O carro não chega nem perto em estabilidade do Civic ou Focus (já tive os dois). Puxadores das portas têm aspecto pobre. Quebra-sol tem espelho, mas não iluminação.”
Pacote visual e rodas de 17 pol deixaram o XRS mais jovial; linha 2018 trouxe reestilização, controle de estabilidade e sistema de áudio com tela de 7 pol
Como esperado por sua boa reputação, o Corolla teve baixa incidência de defeitos nos carros dos leitores. O mais frequente foram ruídos na suspensão (14%) seguidos por três itens em empate: retrovisores externos que rangem durante o rebatimento elétrico, ruídos no interior e volante que veio desalinhado (9% cada). De acordo com Antônio Andrade Filho, de Adamantina, SP, dono de XEi 2,0 2017, “acabamento e suspensão transmitem ruído interno. Levei à autorizada, ficou um dia, melhorou 50% e em seguida voltou. Bom carro, mas deveria oferecer mais pelo seu valor.”
Bom, mas não excelente: assim pode ser considerado o índice de satisfação dos donos de Corolla, com 73% muito satisfeitos com o carro. O único sedã médio analisado antes, o Nissan Sentra, conseguiu 62%, mas o VW Golf alcançou 84% e há modelos no Guia de Compra com 90% ou mais — VW Up e Jeep Renegade. Para 59% dos leitores, a rede de concessionárias Toyota trouxe muita satisfação. Foi melhor que a Nissan (48%) e a VW na pesquisa do Golf (44%), mas perdeu para a Jeep no caso do Renegade (63%).
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 73% |
Parcialmente satisfeitos | 18% |
Insatisfeitos | 9% |
Pesquisa com 22 donos de modelos 2015 a 2018 |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 59% |
Parcialmente satisfeitos | 32% |
Insatisfeitos | 9% |
Não usam | 0 |
Pesquisa com 22 donos de modelos 2015 a 2018 |
Ficha técnica
GLi 1,8 | XEi e Altis 2,0 | |
Motor | ||
Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | |
Válvulas por cilindro | 4 | |
Diâmetro e curso | 80,5 x 88,3 mm | 80,5 x 97,6 mm |
Cilindrada | 1.798 cm³ | 1.986 cm³ |
Taxa de compressão | 12:1 | |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | |
Potência máxima (gas./álc.) | 139/144 cv a 6.000 rpm | 143/154 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 17,7 m.kgf a 4.400 rpm/ 18,4 m.kgf a 4.800 rpm | 19,4 m.kgf a 4.000 rpm/ 20,3 m.kgf a 4.800 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de caixa e marchas | manual, 6 ou automática de variação contínua | automática de variação contínua |
Tração | dianteira | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 16 pol | |
Pneus | 205/55 R 16 | |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,62 m | |
Largura | 1,775 m | |
Altura | 1,475 m | |
Entre-eixos | 2,70 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 60 l | |
Compartimento de bagagem | 470 l | |
Peso em ordem de marcha | 1.295 kg | 1.335 kg (XEi) |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | ||
Velocidade máxima | ND | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND | 9,6 s (álc.) |
Consumo em cidade | 11,4/7,8 km/l | 10,6/7,2 km/l |
Consumo em rodovia | 13,2/9,2 km/l | 12,6/8,7 km/l |
Dados do fabricante para modelos 2015 a 2017; ND = não disponível; consumo pelos padrões do Inmetro; consumo do GLi com caixa CVT |