Acabamento e conforto são elogiados e nove entre 10 estão muito satisfeitos; consumo e porta-lamas levam críticas
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Um utilitário esporte compacto de linhas simpáticas, que lembram as do Jeep original, foi o modelo escolhido pela FCA para iniciar a nova fase da marca no Brasil, há dois anos. O Renegade logo se tornou um dos mais vendidos da categoria e um sonho de consumo para muita gente. Mas ele é realmente uma boa compra? Neste guia veremos como está a satisfação dos proprietários e o que poderia ser melhor.
O Renegade inaugurou em 2015 a fábrica da FCA em Goiana, Pernambuco. Esse projeto global da Jeep chegava ao Brasil em três versões: Sport, Longitude e Trailhawk. As duas primeiras podiam ter motor E-Torq flexível de 1,75 litro, com potência de 130/132 cv e torque de 18,6/19,1 m.kgf (gasolina/álcool), ou Multijet turbodiesel de 2,0 litros, 170 cv e 35,7 m.kgf. Este último era obrigatório no Trailhawk. Pouco depois vinha a versão básica com o flexível. Para o E-Torq, havia escolha entre transmissão manual de cinco marchas e automática de seis. Para o turbodiesel, a automática de nove marchas com tração integral era padrão. Não havia reduzida, mas a função Low cumpria sua finalidade ao manter marchas mais baixas.
Os equipamentos de série do básico incluíam controle eletrônico de estabilidade e tração, freios a disco nas quatro rodas com ABS, cintos de três pontos e encostos de cabeça para os cinco ocupantes e fixação Isofix para cadeira infantil. O Sport adicionava controlador e limitador de velocidade, faróis de neblina, rodas de alumínio de 16 polegadas e sensores de estacionamento traseiros. Entre as opções estavam bolsas infláveis laterais, de cortina e de joelhos e câmera traseira para manobras.
A incidência de defeitos no Renegade foi das mais baixas já vistas na pesquisa: a maioria dos donos não teve qualquer problema e 90% estão muito satisfeitos com o carro
O Longitude vinha com ar-condicionado automático de duas zonas, rodas 17 e tela tátil de 5 pol para áudio, câmera e navegador. Os opcionais passavam por bancos de couro, chave presencial, rodas 18, sistema de áudio Beats e teto solar. No Trailhawk havia suspensão elevada em 2 cm, placas inferiores de proteção e pneus de uso misto em rodas 17, com opções semelhantes às do Longitude.
Ainda em 2015 a Jeep lançava o pacote Limited Edition para a versão Longitude flexível, com teto preto, rodas 18, bancos de couro e o conjunto de bolsas infláveis. No ano seguinte aparecia a edição limitada 75 Anos, baseada no Sport flexível ou turbodiesel, com detalhes em tom bronze, rodas 17, teto preto e costura dos bancos em branco e laranja.
Versão Sport podia ter motores flexível e turbodiesel e três opções de transmissão, com tração 4×4 no caso do diesel; a básica (em verde) vinha depois
Alterações técnicas vinham no Renegade 2017. O motor flexível ganhava coletor variável, passava a 135/139 cv e 18,7/19,3 m.kgf e aumentava o torque em baixa rotação. Recebia também preaquecimento de álcool para partida a frio, monitor de pressão dos pneus e o modo Sport para deixar o acelerador e a transmissão mais ágeis. Outra novidade era a versão Limited flexível: era um Longitude com todos os opcionais antes disponíveis, grade dianteira, retrovisores e barras de teto na cor prata e teto em preto.
As demais versões ganhavam conteúdos de série. A Sport recebia barras de teto e, com motor diesel, navegador e câmera traseira. A Longitude a diesel ganhava bancos de couro, e a Trailhawk, couro, chave presencial, faróis bixenônio e mais bolsas infláveis.
“Grande custo-benefício”
Na opinião de 30 proprietários que participaram do Teste do Leitor do Best Cars, o Renegade tem muitos pontos positivos. Acabamento foi o item citado em primeiro lugar (43%), seguido pelo conforto interno e o da suspensão, empatados (40%). Na sequência estão três itens em equilíbrio (33%): consumo de combustível (com ambos os motores), equipamentos e estabilidade. Estilo (30%) e posição de dirigir (27%) também foram bastante elogiados.
Com mais equipamentos, Longitude podia ter bancos de couro e teto solar; depois da série Limited Edition (em prata) veio a versão de topo Limited (no alto)
“Estilo e personalidade próprios, diferente de tudo. Grande custo-benefício pela tecnologia embarcada, pacote de equipamentos, som espetacular, bancos grandes, rodar silencioso e seguro. O veículo é incrivelmente estável e absorve muito bem as irregularidades do piso. O desempenho também é bom agora com os ajustes feitos no motor; não decepciona no conjunto e na faixa de preço”, opinou Ruymar de Lima Nucci, de São Paulo, SP, dono de um Longitude flexível 2017.
Frank Willy Vieira, de Criciúma, SC, que tem um Longitude turbodiesel 4×4 2017, acrescenta: “O carro possui belas e clássicas linhas, é potente (porém não pense que é um esportivo) e muito econômico. A suspensão suaviza as imperfeições das vias. É um ótimo carro para um casal com no máximo um filho, já que o bagageiro é meio pequeno. Recomendo o veículo para quem passa a maior parte do tempo na cidade, mas nos finais de semana utiliza estradas sem pavimentação ou com lodo e lama (o carro é muito bom nisso)”.
Quais os pontos mais criticados do pequeno Jeep? A pesquisa deixou claros três itens, na ordem: espaço do compartimento de bagagem (37%), consumo (33%) e desempenho (30%), estes apenas com motor flexível. Se é curioso que alguns elogiem e outros critiquem o consumo, vale observar que foram 10 menções negativas ao item, contra seis positivas, entre donos de versões flexíveis. Outros itens aparecem com menos frequência: o simples sistema de áudio do Sport (13%), a calibração pouco eficaz da caixa automática e o alto som de ativação do alarme (10% cada).
Trailhawk era voltado ao fora de estrada, com suspensão mais alta, motor turbodiesel e tração 4×4 de série; unidade de 2,0 litros tinha 170 cv e alto torque
Carlos Silva, de Vinhedo, SP, dono de um Sport flexível automático 2016, explica as críticas: “Consumo (com gasolina, 10,5 km/l na estrada), retomada do motor lenta em subidas ou ultrapassagens. Ou seja, pise fundo no acelerador, suba o giro, senão ele não vai”. José Francisco Pádua Barbosa, de Franca, SP, tem um Trailhawk turbodiesel 2016 e acrescenta: “Apenas o porta-malas destoa do conjunto magnífico”.
A incidência de defeitos no Renegade foi das mais baixas já vistas na pesquisa: a maioria dos donos não teve qualquer problema com ele. O único item citado mais de uma vez foram ruídos internos (7%). Alarme, motor de partida e sensor de estacionamento, entre outros, apareceram em casos isolados (3%). “Quantidade de barulhos internos (painel, rangido de portas e colunas, plásticos dos acabamentos). Devido à quantidade de barulhos já levei duas vezes na concessionária, e o problema persiste e cada vez piora mais. Fiquei muito insatisfeito com essa questão”, reclama Andrei, de Brejo Santo, CE, dono de um Sport flexível 2016.
Mais qualidades que pontos negativos e poucos defeitos só poderiam levar a um bom nível de satisfação. Não deu outra: com 90% de donos muito satisfeitos, o Renegade só ficou atrás de um modelo (o Volkswagen Up, com 94%) entre os nove guias de compra feitos até agora. Foi bem melhor que os concorrentes Ford Ecosport, com 58%, e Renault Duster, com 56%. Com a rede de concessionárias da Jeep o resultado não foi tão positivo: 63% apontaram muita satisfação com ela. Mesmo assim, foi melhor índice que os de Ecosport (58%) e Duster (30%).
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 90% |
Parcialmente satisfeitos | 7% |
Insatisfeitos | 3% |
Pesquisa com 30 donos |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 63% |
Parcialmente satisfeitos | 27% |
Insatisfeitos | 10% |
Não usam | 0 |
Pesquisa com 30 donos |
Ficha técnica
Longitude 1,75 flexível | Trailhawk 2,0 turbodiesel | |
Motor | ||
Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm | 83 x 90,4 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ | 1.956 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 | 16,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 135/139 cv a 5.750 rpm* | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 18,7/19,3 m.kgf a 3.750 rpm* | 35,7 m.kgf a 1.750 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de caixa e marchas | automática / 6 | automático / 9 |
Tração | dianteira | integral |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 7 x 17 pol ou 7 x 18 pol | 7 x 17 pol |
Pneus | 215/60 R 17 ou 225/55 R 18 | 215/60 R 17 |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,232 m | |
Largura | 1,798 m | |
Altura | 1,705 m | 1,725 m |
Entre-eixos | 2,57 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 60 l | |
Compartimento de bagagem | 260 l | |
Peso em ordem de marcha | 1.440 kg | 1.674 kg |
Desempenho e consumo | ||
Velocidade máxima | 180/182 km/h* | 190 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,9/11,1 s* | 9,9 s |
Consumo em cidade | 9,5/6,5 km/l* | 12,3 km/l |
Consumo em rodovia | 10,9/7,6 km/l* | 15,9 km/l |
Dados do fabricante para modelos 2017; *gasolina/álcool |