Corvette: 60 anos fazendo sonhar os entusiastas

 

 
O retorno de uma lenda: o ZR1 renascia em 2009, dessa vez com comando no bloco
e compressor no motor de 6,2 litros, que assim desenvolvia 638 cv e muito torque 

 

Dali em diante o Corvette recebeu numerosas edições limitadas. Inspirada na versão de competição C6.R (leia quadro na página 5), aparecia em 2009 a GT1 Championship Edition, em alusão a seus títulos na American Le Mans Series. O pacote, disponível para cupê e conversível básicos e para o Z06, incluía detalhes do ZR1, suspensão esportiva Z51 e escapamento de menor restrição. Em seguida aparecia a versão Grand Sport, com o motor de 6,2 litros e 430 cv, para-lamas alargados, rodas exclusivas, freios potentes e a suspensão do Z06.

O ZR1 para 2010 recebia o Performance Traction Management (PTM) ou gerenciamento de tração para desempenho, um controle eletrônico que buscava a melhor aderência em arrancadas fortes. Em março desse ano, o Z06 aparecia na edição Carbon, com os freios de carbono do ZR1, ajuste magnético de suspensão e itens de fibra de carbono. Mais tarde vinha a versão Z06X, de rua, mas apta a disputar corridas, com freios de carbono, rodas mais leves, aerofólio regulável, estrutura de proteção na cabine e o mesmo motor V8 de 7,0 litros.

Para comemorar os 100 anos da divisão Chevrolet, aparecia em abril de 2011 a série especial Centennial Edition. Disponível para as versões básica, Grand Sport, Z06 e ZR1, a edição vinha apenas em preto com rodas na mesma cor, pinças de freio vermelhas, logotipo da série nas colunas centrais (com uma imagem estilizada de Louis Chevrolet) e nos encostos dos bancos. O interior trazia revestimento em camurça e couro negros e costuras vermelhas. Todo carro da edição usava suspensão com controle magnético.

 

 

 
Depois do ZR1, numerosas versões e edições, como GT1, Grand Sport, Z06 Carbon,
Centennial e 427 Convertible, mantiveram o C6 como um carro muito desejado 

 

No ano — 2012 — em que o ZR1 era o carro-madrinha da 500 Milhas de Indianápolis, o Corvette começava a comemorar 60 anos de produção com a série 427 Convertible, que somava elementos do cupê Z06 à carroceria conversível e trazia, por fora e por dentro, logotipos em alusão às seis décadas do modelo. O número 427, claro, era a cilindrada do V8 de 7,0 litros e 512 cv. A edição tinha regulagem magnética dos amortecedores, rodas de 19 pol à frente e 20 pol na traseira, capô e para-lamas dianteiros em fibra de carbono e câmbio manual de seis marchas.

 

Os auxílios ao motorista do novo Stingray passavam pelo seletor de modo de dirigir com cinco programas, que ajustava 12 parâmetros

 

O sétimo aos sessenta

Depois de 60 anos da apresentação do primeiro Corvette no Motorama, a Chevrolet levava ao Salão de Detroit de 2013 o Corvette de sétima geração, ou C7, que ganhava o sufixo Stingray para homenagear algumas de suas gerações mais marcantes. As formas angulosas mostravam evoluções, caso das tradicionais quatro lanternas traseiras, agora paralelogramos. A carroceria adotava fibra de carbono no capô e no teto removível, enquanto o chassi era de alumínio, com resistência 57% maior que o do C6 e peso reduzido em 45 kg.

Diminuir massa foi também o objetivo das estruturas de banco em magnésio, sendo oferecidos dois modelos de assentos — um mais confortável, outro mais esportivo. Modernizado, o painel mantinha os instrumentos analógicos e destacava no centro o conta-giros. O motor da versão básica permanecia um V8 de 6,2 litros com comando no bloco, mas a GM o anunciava como “todo novo”. Com tecnologias atuais como injeção direta de combustível, desligamento seletivo de cilindros e variação contínua do tempo de abertura das válvulas, obtinha potência de 450 cv e torque de 62,2 m.kgf. A aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 4 segundos combinava-se ao menor consumo de combustível da história do modelo.

 

 
O nome Stingray voltava à cena com o Corvette de sétima geração, com formas angulosas,
uso de fibra de carbono na carroceria, câmbio de sete marchas e seletor de programas

 

Montado na traseira em um transeixo, o câmbio era manual de sete marchas, pela primeira vez em um carro norte-americano, ou automático de seis marchas. O manual produzia aceleração interina quando se comandasse uma redução de marcha, a exemplo do Nissan 370Z. As suspensões foram redesenhadas, mantendo o esquema de braços sobrepostos à frente e atrás; a assistência de direção passava a ser elétrica e os freios traziam discos Brembo.

 

 

Os auxílios ao motorista passavam pelo seletor de modo de dirigir com cinco programas (Tour ou turismo, Weather para condições climáticas desfavoráveis, Eco para economia, Sport e Track, voltado ao uso em pista de corrida), que ajustava 12 parâmetros do carro como comando de acelerador, assistência de direção, mostradores do painel, trocas de marcha, desligamento de cilindros, nível de ruído do escapamento, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de arrancada rápida e controle dos amortecedores. Havia ainda projeção de informações no para-brisa e sistema de áudio com 10 alto-falantes, sendo dois para subgraves.

O pacote Z51 reunia anexos aerodinâmicos, diferencial autobloqueante, lubrificação com cárter seco, câmbio com relações mais próximas entre si, rodas de 19 (dianteiras) e 20 pol (traseiras) e melhor arrefecimento para a transmissão. Dois meses mais tarde, no Salão de Genebra, surgia a versão conversível do Stingray com estrutura de alumínio, mais leve e rígida que a do conversível anterior, e capota macia com acionamento elétrico. Sua abertura podia ser feita rodando a até 50 km/h e comandada também por um controle remoto. Como não poderia deixar de ser, Corvettes ainda mais potentes estão em preparo.

 

 
Já mostrado também como conversível, o C7 tem recursos internos mais avançados
e técnicas como a injeção direta para maior eficiência do motor V8 de 6,2 litros

 

Aos 60 anos de produção — a vida mais longa já alcançada por um automóvel de forma ininterrupta — e depois de mais de 1,5 milhão de unidades, o Corvette revela as muitas formas como um produto pode enfrentar crises as mais diversas. Teve um começo conturbado, quase morreu antes de completar três anos. Passou pelas normas de emissões poluentes e de segurança, pela crise do petróleo, pelos períodos de baixa aceitação a carros esporte. Resistiu à extinção de dezenas de concorrentes, tanto norte-americanos quanto europeus e japoneses.

Concorreu em iguais condições com inimigos poderosos como Porsches, Jaguares, Ferraris, Mercedes, Cobras, Vipers. Seu carisma, jamais abalado, o torna um dos símbolos da cultura norte-americana, assim como Harley-Davidson, Elvis Presley, Coca-Cola e o isqueiro Zippo. Poucos carros sobreviveram a tanto tempo mantendo características tradicionais de estilo e de mecânica, como a carroceria em plástico reforçado com fibra de vidro e o lendário V8 com comando de válvulas no bloco. Um carro em que antologia e modernidade, saudosismo e futurismo, tradição e tecnologia se fundem em um só corpo.

 

Ficha técnica

C1 (1959)

C2 (1963)

C3 (1975)

MOTOR
Posição e cilindros longitudinal, 8 em V longitudinal, 8 em V longitudinal, 8 em V
Comando e válvulas por cilindro no bloco, 2 no bloco, 2 no bloco, 2
Diâmetro e curso 98,4 x 76,2 mm 101,6 x 82,5 mm 101,6 x 88,4 mm
Cilindrada 4.639 cm³ 5.340 cm³ 5.733 cm³
Taxa de compressão 10,5:1 11,25:1 8,5:1
Potência máxima 290 cv a 6.200 rpm* 360 cv a 6.000 rpm* 165 cv a 3.800 rpm
Torque máximo 40 m.kgf a 4.400 rpm* 48,7 m.kgf a 4.000 rpm 35,2 m.kgf a 2.400 rpm
Alimentação injeção injeção carburador de corpo quádruplo
* Medidos pelo método bruto
TRANSMISSÃO
Tipo de câmbio e marchas manual, 4 manual, 4 manual, 4
Tração traseira traseira traseira
FREIOS
Dianteiros a tambor a disco a disco
Traseiros a tambor a tambor a disco
Antitravamento (ABS) não não não
SUSPENSÃO
Dianteira independente, braços sobrepostos
Traseira eixo rígido independente, braços sobrepostos
RODAS
Pneus 6,70-15 6,70-15 GR 70-15
DIMENSÕES
Comprimento 4,52 m 4,45 m 4,71 m
Entre-eixos 2,59 m 2,49 m 2,49 m
Peso 1.370 kg 1.380 kg 1.600 kg
DESEMPENHO
Velocidade máxima 205 km/h 230 km/h 180 km/h
Aceleração de 0 a 96 km/h 6,5 s 6,0 s ND

C4 ZR-1 (1990)

C5 (1997)

C6 Z06 (2006)

MOTOR
Posição e cilindros longitudinal, 8 em V longitudinal, 8 em V longitudinal, 8 em V
Comando e válvulas por cilindro duplo nos cabeçotes, 4 no bloco, 2 no bloco, 2
Diâmetro e curso 99 x 93 mm 99 x 92 mm 104,8 x 101,6 mm
Cilindrada 5.727 cm³ 5.665 cm³ 7.011 cm³
Taxa de compressão 11:1 10,1:1 11:1
Potência máxima 380 cv a 6.200 rpm 350 cv a 5.600 rpm 505 cv a 6.300 rpm
Torque máximo 51,1 m.kgf a 4.200 rpm 48,4 m.kgf a 4.400 rpm 65 m.kgf a 4.800 rpm
Alimentação injeção multiponto injeção multiponto injeção multiponto
TRANSMISSÃO
Tipo de câmbio e marchas manual, 6 manual, 6 ou aut., 4 manual, 6
Tração traseira traseira traseira
FREIOS
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado
Antitravamento (ABS) sim sim sim
SUSPENSÃO
Dianteira independente, braços sobrepostos
Traseira independente, braços sobrepostos
RODAS
Pneus dianteiros 275/40 R 17 245/45 R 17 275/35 R 18
Pneus traseiros 315/35 R 17 275/40 R 18 325/30 R 19
DIMENSÕES
Comprimento 4,51 m 4,56 m 4,46 m
Entre-eixos 2,44 m 2,65 m 2,68 m
Peso 1.565 kg 1.470 kg 1.430 kg
DESEMPENHO
Velocidade máxima 282 km/h 277 km/h 320 km/h
Aceleração de 0 a 96 km/h 4,5 s 4,7 s 3,4 s
Dados do fabricante; dados de desempenho aproximados; ND = não disponível

 

 

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