O SVT Cobra trazia 240 cv no V8 302, depois substituído por um mais atual
4,6-litros de 305 cv; o Cobra R (em branco) extraía 300 cv do antigo motor
O revitalizado GT enfrentou na Car and Driver o Camaro Z28, também em geração recente. “Como se espera, o Camaro de 275 cv supera o Mustang de 215 em velocidade: acelerou de 0 a 96 em 5,4 segundos contra 6,1 s do GT. Mas o novo Mustang está bem mais agradável, com uma sensação compacta, refinada. O trabalho da Ford em aumentar a rigidez estrutural e o controle da suspensão rendeu dividendos impressionantes”, observou.
Logo após era lançado o Cobra, que foi carro-madrinha da tradicional 500 Milhas de Indianápolis. Desenvolvido pela divisão SVT, recebia novos cabeçotes que levavam o V8 302 para 240 cv e 39,4 m.kgf e rodas de 17 pol com pneus 255/45. De 0 a 96 km/h bastavam 6,3 segundos. Apesar de muito caro, foram vendidas seis mil unidades, sendo mil conversíveis. O Cobra R era reeditado para 1995 com o motor 302 ajustado para 300 cv e suspensão recalibrada, tendo sido feitas 250 unidades em cor branca.
Comparado pela Road & Track ao então novo Pontiac Firebird, o Cobra conversível foi superior em aceleração lateral e velocidade no desvio entre cones, mas menos rápido para acelerar de 0 a 96 km/h (5,3 ante 5,1 segundos) e no quarto de milha (15,3 contra 15,1 s), além de inferior em frenagem. “Os 25 cv adicionais do Cobra comparado ao GT são mais evidentes na faixa acima de 5.000 rpm. O Cobra vem com os maiores freios já aplicados a um Mustang de produção, com espaços de parada excelentes”, destacou a revista.
A edição especial do carro-madrinha da Indy 500 (esquerda) inaugurou o Cobra
conversível; em 1996 o GT recebia o motor V8 4,6, sem aumento de potência
O ano de 1994 não terminou sem uma edição especial com 1.000 réplicas do carro-madrinha da Indy 500. Eram Cobras conversíveis — opção que só entraria no catálogo normal da fábrica no ano seguinte — vermelhos, com interior revestido em couro bege, e traziam um potente sistema de áudio e adesivos referentes ao evento, que o comprador decidia se aplicava ou não. A única novidade para o ano seguinte era a versão GTS, um GT que vinha simplificado sem bancos esportivos, faróis de neblina ou aerofólio traseiro.
No SVT Cobra o V8 com duplo comando
tinha uma potência divulgada de
320 cv, o que causaria transtornos à Ford
Um novo motor V8 de 4,6 litros, com comando de válvulas no cabeçote e pertencente à linha modular da Ford, era a grande novidade para o GT em 1996. Embora mantivesse os 215 cv e 39,4 m.kgf do anterior, podia girar até 6.000 rpm (antes, só 4.500) com reduções expressivas dos níveis de ruído e vibrações. Para o SVT Cobra, uma variação desse V8 era produzida com bloco de alumínio, duplo comando e quatro válvulas por cilindro para alcançar 305 cv e 41,5 m.kgf. Lanternas traseiras com seções verticais identificavam a mudança.
O Cobra foi confrontado pela revista Automobile ao BMW M3: “O Cobra acelera mais forte. Em estradas sinuosas, seus pneus têm plena aderência e o carro muda de direção fluentemente. Em alguns casos nota-se o legado do eixo rígido em curvas onduladas, mas o carro é um milagre da engenharia de amortecimento em um projeto ultrapassado. A SVT elevou o Mustang a um legítimo grã-turismo. Com um motor excelente e melhor conforto de rodagem, conseguiu se equiparar aos europeus em uma área que continua sua especialidade”.
As formas angulosas e até o emblema na grade do Mustang 1999 lembravam os
anos 60; a série especial do GT conversível (direita) celebrava seus 35 anos
Um ano depois do aumento da potência do GT em 10 cv para 225, outra reestilização vinha na linha 1999. Com faróis retangulares, linhas mais retas e angulosas e tomada de ar lateral delgada e mais alta, o Mustang buscava cada vez mais parecer com os modelos dos anos 60 — até o emblema vinha envolvido por um pequena moldura, como no de 1964. As propagandas da época evocavam seu “espírito rebelde” e, para que ninguém temesse tanta ousadia, havia pela primeira vez um controle eletrônico de tração.
Além do V6 de 3,8 litros, que rendia 190 cv contra 150 do anterior, havia o V8 de 4,6 litros com 260 cv. Melhorias reduziam o nível de ruído interno e ampliavam a rigidez estrutural do conversível. Para comemorar os 35 anos do esportivo, uma edição limitada do GT vinha com tomada de ar destacada no capô, aerofólio e revestimento interno em couro preto.
No SVT Cobra o V8 com duplo comando tinha declarados 320 cv e 43,8 m.kgf para acelerar de 0 a 96 em 5,6 segundos. A potência divulgada, porém, causaria transtornos à Ford: alterações na versão final fizeram com que poucos carros a alcançassem de fato, o que levou a muitas críticas de proprietários e à suspensão da versão para o catálogo de 2000. A fábrica respondeu com uma convocação dos carros vendidos para efetuar alterações que garantiam os cavalos anunciados.
O SVT Cobra passava a 320 cv, potência que causou problemas à Ford, e era
o primeiro Mustang na história com suspensão independente na traseira
Outra novidade no Cobra era a suspensão traseira independente, a primeira do gênero em 35 anos de Mustang. O sistema multibraço, com os braços inferiores em alumínio e ancorado a um subchassi tubular, era mais pesado que o eixo rígido, mas trazia redução importante de massa não suspensa. Foi projetado de modo a usar os mesmos pontos de ancoragem do eixo original, o que permitia sua aplicação a outras versões.
Testado pela Motor Trend, o Cobra convenceu com suas novidades: “A suspensão independente põe o Mustang um passo técnico à frente de seus rivais Camaro e Firebird. Para os fiéis à Ford, qualquer coisa que faça isso é uma boa coisa. A alteração traz benefícios em termos de conforto de rodagem e controle de rodas mais preciso para maior estabilidade, sobretudo em pisos ásperos. Mas você deve experimentar o carro em ondulações no piso do mundo real para realmente apreciar a diferença”.
Já o GT V8 foi comparado ao Camaro Z28 pela Car and Driver. Embora desempenho, direção e conforto de rodagem tenham agradado, incomodou pelo câmbio pesado, os pedais e os bancos. “O Z28 vence mais um round na longeva rivalidade, mas o Mustang continua a liderar no departamento que realmente importa: as vendas. A adição de mais potência e refinamentos para 1999 só pode ajudar”, concluiu.
Do V8 de 5,4 litros com 385 cv às seis marchas e às rodas de 18 pol, o Cobra R era
um Mustang muito especial; o pacote Bullitt (direita) lembrava o filme de 1968
Das pistas para as ruas
Uma versão de altíssimo desempenho era apresentada em 2000: o Cobra R, com uma versão do V8 modular de 5,4 litros e 32 válvulas apta a fornecer 385 cv e 53,2 m.kgf. Era um carro de corridas homologado para uso em rua, sem banco traseiro, rádio, ar-condicionado ou itens de conforto. Os exagerados defletor dianteiro e aerofólio traseiro, o ressalto central no capô — necessário para acomodar o motor mais alto —, as saídas de escapamento laterais e as rodas de 18 pol com pneus 265/40 denunciavam suas intenções.
Velocidade máxima de 280 km/h e 0-96 km/h em 4,6 segundos estavam entre os atributos do Cobra R, oferecido a preço superior em US$ 20 mil ao de um GT. Amortecedores Bilstein, molas Eibach, freios Brembo, escapamento Borla, câmbio Tremec de seis marchas (primeiro em um Mustang de série) e outros componentes de fornecedores renomados faziam dele uma preparação de fábrica das mais interessantes. Foram produzidos apenas 300, todos vermelhos com interior preto.
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