O Mustang LX V8 conversível, verde por fora e branco por dentro, era a edição
comemorativa dos 25 anos de produção do carismático carro-pônei da Ford
Sem mudanças em 1988, o carro-pônei ganhava no ano seguinte uma edição comemorativa de 25 anos, um LX V8 conversível em verde com interior branco. “Bang for the buck”, ou a relação entre desempenho e preço, foi o tom da comparação de 10 modelos feita naquele ano pela Motor Trend. O Mustang LX sagrou-se campeão: “Ele tem o menor preço do grupo, combinado a um respeitável nono lugar no ranking final de desempenho. Algumas áreas precisam melhorar, como os espaços de frenagem e o interior ultrapassado, mas em geral ele tem um custo-benefício incrível. É, provavelmente, a maior diversão pelo dinheiro na América hoje”.
Apesar desse atributo, as perspectivas não eram das melhores para o Mustang, cuja concepção tradicional era considerada incompatível com os novos tempos. A Ford já havia cogitado sua substituição por um esportivo de tração dianteira projetado em parceria com a japonesa Mazda, que resultou no Probe, mas os protestos dos fãs garantiam a sobrevida do velho pônei — por mais quanto tempo, não se sabia.
Em uma avaliação de oito conversíveis pela Automobile Magazine, em 1990, o Mustang GT V8 foi descrito como “o hot rod do grupo, uma volta à escola de engenharia da força bruta. Ele parece antigo ao ver e ao dirigir — ele é antigo. É também maravilhoso de dirigir, ao menos em asfalto seco, e tem o que parece ser a estrutura mais firme dos oito modelos. Em alta velocidade, parece extremamente estável”. Como pontos negativos a revista apontou o alto nível de ruído e a inconveniente operação da capota, “sobretudo se você usar o zíper do vidro traseiro todas as vezes, como o fabricante recomenda”.
Em vez de SVO, SVT: a nova divisão esportiva da Ford revelava para 1993 um
Mustang Cobra com 235 cv no motor V8 de 4,95 litros e rodas de 17 pol
Naquele ano a única novidade do carro era a bolsa inflável para o motorista, uma exigência legal. Uma revisão no motor de quatro cilindros aumentava sua potência para 105 cv na linha 1991, com o emprego de duas velas por cilindro, e havia novas rodas de 16 pol com pneus 255/55 para as versões V8. Um ano depois o motorista ganhava a opção de ajuste elétrico do banco. Depois do fracasso do SVO com seu motor turbo de quatro cilindros, o modelo 1993 trazia de volta mais do que os fãs queriam: potência no V8, que passava a 235 cv e 38,7 m.kgf no SVT Cobra, um dos primeiros produtos (ao lado da picape F-150 Lightning) da divisão SVT.
Após comparar 10 modelos, a Motor Trend
concluiu: “O Mustang é, provavelmente,
a maior diversão pelo dinheiro na América hoje”
Na avaliação da Road & Track com a versão, “a respiração acima de 4.000 rpm está muito melhor, mas você não precisa de alta rotação para obter resultados: o motor é forte o bastante entre 2.000 e 4.000 rpm para fazer do trabalho com o câmbio mais uma opção que uma necessidade. Em piso liso, o carro responde com inserção rápida em curva e moderada inclinação de carroceria. Com os pneus 245/45 R 17 fornecendo grande aderência, a fábrica pôde suavizar as molas e os amortecedores, o que resultou em muito mais conforto nos pavimentos do mundo real”.
Uma versão Cobra R foi oferecida no mesmo ano com freios mais potentes, amortecedores Koni e melhor arrefecimento para motor e direção. O banco traseiro, ar-condicionado e sistema de áudio eram removidos para aliviar peso, por se tratar de um Mustang voltado ao uso em pistas, mas o motor era o mesmo do Cobra básico. Foram fabricados apenas 107 carros, todos fechados e em cor vermelha.
Linhas arredondadas modernizavam o Mustang 1994, disponível como cupê e
conversível; apesar da mesma plataforma, sua estrutura ganhava rigidez
Retorno à esportividade
A reformulação de que o Mustang tanto precisava vinha no modelo 1994. Sua nova geração mostrava um desenho atual e linhas arredondadas, inspiradas no conceito Mach III (leia boxe na página 4), que resgatavam o espírito esportivo dos primeiros pôneis. O emblema do cavalo voltava para a grade frontal, que ficava escondida sob o capô, dando a impressão de que o símbolo flutuava. As tomadas de ar laterais reapareciam, assim como as lanternas triplas. A coluna traseira era semelhante à dos fastbacks de tempos passados. As grandes rodas de 17 pol completavam o conjunto.
A plataforma permanecia derivada da Fox, adotada no longínquo 1979, mas com aumento de 44% na rigidez torcional do cupê e 80% na do conversível. Não havia mais opções de carrocerias fechadas: só um três-volumes de duas portas. Apesar de todas as modificações — 1.330 de suas 1.850 peças eram novas, de acordo com a Ford —, alguns puristas torceram o nariz e atacaram o novo modelo, dizendo que estava “japonês” demais.
As opções de motores se baseavam em um V6 de 3,8 litros e 145 cv e no tradicional V8 302 de 4,95 litros, que rendia 215 cv na versão GT; não havia mais o quatro-cilindros. O Mustang podia ter câmbio manual ou automático, este com quatro marchas, e pela primeira vez trazia freios traseiros a disco mesmo na versão básica. No GT vinham rodas de 17 pol com pneus 245/45. Entre os itens disponíveis à parte estavam rádio com toca-CDs e amplificador de 460 watts e freios ABS.
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As recriações
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Nem todos gostam de manter originais os carros antigos: alguns preferem atualizá-los em mecânica e visual para acompanhar carros mais modernos. Para esses existem as recriações.
Uma das especialistas no setor é a Classic Recreations, que em 2011 apresentou o Shelby GT 500 CR, sua interpretação para o GT 500 dos anos 60. Na versão Venom, o motor V8 de 427 pol³ (7,0 litros) recebe compressor ProCharger para chegar à potência de 790 cv! Outras novidades são bancos esportivos mais envolventes, pneus mais largos (245/45 R 17 na frente e 315/35 R 17 na traseira) e suspensão aprimorada.
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Outra opção da empresa é o Shelby GT 350 CR 1966, derivado do fastback que Carroll Shelby preparou na época. Oferece motor V8 427 de 545 cv, câmbio manual Tremec de cinco marchas e sistemas de freios, direção e suspensão modernos, assim como as rodas de alumínio forjado e os pneus. Uma injeção de óxido nitroso garante arrancadas ainda mais vigorosas. Dentro do Shelby atualizado há bancos esportivos, ar-condicionado automático e sistema de áudio de alta qualidade.
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Se o interesse for mais específico pelo carro do filme Bullitt, a Gateway Classic Mustang transforma qualquer Mustang fastback 1967 ou 1968 em uma réplica do modelo usado nas perseguições, sob o nome Steve McQueen Signature Mustang. Além da típica cor verde e das rodas negras, são empregados um motor Roush V8 de 450 cv, suspensão com elementos mais modernos e amortecedores ajustáveis, câmbio de cinco marchas e freios de alto desempenho.
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Outro Mustang clássico do cinema, o Shelby GT 500 “Eleanor” de 60 Segundos, foi reproduzido em 2009 pela preparadora alemã Wheelsandmore. O fastback de 1967 recebeu motor V8 de 5,7 litros com 350 cv, pacote visual do GT 500, rodas de 20 pol em alumínio forjado e suspensão aprimorada.
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