Apesar da semelhança visual ao anterior, o Discovery Series II estava maior,
mais luxuoso e trazia diversos aprimoramentos técnicos e eletrônicos
Parece o mesmo, mas não é
Embora à primeira vista o modelo 1999 pudesse parecer o mesmo de antes, todos os painéis de carroceria eram novos e a estrutura ganhava 20% em rigidez torcional. Mais longo em 16,5 centímetros e mais largo em 9 cm, o Discovery ganhava espaço para os passageiros e a bagagem. Sob a pele remoçada, a segunda série (Series II) do utilitário trazia avanços técnicos permitidos pela compra da Rover pelo grupo BMW em 1994.
Nas suspensões — ambas com eixo rígido e molas helicoidais —, os eixos cedidos pelo Range Rover aumentavam o curso das rodas e a calibração era refeita para maior controle de movimentos. O sistema Active Cornering Enhancement, opcional, atuava como barras estabilizadoras variáveis: monitorava o comportamento em curvas e, se necessário, aumentava a pressão hidráulica em atuadores que reduziam a inclinação da carroceria. O pacote incluía rodas de 18 pol com pneus 255/55.
Um novo motor turbodiesel era oferecido; os auxílios ao motorista incluíam
controles de tração e de descida e estabilizadores com atuação variável
Outra opção era o sistema pneumático de nivelamento da traseira, que permitia ainda o controle da altura por um comando remoto — ideal para facilitar a colocação de cargas ou acoplar um reboque. Havia mais avanços: freios com distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), controle eletrônico de tração (tão eficaz que o carro poderia seguir adiante com aderência em apenas uma roda) e o sistema Hill Descent Control de controle de velocidade em descidas, então já visto no Freelander, que aplicava os freios de modo automático para segurar o veículo em velocidade correspondente à marcha selecionada.
Havia controle eletrônico de tração, tão eficaz
que o carro poderia seguir com aderência em uma
só roda, e controle de velocidade em descidas
Em meio a tantos progressos, o motor V8 de 3,95 litros dava lugar a uma versão aprimorada, a mesma em uso pelo Range Rover, com novos componentes móveis, sistema de admissão e central eletrônica, o que lhe trazia mais 6 cv e 2,6 m.kgf — estava agora com 188 cv e 34,7 m.kgf. A caixa de câmbio era modernizada, com controle eletrônico e modos esportivo e manual. Inédito era o turbodiesel TD5, um cinco-cilindros de 2,5 litros com injeção direta, 135 cv e 30,6 m.kgf.
A segunda série mostrou qualidades no teste da revista norte-americana Motor Trend: “A diferença é bem perceptível. O veículo oferece respostas mais rápidas de direção, faz curvas mais precisas e está dramaticamente mais estável, entre os melhores da categoria. Contudo, o antigo motor não combina com a sofisticação do conjunto: embora mais silencioso que antes, comparado a motores da Mercedes e da Lexus, este V8 tem pouca potência e baixa eficiência. De modo geral, o Series II deu um tremendo salto adiante, tanto em sofisticação técnica quanto em competitividade”.
Os faróis do Discovery 2003 lembravam os do Range Rover; motor de 4,6 litros e
suspensão com altura variável durante o uso eram outros aprimoramentos
Mais evoluções vinham para 2003, afetando motor, câmbio, suspensão e freios. Ampliado para 4,6 litros, o V8 passava a oferecer 218 cv e 41,5 m.kgf. A suspensão ganhava sistema de controle de altura mais avançado, capaz de variá-la por meio manual ou automático durante a condução. A aparência buscava certa atualidade com faróis inspirados nos do novo Range Rover, com dois refletores circulares em cada. A versão mais luxuosa, Landmark, vinha com bancos de couro, teto solar duplo, navegador, toca-CDs para seis discos e sensores de estacionamento na traseira.
Na opinião da Motor Trend, o modelo 2003 “ainda se comporta como os mais tradicionais SUVs. Em tarefas desafiantes no 4×4, permanece apto a lama, rochas e trilhas extremas. Apesar do motor mais vigoroso, porém, ele continua a parecer subpotenciado no uso em cidade”.
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Os conceitos
Versões do Discovery ainda mais capacitadas a desafios fora de estrada foram expostas em eventos. No Salão de Chicago de 1999, nos EUA, a Trek Edition mostrava para-choques especiais, proteção frontal, bagageiro de teto e pintura com elementos em preto sobre fundo laranja. O objetivo era divulgar os eventos de treinamento da rede de concessionárias promovidos pela Land Rover no país.
Dois anos mais tarde, no Specialty Equipment Market Association (Sema) Show, um salão para carros preparados e acessórios, aparecia o Discovery II Kalahari. Tinha para-choques refeitos para aumentar os ângulos de entrada e saída, faróis de xenônio, proteção frontal e bagageiro. A suspensão foi levantada em 10 cm e as rodas de 17 pol usavam pneus 285/70. O teto armazenava uma tenda e um chuveiro podia ser ligado ao sistema elétrico do carro.
Em competições
Em 1980, três equipes alemãs a bordo do Jeep Willys cruzaram a Amazônia: começava ali o Camel Trophy, competição fora de estrada patrocinada pelos cigarros Camel, que no ano seguinte adotava o Range Rover como veículo oficial. A parceria com a Land Rover se mostraria duradoura: entre 1983 e 1989 seria usado o jipe Land Rover (mais tarde chamado de Defender), com exceção de 1987, quando o Range voltou a competir; de 1991 a 1997 o Discovery assumiu o posto, cedido em 1998 para o Freelander, usado por dois anos. No último evento da série, em 2000, o “veículo” oficial foi o bote Ribtec 655, mas o Defender atuou como apoio.
O Discovery foi empregado nas provas da Tanzânia e Burundi (1991), Guiana (1992), Malásia (1993) e Argentina, Paraguai e Chile (1994), na versão 200 TDI, e nas competições do Mundo Maia, do Kalimantan e da Mongólia (de 1995 a 1997), em versão 300 TDI. Os motoristas dos utilitários amarelos enfrentavam duras provas em regiões inóspitas, em geral com muita lama e difíceis trabalhos em equipe, onde a camaradagem e a parceria eram mais importantes que a competição em si.
Com a extinção do Trophy, surgia em 2003 uma nova prova nos mesmos moldes, o G4 Challenge, dessa vez com os jipes em cor laranja. O evento teve duas edições, em 2003 e 2006, com a participação dos modelos Defender, Freelander, Discovery (Series II em uma edição, modelo 3 na outra) e Range Rover (no segundo ano, também do Range Rover Sport). Embora carros tenham sido preparados para uma terceira edição, a de 2009, o evento foi cancelado por causa da crise econômica mundial.
Em março de 2012 a empresa lançou a Land Rover Journey of Discovery, expedição de 50 dias e 12.800 quilômetros entre Birmingham, na Inglaterra, e Pequim, na China, para comemorar a produção do milionésimo Discovery. Os carros percorreram 13 países e passaram por regiões como Chernobyl, para marcar os 25 anos do desastre nuclear, e uma antiga base de submarinos soviética.
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