Duas edições limitadas vinham em 2003: a Storm (acima), com molduras em cinza e motor de 132 cv, e a Centennial, com duas cores de couro nos bancos
A série especial Centennial, alusiva aos 100 anos de fundação da marca nos EUA, aparecia em junho de 2003 em preto com bancos de couro em duas cores. Em novembro vinha a edição Storm com o turbodiesel de 132 cv, acabamento cinza-fosco nos acessórios externos, novas rodas e molduras para alargar os para-lamas. A linha 2004 ganhava a versão XLS, com motor a gasolina ou a diesel, que substituía a XL e adicionava ar-condicionado e conjunto elétrico. Novos bancos e alarme eram outras mudanças, mas desapareciam as opções de cabine estendida e motor V6. A série Limited Two Tone vinha com pintura em dois tons, um deles para a parte inferior da carroceria e as molduras dos para-lamas.
A Ranger assumia as linhas da norte-americana no modelo 2005, com mudanças na frente, suspensão recalibrada para maior conforto e rodas de 16 pol nas versões superiores. A “nova” picape ficaria desatualizada em poucos meses: em março vinha novo motor turbodiesel International de 3,0 litros com injeção eletrônica de duto único, 16 válvulas e expressivos 163 cv, que atendia às novas normas de emissões para utilitários. O painel recebia novo quadro de instrumentos. O motor 2,3 a gasolina ganhava potência e torque, para 150 cv e 22 m.kgf, pouco depois.
Com o potente turbodiesel a Ford esperava enfrentar a nova Hilux, diante da qual o Best Cars colocou uma Limited: “No interior, a Toyota parece um carro; na Ford a sensação é quase de caminhão. O motor da Ranger é uma fábrica de ruídos e vibrações. O da Hilux é o extremo oposto: faz o motorista pensar que dirige um veículo a gasolina. A Hilux foi mais rápida, e a Ranger, mais econômica. A Ford chegou a um rodar bem razoável com sua suspensão traseira. A da Toyota causa grande desconforto. Quem compra picape por necessidade, mas prefere dirigir automóveis, deve ficar com a Hilux, mesmo pagando um pouco mais. Já quem gosta mesmo de utilitários, de seu jeito bruto e imponente, só pode ir de Ranger”.
A mudança frontal para 2005 foi seguida pelo potente motor turbodiesel de 163 cv; embaixo, a série Storm que retornava em 2009 (em preto) e a versão Sport
Um kit de gás natural homologado pela fábrica, o primeiro na categoria, era novidade para 2007. Com grande cilindro de 25 m³, o conjunto BRC/White Martins era instalado após a aquisição da picape e implicava perda de potência do motor 2,3 em 17 cv com gás. A Ranger 2008 trazia a versão Sport, baseada na XLS de cabine simples com motor 2,3. Recebia itens externos na cor da carroceria, faróis de neblina, rodas de 16 pol com pneus todo-terreno e sistema áudio com MP3. No resto da linha, a suspensão traseira vinha com os amortecedores externos ao chassi, para melhor controle das oscilações, e a direção estava mais rápida.
As alterações estéticas do modelo 2010 causaram controvérsia, pois não conseguiram esconder a idade avançada do projeto diante das novas concorrentes
O Best Cars avaliou a XLT 2,3: “O motor similar ao do Fusion, mas sem alguns sistemas de variação, é convincente. A caixa com quinta marcha bem longa permite trafegar a 120 km/h com o motor a confortáveis 3.100 rpm. A ré também é sincronizada, o que facilita situações em que é preciso engatar primeira e ré alternadamente. No mais é uma picape cujo rodar está longe de ser confortável, apesar da boa suspensão dianteira. Como marcas da idade, a cabine é um pouco menor do que seria desejável. Mas a nova versão Sport tem os ingredientes estéticos certos e preço para agradar”.
A Storm reaparecia na linha 2009 com visual esportivo. A edição baseada na XLS 4×4 a diesel de cabine dupla trazia cor preta perolizada, estribo e estrutura de caçamba (“santantônio”) em cinza, rodas de 16 pol, pneus todo-terreno e capota marítima. O sistema de áudio My Connection das versões Sport, XLT e Limited tinha conexão Bluetooth e toca-MP3.
A frente de linhas retas da Ranger 2010 causou polêmica; por dentro havia pouco de novo; a Sport voltava em seguida com seu acabamento jovial
As alterações estéticas mais extensas desde que a Ranger fora lançada no Brasil vinham no modelo 2010. Além da frente de linhas retas, eram novos os painéis laterais de carroceria — embora sem afetar as formas da cabine ou da caçamba —, maçanetas e retrovisores, além das lanternas traseiras ampliadas. O resultado causou controvérsia, pois não conseguiu esconder a idade avançada do projeto diante de concorrentes como a Hilux, a Mitsubishi L200 Triton e a Nissan Frontier.
Os motores não mudavam, mas a gama crescia com a XL 4×4 a diesel e a Limited 4×2 a gasolina, ambas de cabine dupla. A garantia era ampliada para três anos. A versão Sport voltava em março de 2010 com rodas de alumínio de 16 pol, faróis de neblina e molduras na cor preta. Vinha só com cabine simples e motor 2,3 a gasolina.
Na avaliação do Best Cars, a Limited mostrou que “trafegar em estradas não pavimentadas é algo que a Ranger tira de letra sem cansar muito os ocupantes, apesar do desconfortável banco traseiro. A suspensão está entre as melhores do segmento e confere bom comportamento no asfalto e melhor ainda na terra. O motor de 3,0 litros a movimenta com facilidade, com aceleração típica de automóveis. É pena que não haja opção de câmbio automático. O interior continua apertado e difícil de ser acessado, tanto pela altura da suspensão quanto pela ausência de alças nas colunas”.
Próxima parte
As especiais
A primeira Ranger tornou-se uma picape conversível, a Sky Ranger. O trabalho foi feito pela especialista ASC, por encomenda da Ford, em apenas 17 unidades. A cabine estendida recebia capota de lona, mantendo uma estrutura de caçamba para proteção em caso de capotamento. A picape recebia novas rodas, faixas, defletor dianteiro e até aerofólio na cobertura de caçamba.
A preparadora Street Legal Performance Engineering (SLP) revelava em 2002 a Ranger Thunderbolt, com leve preparação nos motores V6 (mais 10 cv para o de 3,0 litros e 15 para o de 4,0 litros), suspensão esportiva e rodas de 16 pol. Os acessórios visuais incluíam tomada de ar no capô e aerofólio no fim da cobertura rígida de caçamba. A segunda geração teve ainda acessórios oferecidos pela Xenon.
Duas versões Performance Concept eram preparadas para o Sema de 2003, uma de cabine simples, outra com estendida. Recebiam para-choques esportivos, adorno de capô, saias laterais, novas lanternas e cobertura de caçamba. A suspensão foi rebaixada e as rodas eram de 18 pol. O motor V6 de 3,0 litros tinha compressor para chegar a 230 cv e os freios vinham da Brembo italiana.
No Brasil, a Ford fez uma Ranger especial para o Salão de São Paulo de 2006, a fim de comemorar 50 anos de produção de picapes no Brasil no ano seguinte. A Gold 50, com cabine dupla e motor 3,0 turbodiesel, ganhou rodas de 16 pol com pneus especiais, toca-DVD para o banco traseiro, acabamento especial, cobertura rígida na caçamba e pintura em prata e marrom.
Já na geração global, a empresa inglesa M-Sport — responsável pela preparação de carros de rali da Ford na Europa — propôs em 2014 um trabalho inspirado na F-150 Raptor. Os acessórios fora de estrada incluíam proteção frontal e alargadores de para-lamas. Havia rodas pretas de 18 pol, suspensão elevada, duas saídas de escapamento e proteções inferiores.
A Roush, preparadora tradicional de Fords nos Estados Unidos, lançava em 2018 um pacote para a Ranger sul-africana com motor revisto, rodas de 18 pol, para-choque dianteiro esportivo e outros acessórios.