O cupê AE92 também tracionava com a frente, mas mantinha os faróis escamoteáveis; sem eles, o Levin japonês (última foto) chegava a 165 cv com compressor
“Transporte básico — ao menos em um Corolla — está menos penoso do que se imagina”, relatou a Car and Driver sobre o modelo 1988. “Ele oferece motor de 90 cv, cinco marchas, espaço suficiente para quatro pessoas de padrão norte-americano e três atraentes carrocerias (mais o FX). Com 0-96 km/h em 11,3 segundos, não é um corredor de rua. Estabilidade e freios também não encorajam. Mas o que ele faz, faz bem, com estabilidade direcional e um rodar prazeroso”. Essa fase do Corolla ganhou longa sobrevida como hatch na África do Sul, onde usou os nomes Conquest e Tazz e ficou em linha até 2006.
Produção nos EUA para o sétimo
Já era da sétima geração, em menos de 25 anos, o Corolla lançado em junho de 1991 no Japão sob o código E100. Com aumento em todas as dimensões, continuava a ter carrocerias distintas para Sprinter e Corolla, este como sedã e perua de quatro portas e hatch de três e cinco portas (no ano seguinte). Com o arredondamento das linhas o coeficiente aerodinâmico (Cx) estava bem melhor, 0,33, embora fosse mais alto (0,36) na Wagon, cujas lanternas vinham mais embaixo que na anterior. Foi a primeira trazida ao Brasil (leia história mais adiante).
A sétima geração melhorava em aerodinâmica e ganhava freios ABS; as lanternas da perua vinham embaixo; foi o primeiro Corolla vendido no Brasil
Os japoneses tinham variadas opções sob o capô: 1,3 de 72 ou 100 cv, 1,5 de 105 cv, 1,6 de 113 cv e uma versão mais picante com cinco válvulas por cilindro, 160 cv e 16,5 m.kgf no Liftback (100 cv/litro de potência específica: não só a Honda ofereceu tal patamar de rendimento na época com seu lendário Civic VTI), além das opções a diesel (2,0 de 72 cv e 2,2 de 78 cv). Tração integral ainda estava disponível, assim como peruas para fins comerciais — a Van e a Business Wagon — com eixo rígido e feixes de molas semielípticas na traseira para suportar mais carga. Algumas tinham o teto bastante elevado para ampliar o volume útil.
O Corolla tornava-se em 1997 o carro com maior volume acumulado de vendas na história (22,6 milhões) ao superar o Fusca, embora com diferentes gerações
Nos EUA, onde só aparecia em 1993 mediante produção local, o Corolla recebia outros faróis, grade e para-choques. Deixavam de existir por lá os cupês (havia o Paseo para ocupar esse espaço) e a perua de tração integral. Os motores eram outros: 1,6 de 105 cv e 1,8 de 115 cv, com duplo comando e 16 válvulas; havia opção entre três e quatro marchas na caixa automática. Entre os itens de série estavam bolsa inflável para o motorista e rodas de 14 pol; freios antitravamento (ABS) eram opcionais. Na Europa foram vendidos sedã, perua e hatch com motores 1,3, 1,6 e 1,8 a gasolina e 2,0 a diesel.
A plataforma era a do sedã comum, mas o hardtop Ceres tinha desenho mais elegante
Para a Car and Driver, que testou a perua de 1,8 litro, “dirigir este Corolla mais espaçoso traz a sensação de refinamento que fez os produtos da divisão Lexus tão desejáveis. O desempenho enfatiza a suavidade em vez da velocidade. A caixa automática de quatro marchas executa mudanças macias e o motor só ameaça fazer ruído em alta rotação. Um carro refinado, silencioso, bem-feito, que oferece muito espaço para seu tamanho e grande valor para seu preço. Se a Lexus fizesse uma perua compacta, seria assim”.
Um sedã diferente era o hardtop Corolla Ceres (seu equivalente na linha Sprinter chamava-se Marino), lançado em 1992 com linhas mais esportivas, refinadas e informais. De certo modo, fazia na época o que o Volkswagen CC faz hoje em relação ao Passat, mantendo a plataforma e a mecânica do Corolla comum e o painel do Levin/Trueno. Dois anos mais tarde a Toyota atingia os 20 milhões de unidades da linha. Embora o sedã fosse substituído em definitivo em 1998, a perua comercial se manteve por mais quatro anos no mercado japonês.
O modelo japonês de oitava geração seria a base do primeiro brasileiro; a versão RSi (em vermelho) de 2,0 litros e 156 cv saiu apenas na África da Sul
Oitavo: ousadia mal sucedida
No Japão, maio de 1995 marcou a chegada do oitavo Corolla (E110), com a mesma plataforma do anterior e carroceria unificada com o Sprinter. O desenho continuava comportado. Já com 4,3 metros de comprimento no sedã e até 1.230 kg, podia ter motores 1,3 de 88 cv, 1,5 de 100 cv, 1,6 de 115 cv e 2,0 a diesel de 72 cv. O 1,6 com cinco válvulas por cilindro ganhava variação de tempo de abertura das válvulas para obter 165 cv.
Além do sedã e da perua, a linha compreendia o cupê Levin, o hardtop de quatro portas Ceres e pela primeira vez uma minivan, a Spacio. Não havia mais o três-portas. Agora todo Corolla tinha quatro marchas na transmissão automática; ainda estava disponível tração integral no Japão, onde frente, traseira e interior eram retocados em 1997. Na África do Sul era aplicado um 2,0-litros de 16 válvulas e 156 cv na versão RSi.
O controverso “Corolla de óculos”, com faróis ovalados em toda a linha europeia, durou só dois anos; nas últimas fotos, o modelo de 1999 em diante
O RSi impressionou bem a Car sul-africana: “Ele provavelmente oferece a melhor relação entre desempenho e preço do mercado. A Toyota pretende usá-lo como base para seus esforços de corrida no Grupo N. Sua capacidade de mudar rápido de Clark Kent para Super-Homem faz dele o carro ideal para o entusiasta com família”. No teste o sedã acelerou de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos e alcançou 207 km/h.
O Corolla havia-se tornado em 1997 o carro com maior volume acumulado de vendas na história (22,6 milhões de exemplares) ao superar o Volkswagen (Fusca), embora se possa argumentar que a marca alemã preservou grande parte de seu projeto por todo o ciclo de produção. Até então os europeus recebiam o mesmo modelo do Japão, mas nessa época o cenário mudava.
Os norte-americanos ganhavam em 1998 sua versão, parecida com a dos japoneses
Enquanto os modelos norte-americano, japonês e sul-africano davam continuidade ao estilo sóbrio, na Europa e na Austrália aparecia um desenho frontal arrojado, com faróis ovalados e grade perfurada; a perua retomava as lanternas traseiras nas colunas. Rejeitada por muitos, a ousadia levou a Toyota a reestilizá-lo em apenas dois anos e eliminar os estranhos faróis para 1999.
Para os EUA o Corolla estreava para 1998 com linhas sóbrias, parecidas com as do japonês. Vinha com motor 1,8 de 120 cv, bolsas infláveis laterais e ABS opcional. Não mais havia a perua. “Com o refinamento geral e o custo-benefício do novo sedã, o Corolla deve solidificar a história do modelo nos livros de história e nas estradas. Ao volante, ele parece ágil pela direção precisa e o comportamento confiável. O motor fornece menos ruído e menores emissões enquanto aumenta a potência em 15 cv”, avaliou a Motor Trend. Os 25 milhões de Corollas eram alcançados em 2000, quando o motor 1,8 dos EUA recebia variação das válvulas (sistema VVT-i).
Próxima parte
Nas telas
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O alcance mundial do Corolla pode ser comprovado por suas aparições no cinema: filmes dos quatro cantos do globo usaram-no nas várias gerações e versões nos mais diversos papéis. Da geração inicial KE10, ainda da década de 1960, valem os registros dos filmes australianos Rikky and Pete, comédia de 1988, e Family Demons, terror de 2009. O modelo KE25 de 1972 aparece na comédia Zero to Sixty (1978), enquanto um cupê da TE21 está no filme de terror Barracuda, do mesmo ano, e um cupê TE27 na ação O Vingador Tóxico (The Toxic Avenger, 1984).
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Ainda dos anos 70 são os Corollas da ação Seven (1979), um cupê, e do filme sueco de ficção científica Meteoren (2010), ambos da série E30. O E70 está representado em comédias como Os Homens que Encaravam Cabras (The Men Who Stare at Goats, 2009), Freiras em Fuga (Nuns on the Run, 1990), a finlandesa Klassikko (2001), a argentina Felicidades (2000) e a porto-riquenha Lovesickness (Maldeamores, 2007), que mostra um modelo bem surrado.
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O sedã E80 está na comédia Tammy: Fora de Controle (Tammy, 2014) e o hatch no policial norueguês Eva’s Eye (1999). Um hatch da época é visto no filme policial O Grande Assalto (The Real McCoy, 1993) e um sedã AE82 na comédia Um Romance Muito Perigoso (Into the Night, 1985). Os badalados esportivos AE86 constam do policial 11:14 (2003), das comédias Bridesmaids (2011) e Buffalo ’66 (1998) e da ação Wicked Game (2002).
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A geração seguinte, E90, é vista no filme de ação Zona Verde (Green Zone, 2010), na comédia Meu Vizinho Mafioso (The Whole Nine Yards, 2000) e na ação tailandesa O Guarda-Costas (The Bodyguard, 2004). Há ainda os sedãs dos dramas Por um Sentido na Vida (The Good Girl, 2002) e Fora de Controle (Changing Lanes, 2002) e a perua da comédia Kid Cannabis (2014).
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O E100, primeiro Corolla com importação oficial para o Brasil, aparece nos dramas Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004) e Bad Posture (2011), nas comédias A Inveja Mata (Envy, 2004) e Como Enlouquecer seu Chefe (Office Space, 1999), no policial indonésio Killers (2014) e na ação jamaicana Third World Cop (1999). A série subsequente E110 é encontrada no drama brasileiro O Invasor (2002), já com o sedã feito aqui, e no drama francês Q (2011) com uma perua.
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Se o Corolla E120 não é comum no cinema (pode ser visto na ação indiana The Killer, 2006), o E130 é mais frequente, como no policial Respostas do Além (Last Hours in Suburbia, 2012), no drama Empty (2011) e na comédia The Life of Lucky Cucumber (2009). Da série E140 vale citar o carro oficial da comédia brasileira O Candidato Honesto (2014), os policiais da ação indiana Acid Factory (2009) e o “tunado” da comédia Super Velozes, Mega Furiosos (Superfast!, 2015).
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Para concluir, Corollas E170 estão no drama Quem Procura Acha (Digging for Fire, 2015), com o sedã norte-americano, e no romance chinês Ba li jia qi (nome internacional Paris Holiday, 2015), que usa um modelo fabricado lá pela FAW-Toyota, similar ao brasileiro.