Com diversos nomes e venda também por marcas parceiras,
esse pequeno japonês alcançou mercados numerosos mundo afora
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Enquanto alguns fabricantes japoneses espalham os próprios tentáculos pelo mundo, como Honda, Nissan e Toyota, outros têm como hábito firmar associação com marcas estrangeiras para alcançar mais mercados. É o que aconteceu muitas vezes com a Suzuki — como no caso do Swift, nome que significa rápido em inglês.
Sua primeira geração, lançada em 1983 no Japão sob o nome Cultus, era um hatchback de três ou cinco portas com 3,58 metros de comprimento, 2,24 m entre eixos (o cinco-portas media 10 centímetros a mais em cada dimensão) e peso a partir de meros 620 kg. A arquitetura com tração dianteira e motor transversal era típica dos carros de seu porte. O estilo simples, com predomínio de linhas retas, mostrava grande área envidraçada.
Compacto e leve (620 kg), o primeiro Swift combinava economia com espaço bem
aproveitado; ele oferecia motores de 1,0 e 1,3 litro e até câmbio automático
Um motor de 1,0 litro e três cilindros em linha, com potência de 60 cv e torque de 8,5 m.kgf, era o único oferecido de início com câmbio manual — mais tarde viriam o 1,3, com 75 cv e 11 m.kgf, e um câmbio automático de três marchas. Em 1985 a frente era remodelada, tornando-se mais inclinada, e o interior ganhava novo painel. Na suspensão traseira o antigo feixe de molas semielípticas dava lugar a molas helicoidais. No ano seguinte aparecia o esportivo GTi, sempre com três portas, dotado de motor 1,3-litro com duplo comando e 101 cv — o menor 16-válvulas então em produção no mundo — para um peso de 750 kg. Faróis de neblina, rodas esportivas e saias laterais conferiam ar diferenciado.
No teste da revista inglesa Autocar, o GTI acelerou de 0 a 96 km/h em 9,1 segundos e foi elogiado pelo desempenho, comportamento dinâmico e economia: “O GTi eleva o nível de tecnologia dos carros pequenos e oferece um grande desempenho em um chassi muito competente, com freios e direção de acordo. Se você não precisa de alta velocidade em rodovias ou é um passageiro do banco traseiro, esse Suzuki oferece uma relação entre custo e diversão quase imbatível”.
O esportivo GTi usava um 1,3 com 16 válvulas e 101 cv para acelerar rápido; o
Chevrolet Sprint vendido nos EUA foi uma das muitas variações do Swift
O primeiro modelo chegou a vários mercados com diferentes nomes. No Japão era Cultus, no Canadá chamava-se Forsa, e em outros países, Swift — sempre pela Suzuki. Os Estados Unidos compravam-no como Chevrolet Sprint, incluindo a opção de motor turbo, enquanto outra divisão da General Motors vendia-o aos canadenses como Pontiac Firefly. Havia ainda o Holden Barina, na Austrália e na Nova Zelândia, e o Isuzu Geminett no próprio Japão.
No Japão o primeiro Swift era chamado de Cultus;
no Canadá, Forsa e Pontiac Firefly; nos EUA,
Chevrolet Sprint; e na Austrália, de Holden Barina
O segundo Swift aparecia em setembro de 1988 com linhas mais arredondadas — “orgânicas”, tendência nipônica na época — e lanternas traseiras horizontais em posição baixa. Estava um pouco maior, com 3,74/2,26 m no três-portas e 10 cm a mais nas medidas no cinco-portas, e logo no ano seguinte ganhava a opção sedã de quatro portas com 4,09 m de comprimento. Um simpático modelo conversível também foi produzido.
Além do motor de 1,0 litro com 58 cv e 8 m.kgf, eram oferecidos o 1,3 com 82 cv e o 1,5 com 91 cv, este apenas no sedã. O GTi mantinha o 1,3 16V de 101 cv, sem turbo, e havia opção de tração integral e câmbio automático. A suspensão traseira passava a ser independente McPherson e o peso aumentava, mas pouco, partindo de 760 kg.
Mostrado em versão japonesa Cultus, o Swift GTi (branco) era o topo de linha da
segunda geração; à direita o Geo Metro, vendido nos EUA por nova divisão da GM
Para a Autocar, desempenho, câmbio, freios e economia eram destaques do novo GTi: “Fica claro que a Suzuki percebeu as limitações do antigo Swift e tentou retificá-las no novo. O estilo anguloso foi substituído por um bem mais suave. Falta à suspensão independente a suavidade esperada. Por outro lado, o novo câmbio é soberbo e nada havia de errado com o motor, que continua seu maior atributo. Distribuição de potência, resposta imediata e maravilhoso som trazem puro prazer ao motorista entusiasta”.
Sobre o GTi a empresa alemã Zender fez um interessante roadster de conceito, o Swiftster, com dois lugares e defletores em vez de para-brisa. Leves mudanças visuais, como para-choques e a posição da placa traseira, vinham no Swift 1992 junto a um novo painel. Foi a época em que o modelo chegou ao Brasil em versões de 1,0 litro (incluindo câmbio automático) e GTi 1,3. Um ano depois começava sua produção europeia, na Hungria. Mais alterações de estilo viriam em 1996 e 2000, ano em que aparecia a opção de tração nas quatro rodas.
Como o antecessor, esse Swift existiu com múltiplos nomes: Cultus no Japão, Geo Metro (a divisão Geo da GM vendia carros feitos por marcas japonesas) e Chevrolet Sprint nos EUA, Pontiac Firefly no Canadá e no Oriente Médio, Holden Barina na Austrália, Chevrolet Swift na Colômbia, Subaru Justy na Europa, Maruti 1000 e depois Esteem na Índia (apenas sedã, produzido até 2007) e Changan Suzuki Lingyang na China, onde permanece em fabricação como sedã.
Renovações parciais de estilo em 1996 (à esquerda) e 2000 buscaram manter atual
a segunda geração do Swift, produzida até 2007 na Índia e ainda hoje na China
Embora um novo Swift — com formas que sugeriam um utilitário esporte — tenha sido lançado no Japão em 2000, o modelo que deu seguimento natural à história vinha apenas em 2004, um hatch de linhas modernas com 3,69 m de comprimento e 2,39 m entre eixos. Mais uma vez era oferecido com três e cinco portas, com desenhos diferentes nas laterais e janelas, além de um sedã de quatro portas para certos mercados.
Dessa vez estavam disponíveis motores de 1,3 e 1,5 litro de 16 válvulas, com 92 e 102 cv (na ordem), e tração integral opcional em mercados como o japonês. Um 1,2-litro de 90 cv vinha em 2007 associado a câmbio automático de variação contínua (CVT), enquanto o 1,3 podia ter caixa automatizada. Um 1,3 turbodiesel oferecido na Europa era fornecido pela Fiat. A suspensão traseira adotava eixo de torção.
A terceira geração dava um passo decisivo em modernização e oferecia 125 cv no
Sport; o sedã Maruti Dzire foi feito com base no hatch para o mercado indiano
A versão esportiva, agora Swift RS no Japão ou Sport na Europa, usava um 1,6 com 16 válvulas, 125 cv e 15,1 m.kgf (para 0-100 km/h em 9 segundos), suspensão revista, controle eletrônico de estabilidade e freios a disco nas quatro rodas, que tinham 16 ou 17 pol. Bancos Recaro podiam equipar o interior. Na Índia, a Maruti Suzuki lançava em 2008 o sedã Swift Dzire. No ano seguinte um Swift hatch conceitual era revelado com motor elétrico de 75 cv e uma unidade de 660 cm³ a gasolina, usada só para recarga das baterias. Embora um conversível tenha aparecido em salões como Concept S2, não chegou à produção.
O Sport foi avaliado pela inglesa Evo, que o descreveu como “diversão boa e barata”, mas não aprovou a sensibilidade da direção. “O motor faz seu melhor trabalho em alta rotação, pede para ser exigido e nunca parece dar um suspiro. Curvas mais rápidas são fáceis: basta girar o volante mais cedo e o Swift permanece plano e estável. O Sport não é um expoente de refinamento em tração dianteira, mas você sai dele com um largo sorriso. Imagine quanta diversão é colocá-lo no JWRC”, categoria do Mundial de Rali para carros menores.
O hatch azul é da quarta geração do Swift, oferecida também como Sport
(branco) e Outdoor (vermelho); o sedã Maruti Dzire também era redesenhado
O pequeno Suzuki passava em 2010 à quarta geração, que evoluía o tema de estilo da anterior e crescia mais um pouco — 3,85 m de comprimento, 2,43 m entre eixos, entre 970 e 1.080 kg de peso. Produzido também na Hungria para atender ao mercado europeu, vinha com motores a gasolina de 1,2 litro (92 cv), 1,4 litro (95 cv) e 1,3 turbodiesel; havia opção de câmbio automático de quatro marchas e de um CVT.
O Sport aparecia em 2012 com motor 1,6 16V de 136 cv e 16,3 m.kgf, câmbio manual de seis marchas e opção de CVT que simulava sete quando ajustado para mudanças manuais. Rodas de 17 pol, faróis de xenônio, duas saídas de escapamento e suspensão mais baixa garantiam o aspecto do pequeno esportivo, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. No mesmo ano aparecia a versão Outdoor, com tração integral e visual “aventureiro”, e a Maruti apresentava na Índia o sedã DZire atualizado de acordo. Revisões visuais eram aplicadas à linha 2013 do Swift no ano de seu trigésimo aniversário.
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