A frente estava mais angulosa em 2013 e havia novas versões; ao lado do Gol Rallye (em vermelho) aparecia o Track, com motor 1,0 e suspensão alta
A Volkswagen inspirou-se em Fox, Jetta e Passat para remodelar o Gol e o Voyage para 2013 — na verdade, o ano-modelo foi lançado pouco antes sem as alterações, estratégia que sempre irrita os que compraram o carro novo-agora-velho. A frente adotava formas mais angulosas e fazia a grade se ligar aos faróis; na traseira mudavam tampa do porta-malas, lanternas e para-choque. No Gol surgia uma quebra na base das lanternas e o principal vinco da tampa vinha mais baixo. O Voyage ganhava perfil rebaixado para as lanternas e seu complemento na tampa.
Difusores de ar, aparelho de áudio e comandos de ventilação eram novidades internas, assim como mensagens para direção econômica e sugestão para mudanças de marcha — para cima ou redução — no painel. Havia alguns equipamentos de série a mais. Nova arquitetura eletrônica permitia recursos inéditos nos modelos: a alavanca de luz de direção as fazia piscar poucas vezes em um comando leve, para mudanças de faixa, e as luzes de freio piscavam ao se pisar no freio de maneira acentuada.
Duas versões estavam no catálogo: básica e superior, que era a Power para o Gol e a Comfortline para o Voyage. Essas últimas podiam ter rodas de alumínio de 16 pol com pneus 195/50, inéditas na linha. Qualquer versão 1,6 podia receber a caixa automatizada I-Motion. Na parte mecânica, o motor de 1,0 litro passava à versão TEC (Tecnologia para Economia de Combustível), com mais torque em baixas rotações e consumo reduzido em 4%, segundo a fábrica. Os valores máximos de potência e torque não mudavam. O pacote opcional Blue Motion Technology vinha com pneus 175/70 R 14 com menor resistência à rolagem.
A Saveiro acompanhava as mudanças em 2014; a Cross adotava grandes faróis auxiliares, que combinavam as funções de neblina e longo alcance
A linha 2013 trazia também o Gol de três portas, inédito naquela geração, com motores de 1,0 e 1,6 litro. A Saveiro Cross recebia bolsas infláveis frontais e freios ABS de série, assim como pedais esportivos, e a Trooper ganhava rodas de alumínio e para-brisa degradê. A Parati saía de produção depois de 30 anos em apenas duas gerações.
As quatro válvulas por cilindro chegavam ao Gol de 1,6 litro apenas em 2014 com um novo motor, da mesma família do três-cilindros de 1,0 litro do Fox e do Up
Maiores novidades estavam reservadas para a Saveiro 2014: seguia o novo desenho frontal de Gol e Voyage, além de pequenas novidades no interior. A Cross adotava grandes faróis auxiliares, que incluíam funções de neblina e longo alcance. Na mesma época o Gol Rallye voltava ao lado do inédito Track.
Ambos vinham com altura de rodagem 23 mm maior e, no Rallye, pneus maiores para ganhar outros 5 mm — mas sua medida, 195/50 R 16, estava menos adequada ao uso fora de estrada que a do modelo original. Os 175/70 R 14 do Track eram bem mais apropriados para estradas de terra e obstáculos. Eles vinham com molduras salientes nos para-lamas, faixas nas portas e, no Rallye, o para-choque dianteiro da Saveiro Cross com faróis auxiliares. Na linha 2014, a versão Highline substituía o Gol Power e o Voyage Comfortline como opção de topo.
O Gol Rallye estreava o motor EA-211 de 16 válvulas e até 120 cv; variação de tempo de válvulas e preaquecimento de álcool para partida eram novidades
Enfim, 16 válvulas no 1,6
Talvez pela má fama obtida pela versão 16V de 1,0 litro, a Volkswagen demorou a aplicar quatro válvulas por cilindro ao motor de 1,6 litro. A novidade aparecia apenas na linha 2015 no novo motor EA-211, restrito ao Gol Rallye e à Saveiro Cross. Da mesma família do três-cilindros de 1,0 litro do Fox e do Up, ele oferecia soluções como duplo circuito de arrefecimento (para resfriar mais o cabeçote que o bloco na fase de aquecimento), bloco de alumínio, câmaras de combustão hemisféricas, variação de tempo de abertura das válvulas de admissão, bielas e virabrequim mais leves e partida a frio com preaquecimento de álcool — sem uso na marca desde a edição Polo E-Flex de 2009.
Os ganhos de potência e torque, porém, eram menores que o esperado: de 101/104 cv para 110/120 cv e de 15,4/15,6 m.kgf para 15,8/16,8 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool. A caixa automatizada I-Motion recebia reprogramação eletrônica para trocas de marcha mais suaves e precisas. A linha 2015 trazia ainda o Voyage Evidence, com o conhecido motor 1,6 associado a frisos cromados nas laterais, rodas de alumínio de 16 pol, painel em cinza claro e revestimento dos bancos combinando camurça sintética e couro.
Além do motor mais atual e potente, a Saveiro Cross recebia controle de estabilidade e freios a disco nas quatro rodas com função Off-Road
Na avaliação do Gol Rallye manual, o Best Cars observou que “a agilidade do antigo motor foi preservada. O Rallye arranca fácil e ganha desenvoltura logo ao redor de 1.500 rpm. Em nenhum momento nota-se ‘preguiça’ em baixos giros. À medida em que cresce a rotação, o novo motor mostra sua melhor faceta: é tão alegre para girar que parece até mais potente que os 120 cv. Até o limite de 6.500 rpm ele funciona macio, com poucas vibrações. O que não agradou foi o nível de ruído, ainda bem presente a partir de 4.000 rpm”.
A revista Car and Driver confrontou o Rallye I-Motion ao Hyundai HB20X com caixa automática: “O Gol escorrega menos de frente se comparado à versão civil, e apesar da altura, os amortecedores contêm a rolagem lateral da carroceria. Em comparação com o HB20X, o Volkswagen tem menos perfumaria e mais atitude. O Hyundai se mostra mais condizente com o habitat urbano. Só que para você que gosta de acelerar em condições que os outros freiam – e não tem paciência com piso ruim —, o Gol é o melhor companheiro de viagem”.
Na Saveiro as versões agora eram Startline (cabine simples), Trendline (simples ou estendida) e Cross (estendida). Todas ganhavam freios traseiros a disco. A Cross era a primeira picape leve nacional com controle eletrônico de estabilidade e tração e freios ABS com função Off-road, destinada ao uso em pisos irregulares. Ativado por botão, esse modo alterava os parâmetros do sistema para permitir um curto travamento das rodas, a fim de acumular material do piso à frente do pneu e reduzir o espaço de frenagem. Outras novidades da Cross eram assistência à frenagem de emergência, bloqueio eletrônico do diferencial, assistente para partida em rampa e controlador de velocidade.
Próxima parte
Os que não vingaram
Além do pequeno BY (leia quadro na página 5), a Volkswagen estudou outros projetos para a linha Gol que foram abandonados ou substituídos. O principal é o do Voyage de segunda geração, que foi estudado com opções como quatro portas, frente própria e perfil mais esportivo de teto, parecido com o do Bora. Conflitos na diretoria da empresa o levaram para a gaveta e, em seu lugar, recebemos o Polo Classic argentino.
Na mesma época, também não ganhou as ruas a versão do Gol para a Ford. Os estudos com desenho próprio (veja projeções acima), conhecidos anos depois, revelavam que as concessionárias da marca poderiam ter recebido um forte competidor para o segmento dos pequenos, em vez do Fiesta espanhol como paliativo até que esse modelo fosse nacionalizado, em 1996. A insatisfação dos dois fabricantes nesse episódio é apontada como uma das razões mais prováveis da dissolução da Autolatina em 1997.
Como curiosidade, uma das propostas de estilo para a frente do Gol e da Parati de segunda geração (acima) usava grade maior, lembrando o Logus da época. O desenho final mudou para se associar ao Golf lançado em 1991. A foto tirada no túnel de vento de Wolfsburg, Alemanha, mostra ainda um leve degrau na linha de base das janelas na altura da terceira coluna, o que a Parati não adotou.
Finalmente, a semanas do lançamento do Voyage 2009, vieram a público duas fotos de projetos da Volkswagen para o sedã e para a nova Saveiro. As imagens recebidas de leitores e publicadas pelo Best Cars, de autoria desconhecida, mostravam modelos para definição de desenho (mock-up), aparentemente feitas em local restrito na área de Estilo da Volkswagen.
O Voyage (acima) agradava pela inspiração no belo Passat CC nas linhas da traseira, com lanternas arredondadas, colunas espessas, tampa do porta-malas curta e uma borda em sua extremidade. “É certo que a Volkswagen estava no caminho certo para obter um dos mais bonitos sedãs pequenos do mercado”, dissemos. Por que a fábrica abandonou um projeto tão atraente em favor do modelo final, nunca saberemos.
O modelo em escala da Saveiro (acima) revelava certa semelhança com a primeira Chevrolet Montana, pelas formas da caçamba e a cabine mais longa, que sugeria um vidro traseiro inclinado. “O desenho esportivo e moderno, caso chegue à versão final, será forte argumento de vendas”, previu o Best Cars sobre outra ousadia de estilo que não se confirmou. O nome previsto para a picape, Arena, também foi descartado por estar registrado pela General Motors.
Duas curiosidades na foto do sedã: um utilitário esporte atrás dele, não identificado, e um painel ao fundo com uma picape semelhante, mas não igual, à Saveiro da outra foto.