Mais uma viagem vem reforçar as impressões deixadas pelo
sedã mexicano: afinal, como ele se saiu em um mês de avaliação?
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: autor e Paulo de Araújo
Atualização final: 7/2/14
Para assumir o volante do Nissan Sentra SL em seu último fim de semana de Um Mês ao Volante, convidamos o colaborador Paulo de Araújo, que acumula bons quilômetros entre os eventos de lançamento cobertos para o Best Cars e as diversas participações na seção desde que ela foi criada, em maio de 2010. Com experiência de quase quatro décadas de habilitação, Paulo encaixa-se no perfil de público que é alvo de sedãs como o Sentra, apesar de — ironicamente — ter na garagem um hatch e um fastback.
O destino do colaborador foi, dessa vez, o mesmo da maioria de suas contribuições anteriores: a região de Amparo, no interior de São Paulo, partindo da capital. Trata-se de um percurso com boas oportunidades de avaliação, pois mescla trechos de rodovia plana e outros sinuosos aos quais se somou alguma circulação urbana, em um total de 374 quilômetros. A repetição do trajeto — aliás, percorrido pelo motorista desde que o site nem existia — acrescenta referências a sua análise, pois já fizera a mesma viagem com Citroën C4 hatch, Fiat Bravo, Honda Civic, Peugeot 308, Renault Fluence, Toyota Corolla e Volkswagen Jetta Variant, todos de porte médio como o Nissan da vez.
O Sentra em Amparo, SP: desenho sóbrio e elegante, rodar confortável e boa atuação
do câmbio CVT, após breve adaptação, foram pontos elogiados pelo colaborador
De volta, Paulo começa sua opinião pela parte visual: “É um carro bonito e sóbrio, bem família. Suas linhas são suaves e elegantes. Por dentro, o acabamento é satisfatório: bancos de couro com bom aspecto, painel emborrachado e macio ao toque, volante de couro, apoios para os braços. Considerei muito boa a posição de dirigir, pois me encaixei bem com volante e pedais”.
“Para um carro de R$ 72 mil, ele tem um pacote respeitável: nessa faixa de preço a maioria vem só com os equipamentos triviais”, destaca Paulo
Como outros colaboradores, ele destacou o espaço interno: “Ótimo. Na frente não falta espaço em comprimento nem na largura. O painel e o console não sufocam. Na traseira é melhor ainda, sobrando espaço para as pernas. O Sentra tem um painel limpo e bonito, com boa visibilidade e controles bem à mão. Nada de complicações, tudo no lugar. Você se sente em casa já nos primeiros minutos”.
Os itens de conveniência foram outro aspecto elogiado pelo motorista: “Câmera de ré, navegador, chave presencial, teto solar e ar-condicionado com regulagem individual em um carro de R$ 72 mil formam um pacote respeitável. Nessa faixa de preço, a maioria dos concorrentes vem só com os equipamentos triviais, deixando as versões completas para a faixa de R$ 80 mil. Importante os retrovisores externos terem rebatimento elétrico e o estepe ser da mesma medida dos outros pneus, para se poder manter o ritmo de viagem ao usá-lo. Apesar do estepe volumoso, o porta-malas é muito amplo em largura, profundidade e altura. Pena que com o banco rebatido fique um grande degrau”.
Paulo foi mais um motorista a aprovar a facilidade de uso, o acabamento e o
padrão de equipamentos de conforto da nova geração do médio da Nissan
Paulo passa aos aspectos mecânicos e de comportamento sem diminuir sua satisfação com o Nissan. “O motor responde bem em uso urbano. Um pouco lento quando solicitado em retomadas, como para ultrapassagem, e algo barulhento ao atingir rotações mais altas, mas nada que o desabone. O consumo médio do uso, 9 km/l de gasolina, pode ser considerado bom para um motor de 2,0 litros, um carro de seu peso, o uso frequente do ar-condicionado e as condições da viagem”, ele analisa.
Em tantos anos de volante Paulo dirigiu poucos carros com câmbio automático de variação contínua (CVT), um deles o Fluence, mas ele o aprovou no Sentra: “De início parece ‘patinar’ um pouco, com a rotação constante enquanto a velocidade aumenta, mas depois de algum tempo de adaptação isso acaba. Acelerando progressivamente ele parece responder melhor. Muito bom o recurso da posição L para decidas e curvas fechadas, pois poupa os freios. E gostei da rotação baixa e confortável mantida em estradas planas”.
No trajeto que põe à prova a estabilidade de qualquer carro, o colaborador considerou o Sentra bem acertado: “Tem uma suspensão firme, mas confortável. Notei certa aspereza na traseira, talvez por conta dos pneus de perfil baixo, sem chegar a incomodar. É um carro bom de curva, que segura bem o peso que leva e não se inclina muito. Os freios mostraram-se eficientes, embora um pouco ariscos em manobras de baixa velocidade, e a direção é leve e precisa”.
Por baixo do espaçoso porta-malas, um estepe de dimensões iguais às dos
outros pneus, o que permite seguir viagem com o mesmo ritmo ao usá-lo
Tudo considerado, perguntamos a Paulo se compraria um Sentra SL caso estivesse à procura de um sedã de sua faixa de preço. “Sim, compraria pela qualidade do projeto, conforto, espaço e elegância. Parece-me um custo-benefício muito bom para a categoria, pois oferece ótimo padrão de equipamentos, não deixa a desejar em motorização e tem preço competitivo. Se eu fosse mudar algo, seria acrescentar um controle eletrônico de estabilidade, item que está se tornando comum na categoria, mas a Nissan ainda não oferece”, conclui.
De modo geral, aprovado
Em 32 dias de avaliação o Sentra rodou 3.235 km — coincidência de 100 km por dia, em média —, sendo 55% da distância percorrida em rodovia e 60% dela com gasolina, e consumiu 419 litros entre os dois combustíveis (veja mais números no quadro Desde o início, abaixo). Passou pelas mãos de quatro homens e uma mulher com idades, preferências e formas de uso variadas.
Dos cinco motoristas, três declararam que comprariam o Nissan caso procurassem um modelo em tais segmento e faixa de preço; outros dois fizeram algum tipo de restrição (ao desenho ou ao desempenho), mas reconheceram que se trata de forte opção na categoria — este editor, que não havia respondido à pergunta ao opinar sobre o carro, esclarece agora que teria, sim, um Sentra. É um bom quadro de aprovação, acima da média para os testes de Um Mês ao Volante.
Dirigido por mais de 3.200 km em condições variadas e por cinco motoristas, o
Sentra mostrou boas qualidades: três deles o comprariam sem restrições
Entre os pontos mais elogiados do modelo estiveram conforto em geral, espaço para passageiros e bagagem, acabamento, itens de conveniência, acerto da suspensão — tanto pelo conforto quanto pela estabilidade —, suavidade do câmbio e relação custo-benefício. Das poucas críticas, a maioria se referiu à falta de funções como comando de vidros a distância, refrigeração no porta-luvas e seleção manual do CVT (por meio de simulação de marchas, como em outros carros com tal tipo de câmbio), embora o ruído do motor em alta rotação e a autonomia com álcool também tenham sido mencionados.
Foi uma boa experiência com o primeiro Nissan a passar pela seção — em um momento dos mais importantes para a marca no Brasil, pois está prestes a iniciar a fabricação local de automóveis com o March e o Versa. Na opinião da equipe, o novo Sentra revelou de fato ter bons atributos para conquistar um lugar ao sol no disputado segmento de sedãs médios.
Desempenho, consumo e ficha técnica | Atualização anterior |
Último período
4 dias
374 km
Distância em cidade
94 km
Distância em rodovia
280 km
Tempo ao volante
11h 20min
Velocidade média
33 km/h
Consumo médio (gasolina)
9,0 km/l
Indicações do computador de bordo
Desde o início
32 dias |
3.235 km |
Distância em cidade | 1.448 km (45%) |
Distância em estrada | 1.787 km (55%) |
Distância com gasolina | 1.953 km (60%) |
Distância com álcool | 1.282 km (40%) |
Tempo ao volante | 94h 33min |
Velocidade média | 34 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 9,0 km/l |
Melhor marca média | 13,1 km/l |
Pior marca média | 5,8 km/l |
Consumo médio (álcool) | 6,4 km/l |
Melhor marca média | 8,5 km/l |
Pior marca média | 4,0 km/l |
Combustível consumido | 418,9 litros |
Gasolina | 217,2 litros |
Álcool | 201,7 litros |
Despesa com combustível | R$ 959 |
Gasolina | R$ 586 |
Álcool | R$ 373 |
Custo por km rodado | |
Gasolina | R$ 0,30 |
Álcool | R$ 0,29 |
Preço médio | |
Gasolina | R$ 2,70 |
Álcool | R$ 1,85 |
Indicações do computador de bordo, exceto despesas |
Preço
Como avaliado
R$ 71.990
Preço público vigente em 9/1/14
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