Após um mês e 2.700 km, o que o Sporting revelou como
aspectos mais positivos e negativos aos motoristas da equipe
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor e de Paulo de Araújo
Atualização final: 3/5/13
Missão cumprida: depois de 32 dias, 2.700 quilômetros e quase 60 horas de funcionamento, o Fiat Bravo Sporting concluiu na segunda-feira sua avaliação de Um Mês ao Volante. Durante esse mês esticado pelo fim de semana, cinco motoristas — uma mulher, quatro homens — de diferentes idades e perfis o dirigiram em localidades diversas do estado de São Paulo, em cidades pequenas como Amparo e Pindamonhangaba e grandes como a capital paulista, com gasolina e com álcool.
O último desses motoristas foi, como anunciado na atualização anterior, Paulo de Araújo. Experiente na seção, da qual participa desde sua criação há exatos três anos, o colaborador levou o Bravo de São Paulo até a região de Amparo, 140 quilômetros a norte da capital. Entre a viagem e trajetos urbanos efetuados até a conclusão do teste, foram 516 km em suas mãos, dos quais 331 em rodovias. O que ele tem a contar?
Apreciador de carros médios com um tempero esportivo — como seu bem conservado VW Passat GTS Pointer 1,8 1986 —, Paulo gosta do desenho do Bravo, que considera atual e atraente, apesar de apresentado em 2007 na Europa. Sobre o interior, destaca “o acabamento caprichado, com bons materiais, e os muitos equipamentos de conforto e conveniência, como o porta-garrafa refrigerado no console central, o teto solar de grandes dimensões e a conexão para MP3 externo”.
O Bravo em Amparo, SP, durante a viagem de Paulo: estabilidade, visual e interior
elogiados, mas com restrições aos bancos, visibilidade e ao consumo de álcool
Sobre o conforto em si, o colaborador se divide: “Os bancos são um pouco duros e os apoios para o corpo poderiam ser mais eficientes. Quanto ao painel, achei boa e ruim sua proximidade do motorista. Boa porque fica fácil acessar os controles, mas ruim porque visualmente ‘sufoca’ um pouco. Muito bom o computador de bordo com medições A e B, mas o botão de controle de altura dos faróis não poderia estar posicionado na direita do painel: teria que estar ao lado esquerdo. Em certas ocasiões o carro oferece pouca visibilidade, tanto pelas largas colunas dianteiras quanto pelo vidro traseiro”.
Músico nas horas vagas, o motorista levou alguns instrumentos a Amparo, o que exigiu rebater em parte o banco traseiro. “É um bom porta-malas: falta espaço nas laterais, mas o espaço é amplo para um carro de sua categoria. Muito bom ter banco traseiro bipartido, mas ele não fica totalmente plano. Deixou a desejar porque dois pedaços de isopor ‘pularam’ da articulação quando rebati o encosto”, observa.
“O motor é um pouco lento em baixa rotação, mas depois de 3.000 rpm mostra um bom desempenho: é questão de trabalhar com o câmbio”, conta Paulo
A viagem inclui trechos de rodovia plana, cumpridos à faixa de 110 km/h, e de serra, que puseram à prova o comportamento dinâmico do Sporting — e ele não decepcionou. “A suspensão é muito boa, bem acertada; o carro tem ótima estabilidade. Estranhei um pouco a sensibilidade da direção com assistência elétrica: no inicio pensei estar pilotando num volante de videogame… Depois fui percebendo que atendia bem e que era esperta até para escapar de buracos”, comenta o colaborador.
Tendo efetuado o mesmo percurso com dezenas de carros nos últimos anos, Paulo logo percebeu que o Bravo não estava — com perdão pelo trocadilho — entre os mais “bravos” com que ele passou por ali. “O motor é um pouco lento em baixa rotação, mas depois de 3.000 rpm mostra um bom desempenho: é questão de trabalhar com o câmbio para que fique sempre ‘esperto’. Nessas condições ele se torna um pouco barulhento, mas não chega a incomodar, já que é uma versão com apelo esportivo. Mas com álcool esse carro é um gastão!”, reclama.
Na opinião dos que o dirigiram, o Bravo oferece um interior agradável e com boa
dotação de itens de conforto; visibilidade e alguns comandos foram criticados
E quanto ele gasta? No trajeto de ida o Bravo fez apenas 6,4 km/l (sempre de álcool), mas tem a atenuante da baixa velocidade média (28 km/h no todo) causada por 100 km de uso urbano. Na volta, quase que restrita a rodovias, os 163 km levaram à média de 8,7 km/l, que pode ser considerada adequada. O terceiro trecho medido nessa reta final da avaliação indicou 7,9 km/l para um uso predominante em vias expressas de São Paulo.
Diante da já clássica pergunta — compraria um pelos R$ 64 mil que custa? —, Paulo responde que sim, que o Bravo seria uma forte opção se um carro de sua categoria estivesse hoje em seus planos. “Dentro do que o mercado oferece, esse Fiat reúne um bom pacote de qualidades por um preço adequado”, conclui.
Ao fim, os altos e baixos
Durante seu mês de convívio com a equipe da seção, o Bravo Sporting deixou diferentes impressões. Os aspectos mais elogiados pelos motoristas foram seu desenho, a boa dotação de equipamentos (como o amplo teto solar e o acendimento de farol de neblina em curvas), a suspensão muito bem acertada — com a dose certa de conforto e estabilidade para sua proposta esportiva —, a direção bastante leve em manobras e o desempenho do motor a partir de média rotação, associado a um “ronco” de admissão agradável e coerente com seu perfil.
Um dos pontos negativos mais citados foi a desenvoltura do motor em baixos regimes, como em saídas e retomadas abaixo de 2.500 rpm: como na Idea Adventure avaliada no ano passado, ficou claro que o E-Torq de 1,75 litro não atende bem a carros mais pesados, o que a Fiat poderia contornar adotando variação de tempo de abertura das válvulas. Houve queixas também a algumas falhas de acabamento e de acessórios do interior (caso do sistema de leitura de pendrives de áudio) e, sobretudo do meio da avaliação até o fim, o problema de odor de combustível que o carro apresentou — sem solução pela concessionária Vita de Pindamonhangaba, mesmo tendo o fabricante feito contato com ela antes do serviço. O cheiro voltou a incomodar nos últimos dias, sobretudo após abastecer, mas até com baixo nível no tanque (veja a resposta da Fiat, recebida em 14/5/13).
Suspensão com acerto ideal e o teto solar duplo foram aprovados pela equipe; já o
motor E-Torq, de bom desempenho em alta rotação, deixou a desejar em baixa
Seu consumo médio global foi de 7,9 km/l com álcool e 10,3 km/l com gasolina (veja dados detalhados no quadro abaixo). A proporção não se aproxima dos esperados 70% (fica em 76,7%) porque são diferentes condições de uso: para esse fim, o melhor é usar os consumos registrados em trajetos-padrão de cidade e rodovia, mostrados em outro quadro desta página. Os índices obtidos como um todo indicam um carro de consumo mediano, longe de sobressair pela economia.
Dois motoristas — Paulo de Araújo e Vitor Freitas — responderam que comprariam um Bravo Sporting, ou ao menos o considerariam como uma forte opção, se estivessem em busca de um hatch médio em sua faixa de preço, R$ 64 mil com os opcionais da unidade avaliada. Para três outros — Fabrício Samahá, Giuliana Pucci de Souza e Luciano dos Santos —, modelos concorrentes teriam preferência, por uma razão ou outra, sendo comum a alegação de que os adversários com motores mais potentes de 2,0 litros e conteúdo similar são vendidos a valores compatíveis ao do Bravo.
Atualização anterior |
Último período
4 dias |
516 km |
Distância em cidade | 185 km |
Distância em estrada | 331 km |
Consumo médio (álcool) | 7,3 km/l |
Melhor marca média | 8,7 km/l |
Pior marca média | 6,4 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
32 dias |
2.695 km |
Distância em cidade | 1.218 km (45%) |
Distância em estrada | 1.477 km (55%) |
Distância com gasolina | 1.061 km (39%) |
Distância com álcool | 1.634 km (61%) |
Tempo ao volante | 59h 47min |
Velocidade média | 45 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 10,3 km/l |
Melhor marca média | 12,6 km/l |
Pior marca média | 8,3 km/l |
Consumo médio (álcool) | 7,9 km/l |
Melhor marca média | 10,1 km/l |
Pior marca média | 4,1 km/l |
Combustível consumido | 311,1 litros |
Gasolina | 103,1 litros |
Álcool | 208,0 litros |
Despesa com combustível | R$ 705 |
Gasolina | R$ 289 |
Álcool | R$ 416 |
Custo por km rodado | |
Gasolina | R$ 0,27 |
Álcool | R$ 0,25 |
Preço médio | |
Gasolina | R$ 2,80 |
Álcool | R$ 2,00 |
Indicações do computador de bordo, exceto despesas |
Preço
Sem opcionais | R$ 59.310 |
Como avaliado | R$ 63.996 |
Preços públicos vigentes em 4/4/13 |
Teste do Leitor
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas/álc.) | 130/132 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,4/18,9 m.kgf a 4.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual / 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 215/45 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,336 m |
Largura | 1,792 m |
Altura | 1,488 m |
Entre-eixos | 2,602 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 58 l |
Compartimento de bagagem | 400 l |
Peso em ordem de marcha | 1.372 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima (gas./álc.) | 191/193 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 10,3/9,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |