Atração à frente

Primeiro carro grande com tração dianteira, o Toronado
lançou uma tendência que dominou a indústria americana

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Uma das divisões da General Motors nos Estados Unidos, a Oldsmobile construiu uma história de primazias. Foi uma das primeiras fábricas de automóveis do país: fundada em 1897, a Olds Motor Works iniciava dois anos depois o projeto de um carro, que chegaria ao mercado em 1900. O Curved Dash Runabout foi o primeiro automóvel americano vendido em certo volume e o pioneiro entre os veículos do serviço postal do país. Quatro anos depois, a marca tinha a primazia de exportar automóveis, para 18 países.

Foi pioneira também no uso do tratamento niquelado em peças de acabamento, em 1908, e no cromado, em 1926. A inovação do câmbio automático, no modelo 1940, foi decisiva para que ela oferecesse um programa de carros especiais, seis anos mais tarde, aos combatentes que haviam perdido membros na Segunda Guerra Mundial. Em 1949 era lançado um motor V8 moderno e de alto rendimento, o Rocket, e em 1962 o turbocompressor no cupê esportivo Jetfire.

Faróis escamoteáveis, lanternas no mesmo estilo da grade, formato fastback: as linhas do primeiro Toronado, em 1966

A Olds logo voltaria a se destacar no cenário americano. A década de 1960 era um tempo em que a indústria automobilística de Detroit recuperava-se dos excessos dos anos 50, como os enormes "rabos de peixe", e apareciam segmentos como o dos pony cars, simbolizado pelo Ford Mustang, e o dos muscle cars ou carros musculosos. Em 1966 a marca apresentava o Toronado, um grande cupê de luxo com soluções técnicas incomuns. O nome, embora possa ser associado à palavra tornado, não tinha significado e havia sido usado três anos antes em um carro-conceito da divisão Chevrolet. Curiosamente, também denomina o cavalo do personagem Zorro.

O aspecto mais marcante desse Olds foi trazer de volta à produção dos EUA a tração dianteira, fora de uso desde a extinção da Cord, em 1937. A solução vinha ganhando adeptos na indústria européia, mas parecia inaplicável a um grande carro americano com motor V8, pela inerente dificuldade de conciliar o controle de direção e a aplicação de potência ao solo pelos mesmos pneus.

A mecânica de um pioneiro: motor V8 de 7,0 litros em azul, câmbio automático de série, suspensão com raio de rolagem negativo, suspensão com barras de torção

A marca vinha trabalhando em seu desenvolvimento desde 1958, liderada pelo engenheiro John Beltz, que mais tarde se tornaria presidente da divisão. Embora o objetivo fosse sua aplicação na linha de compactos F-85, alguns fatores a levaram a preferir estrear o conceito em um carro mais luxuoso e caro. Um elemento era o elevado custo do projeto, mais fáceis de se amortizar em um automóvel de preço superior; outro, pesquisas de mercado que indicaram uma maior aceitação de novas tecnologias pelos compradores desse segmento. Outra mudança de planos foi quando à posição do motor, que da pretendida transversal passou a longitudinal.

O engenheiro F. J. Hooven, da Ford, já havia patenteado um sistema de tração dianteira que a corporação pretendia adotar no Thunderbird para 1961, mas teve de desistir pelo tempo exíguo para desenvolver algo confiável. De fato, o conjunto do Toronado exigiu sete anos e um milhão e meio de milhas de testes para comprovar sua robustez. A prova de que ele acabou superdimensionado está nos motorhomes ("casas" sobre rodas) GMC da década de 1970, que usavam um trem-de-força derivado desse.
Continua

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Data de publicação: 29/4/06

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