Três versões estavam disponíveis. A Trianon, nome de dois palácios que compõem o complexo de Versailles, tinha acabamento mais simples e toda a carroceria pintada na mesma cor. A Versailles trazia o teto em cor diferente do resto da carroceria e a Régence, mais luxuosa, se diferenciava pela parte que compunha a linha das aletas e pela metade inferior das portas em outra cor. Não era um saia-e-blusa, mas buscava certa inspiração neste quesito no Ford Crown Victoria e no Fairlane da época. Na versão de topo os faróis eram do tipo bi-iodo.

As partes da carroceria em cores diferentes eram uma identificação de cada versão do
Vedette, que usava um motor V8 de 2,35 litros derivado da linha Flathead da Ford

Em todas havia a opção do Vistadome, um teto solar corrediço de vidro, algo raro àquela época — o habitual era o teto de lona. Por dentro viajavam com conforto seis pessoas nos dois bancos inteiriços, apesar do túnel central. Na versão Régence podiam vir separados, com encosto reclinável e apoio de braço, item presente também no banco traseiro. No painel retangular havia um grande velocímetro horizontal e marcadores de temperatura e nível do tanque.

Motor V8, suspensão McPherson O motor herdado da Ford, chamado de Aquillon, era derivado da linha Flathead americana (cabeçote plano, em alusão às válvulas laterais), iniciada com o Modelo 18 em 1932. Os oito cilindros tinham ângulo de 90° e cilindrada bastante pequena, 2.351 cm³. O virabrequim usava apenas três mancais de apoio e a alimentação se dava por dois carburadores da marca Zenith em posição invertida. O V8 desenvolvia a potência de 84 cv a 4.800 rpm e o torque de 15,5 m.kgf a 2.750 rpm (valores brutos). Com seu peso respeitável, a velocidade máxima era de 140 km/h, apenas razoável para a época, e o consumo um tanto elevado. O câmbio tinha três marchas, sendo que a primeira ainda não era sincronizada. A alavanca ficava na coluna de direção e a tração era traseira.

A Marly foi a primeira perua francesa para uso em lazer, não comercial; como em toda a linha, a suspensão dianteira seguia o conceito McPherson

Um ponto forte do carro era a suspensão. Contava na frente com rodas independentes pelo hoje consagrado sistema McPherson, de que o modelo anterior do Vedette foi o introdutor no mundo. Atrás vinham eixo rígido e molas longitudinais semi-elípticas com oito lâminas. Os quatro freios eram a tambor, com comando hidráulico, e os pneus diagonais tinham a medida 6,40-13. Na França o Vedette era concorrente direto do Citroën 11/15 Traction Avant, já envelhecido, mas em 1955 entrava em cena o sucessor DS, que viria revolucionar a categoria. Outros adversários locais eram o Panhard PL17, o Peugeot 403 e o Renault Frégate, e no resto da Europa, o Volvo Amazon, o Fiat 1500 e o Ford Corsair.

Uma versão perua também estava disponível: a Marly, primeiro modelo do gênero na França sem finalidade comercial. Bonita e com ótima área envidraçada, sua capacidade de carga era muito boa. Vinha com o teto em outra cor e como opcional podia ser equipada com bagageiro. Em 1957 chegava uma versão mais barata do sedã, de muito sucesso: a Ariane, desprovida de adornos externos. Não tinha qualquer friso cromado e a carroceria era pintada numa só cor. As rodas recebiam pintura rústica e calota simples. Por dentro não havia apoio de braço nas portas de trás, só o motorista tinha pára-sol, os bancos eram inteiriços e não reclinavam. Tudo em nome da simplicidade e do baixo preço.
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O especial
Henry Théodore Pigozzi conseguiu relações estreitas com altas autoridades da França, no final dos anos 50, e propôs substituir os velhos Citroëns 15/6, que tinham carrocerias especiais Chapron e Franay, por Simcas. Para isso, mandou construir um belo conversível de quatro portas com comprimento de 5,42 metros, entreeixos de 2,87 m e cerca de 1.900 kg. A mecânica do V8 não foi alterada, pois se tratava de um carro para desfiles.

Muito interessante, tinha bancos revestidos em couro branco de ótima qualidade, mastros para fixar bandeiras sobre os pára-lamas dianteiros e barra de apoio entre os bancos, para as autoridades desfilarem em pé saudando o público. O pára-brisa e os vidros laterais eram mais altos.

Fechado com sua capota de lona preta, era muito imponente. Não trazia o kit de estepe externo. Vários chefes de estado estiveram nele ao lado do general Charles De Gaulle.

Existem dois exemplares do "Présidence présidentielle": um está nas mãos de um colecionador, o outro em um museu de carros de chefes de Estado, parado desde 1972.

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