
Nuvolari na Targa Florio de 1931
(esquerda), vencida também de Alfa, e no GP da Bélgica de 1933, uma das
provas que ele ganhou de Maserati


Junto à roda dianteira, Tazio
abraçado a Enzo Ferrari; embaixo, após vencer a 24 Horas de Le Mans de
1933, ano em que rompeu com Ferrari


Uma curva rápida da Mille
Miglia de 1933 (em cima), outra vitória, e em Monza, com Nuvolari no
carro número 22 perseguindo o de Achille Varzi

Com o Alfa Bimotore, que
usava um 3,2-litros para cada eixo e somava 540 cv, o piloto estabeleceu
recordes de mais de 320 km/h em 1935 |

Varzi estava na liderança, mas Tazio pilotou com tremenda ousadia e,
perto de alcançar o rival, apagou os faróis para se aproximar sem ser notado e
ultrapassá-lo. Pilotou também em subidas de montanha e deu a primeira vitória à
então nova Scuderia Ferrari. Outros êxitos foram na Cuneo-Colle della Maddalena,
na Vittorio Veneto-Cansiglio e na Tourist Trophy disputada perto de Belfast, na
Irlanda. No mesmo ano encerrava sua brilhante carreira com motocicletas.
Das 20 provas disputadas em 1931, ele venceu sete, incluindo a Targa Florio, o
GP da Itália e a Coppa Ciano. A Scuderia Nuvolari corria quase sempre com Alfas
— modelos 6C 1500 SS, 8C 2300 e o monoposto Tipo A
—, mas Tazio também competiu com um Bugatti 35C.
No ano seguinte foram sete vitórias entre 16 corridas, como o GP de Mônaco e
mais uma Targa Florio. Ele foi ainda o primeiro de sua categoria em cinco provas
e fez a volta mais rápida em nove. Concluiu 1932 como campeão italiano e
internacional.
Do poeta Gabriele D'Annunzio, Nuvolari recebeu uma pequena tartaruga dourada
("Para o homem mais veloz do mundo, o mais lento animal", ele disse), que o
piloto passou a tratar como um símbolo, estampado na roupa amarela que usava
para correr e aplicado à lateral do avião que adquiriu anos depois.
O êxito nas pistas continuava em 1933, com 11 vitórias, entre as quais a Mille
Miglia, a 24 Horas de Le Mans e os GPs da Tunísia e de Nimes. Em Mônaco perdeu
para Varzi, mas não facilmente: depois de muitas trocas de posição entre os dois
ponteiros, o motor de seu Alfa pegou fogo. Tazio ainda empurrou o carro em
chamas até a 200 metros da linha de chegada, quando caiu, exausto — e foi
desqualificado. Esse foi o ano do rompimento com a Scuderia Ferrari, pois
Nuvolari acreditava obter carros melhores e mais dinheiro em uma carreira solo.
Com um Maserati 8CM, venceu na Bélgica, no GP de Nice e na Coppa Ciano, mas em
San Sebastian, Espanha, sofreu um sério acidente. Correu também com os Alfas 8C
2300 e 2600 e, na Tourist Trophy, com um MG Magnette K3.
A temporada de 1934 não foi fácil para ele: os novos regulamentos de Grande
Prêmio levaram a Mercedes-Benz e a Auto
Union a estrearem no campeonato, com seus supervelozes "flechas de prata", e
a equipe particular de Nuvolari não poderia competir com esses gigantes. Além
disso, em abril ele sofria seu mais grave acidente no Circuito Bordino, na
Alexandria (Itália). Mesmo assim, após cerca de um mês estava de volta para o
Avusrennen, na Alemanha, em que obteve o quinto lugar com o carro adaptado para
que o pé esquerdo operasse os três pedais. O ano terminou com nove abandonos de
provas em 23 disputadas, mas ele venceu em Módena e Nápoles.
Se não pode vencê-los, junte-se a eles: foi o que Nuvolari fez ao entrar em
negociações com a Auto Union. Chegou a testar o "flecha" Tipo A dos alemães em
duas oportunidades, em San Sebastian e em Berna, mas encontrou oposição de
outros pilotos da equipe e o negócio terminou por ali — a Auto Union preferiu
contratar Achille Varzi. Então, Tazio retomou o contato com Enzo Ferrari e para
1935 voltou a correr por sua equipe. Com o Alfa P3, venceu em Pau (na França),
Bérgamo, Biella e Turim.
E conquistou sua "vitória impossível" no GP da Alemanha, em Nürburgring: com um
defasado Alfa P3 com motor de 3,2 litros e 265 cv, superou os cinco Mercedes de
4,0 litros e 375 cv e os quatro Tipos B da Auto Union, com a mesma potência do
Mercedes em motores de 5,0 litros e 16 cilindros. Foi também o ano de dois
recordes internacionais de velocidade, para a milha e o quilômetro lançados
(medição iniciada já em velocidade), com 323,1 e 321,4 km/h, na ordem, tendo
atingido 336,2 km/h em uma das provas. O carro era o Alfa Romeo Bimotore, com
duas unidades de 3,2 litros, uma para cada eixo, e total de 540 cv.
Depois de estrear com o monoposto Alfa 8C-35 e vencer o Circuito di Modena,
Nuvolari sofria outro sério acidente em maio de 1936 no GP de Trípoli. Mesmo com
lesões, muitas dores e a recomendação médica de parar por um mês, voltava já no
dia seguinte e conseguia o oitavo lugar. Naquele ano superava os "flechas de
prata" em Barcelona, Budapeste e Milão com seu Alfa 12C e vencia também no lado
de cá do Atlântico, na Vanderbilt Cup, em Long Island, Nova York, nos Estados
Unidos.
Já o ano seguinte foi para ser esquecido, com o domínio das
equipes alemãs e, para Nuvolari, a dor da morte do filho Giorgio, de apenas 18
anos.
Continua
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