Audi A1 Sportback, uma pequena maravilha

Com cinco portas e mais potência no A1, a Audi explicita a
vontade de alargar sua fatia entre os pequenos com pedigree

Texto: Roberto Agresti – Fotos: divulgação

 

Com a versão batizada de A1 Sportback, sobrenome já usado no A3 — o degrau seguinte ao A1 no mundo Audi —, a marca de Ingolstadt completa sua família no chamado mercado de compactos premium no Brasil. E prevê que tal versão, que tem nas cinco portas o elemento diferencial, deve responder por 75% das vendas do A1 por aqui.

O Sportback é oferecido em duas versões: Attraction, com o já conhecido motor de 1,4 litro com turbocompressor e injeção direta FSI que desenvolve potência de 122 cv, e Ambition, dotada de um inédito (no Brasil) sistema de sobrealimentação que se vale de um compressor Roots e do clássico turbo movido pelos gases de escapamento. Com os sistemas que trabalham em conjunto, o mesmo 1,4 litro de capacidade permite alcançar a invejável marca de 185 cv e oferecer 25% a mais de torque. A unidade mais potente agora está disponível também no A1 de três portas.

De janeiro a agosto, a Audi colocou quase mil A1 nas ruas do Brasil segundo os dados de emplacamentos da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). O grande rival, o Mini, conseguiu marca melhor: somando os esportivos Cooper ao mais econômico One, 1.261 deles foram emplacados. E é evidente que com seu A1 Sportback a Audi mira no rival de raízes britânicas, mas de propriedade da rivalíssima compatriota BMW, embora o Citroën DS3 hoje represente uma alternativa a eles.

 

 
Apesar das portas a mais e das colunas traseiras menos inclinadas, o A1 Sportback
não perdeu muito em estilo: continua com aspecto esportivo e “plantado” ao solo

 

Parte de R$ 94.900 o A1 com cinco portas, mas na versão Ambition o preço pula para R$ 114.900. Além do motor mais potente, esse Sportback traz diferenças como as rodas de 17 pol com pneus 215/40, em vez de 16 pol com 215/45 como na versão de entrada. Evidente que opcionais podem fazer tais valores flutuarem: um Ambition com todos os itens disponíveis chega perto de R$ 140 mil.

 

No primeiro contato visual com o A1 Sportback, um olho mais distraído não perceberá diferença de formas entre a versão de três e a de cinco portas, pois foi sutil o trabalho realizado pelos projetistas

 

Entre esses equipamentos estão o amplo teto solar Open Sky que desliza por fora (R$ 5.200), pintura de teto e dos arcos laterais em cor contrastante (R$ 1.500) e o pacote Conforto Plus (R$ 14 mil), com sistema de áudio Bose, navegador e itens variados como ar-condicionado automático, controlador de velocidade, acesso e partida do motor sem uso de chave, faróis e limpador de para-brisa automáticos e sensores de estacionamento traseiros. Curiosamente não há opção de revestimento interno em couro. Todo A1, não importando em qual versão, vem dotado de controle eletrônico de estabilidade e tração, freios antitravamento (ABS), faróis bixenônio com leds de luz diurna, fixação Isofix para cadeira infantil, seis bolsas infláveis (frontais, laterais e de cortina), comandos de trocas de marchas no volante e sistema de áudio com interface Bluetooth.

Um destaque técnico de ambas as versões — motor à parte — é o câmbio automatizado com dupla embreagem e sete marchas, chamado de S-Tronic pela Audi, que concilia trocas de marchas praticamente imperceptíveis e em curtíssimo espaço de tempo ao rendimento de um câmbio manual — que, ao contrário de um automático convencional, epicíclico, não “rouba” energia em determinadas fases de seu funcionamento por meio do conversor de torque.

 


O banco traseiro continua com dois lugares, mas há espaço adicional para cabeça;
o interior algo espartano do A1 pode receber opcionais de alto impacto no preço

 

No primeiro contato visual com o A1 Sportback, um olho mais distraído não perceberá diferença de formas entre a versão de três e a de cinco portas, pois foi sutil o trabalho realizado pelos projetistas na nova carroceria. Ela é 6 milímetros mais larga por conta das maçanetas das portas, reposicionadas, e outros 6 mm mais alta por causa do teto redesenhado, o que não prejudicou o aspecto bem “plantado” ao solo do pequeno Audi. Todavia, a existência de mais duas portas de cada lado, a decorrente mudança no jogo de vidros da lateral e, sobretudo, a inclinação menos acentuada da coluna “C” faz o A1 Sportback parecer algo mais longo.

Perdeu? Ganhou? Ambos: o A1 três-portas é logicamente dono de aparência mais esportiva; já o Sportback oferece em praticidade o que perde no visual. A porção do teto traseira que foi alongada visou a dar mais espaço para a cabeça de passageiros (continuam dois) do banco de trás, que no três-portas ficavam realmente oprimidos pela curvatura acentuada. Pessoas com mais de 1,80 metro no banco traseiro não podiam ficar sentadas de maneira plenamente ereta no A1 lançado antes. Já no Sportback a situação é melhor — um pouco só, mas melhor.

Esforços somados

Por ocasião do lançamento à imprensa, a Audi organizou um teste curto, em trajeto 100% rodoviário. Óbvio que nossa escolha recaiu sobre o modelo com a nova motorização de 185 cv, tendo em vista o bom conhecimento da versão de 122 cv, com a qual realizamos a avaliação de Um Mês ao Volante. E, por conta dessa “intimidade” com o A1 de três portas e menos potente, bastaram poucos metros para sentir que efetivamente a “pegada” do A1 Sportback com o motor mais forte é bem outra.

Próxima parte

 


Na concepção mecânica simples do A1, duas estrelas: o motor com turbo e compressor,
oferecido no Sportback e no três-portas, e o câmbio automatizado de sete marchas

 

A opção de dotar o motor de dois sistemas de sobrealimentação certamente só teve esse excelente resultado por conta da evolução dos sistemas de controle eletrônico. De fato, uma explicação simples do sistema é dizer que o compressor Roots (cujo exemplo mais recente de aplicação em nossa indústria foi o Ford Fiesta Supercharger) é um dispositivo mecânico que “sopra” mais ar na câmara dos cilindros para aumentar seu enchimento. O turbo faz o mesmo, mas depende da pressão dos gases de escapamento para começar a “soprar”.

Muitos imaginam que o compressor, por sua ligação mecânica (via correia) com o motor, seja sempre o primeiro a começar a operar assim que o motor sai da marcha-lenta. Engano! Um turbo moderno é tão eficiente nessa tarefa que pode caber apenas a ele, no A1, o papel de aumentar a potência disponível logo nas faixas de giros mais baixas. Na verdade, a decisão de usar ou não o auxílio do compressor cabe à central eletrônica após analisar o uso do acelerador e a rotação do motor. O controle do funcionamento é feito por meio de uma válvula situada na entrada de ar, após o filtro, que segundo sua posição faz o ar seguir primeiro para compressor ou direto para o turbo.

A Audi prevê diferentes condições de uso:

1) Pouca abertura de acelerador: a válvula fica toda aberta e o ar de admissão segue direto para o turbo. Como a energia dos gases de escapamento é baixa, a pressão produzida pelo turbo é mínima e há vácuo em vez de pressão no coletor de admissão.

 


A central eletrônica define se o compressor deve atuar ou apenas o turbo, mas o que
importa é o resultado: muito torque e respostas instantâneas em qualquer rotação

 

2) Grande abertura de acelerador e rotação até 2.400 rpm: compressor e turbo trabalham juntos, já que a válvula está fechada ou parcialmente aberta para regular a pressão de admissão. O compressor comprime o ar que chega ao turbo, no qual é ainda mais comprimido. Com o acelerador todo aberto, a pressão absoluta no coletor de admissão chega a 2,5 bar (ou 1,5 bar acima da pressão atmosférica).

3) Rotação acima de 2.400 rpm: a pressurização é controlada para não ultrapassar a pressão máxima de 2,5 bar, seja impedindo que todo o ar chegue ao compressor, seja pela válvula de alívio do turbo.

 

A expressão “motor sempre cheio” é plenamente real no A1: afundar o pé no acelerador em baixíssima rotação é dar chance a um benéfico exibicionismo da atual tecnologia Audi

 

O que se consegue com esse sofisticado arranjo? No pequeno motor de 1,4 litro do A1, o anunciado torque máximo de 25,5 m.kgf já está presente a apenas 2.000 rpm e se preserva até 4.500 rpm. Em termos práticos, isso representa um motor que se comporta como se tivesse o dobro da cilindrada. A transição entre compressor ativo e inativo é imperceptível, magistralmente gerenciada pela eletrônica.

E se você já ouviu a expressão “motor sempre cheio”, saiba que no A1 Ambition tal expressão é plenamente real. Afundar o pé no acelerador em baixíssima rotação é dar chance a um benéfico exibicionismo da atual tecnologia Audi, com o câmbio de incrível agilidade se juntando à “pegada” do motor para arremessar o conjunto — de massa declarada de 1.300 kg, nada baixa para um carro de seu porte — à frente de modo decidido. A Audi divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 7 segundos e velocidade máxima de 227 km/h, ante 203 km/h e 9,0 s do Sportback de 122 cv. E se o consumo em ciclos-padrão é um pouco mais alto, as marcas informadas ainda são excelentes (veja abaixo na ficha técnica).

 


Com a praticidade das cinco portas, que os concorrentes Mini e DS3 não oferecem,
a Audi espera conquistar mais fãs para seu charmoso modelo de entrada

 

Em razão do roteiro percorrido, qualquer consideração sobre estabilidade em curva seria leviana. Todavia, mesmo em se tratando de um carro de fórmula simplificada e comum quanto a suspensões — McPherson na dianteira, eixo de torção atrás —, o A1 já se provou referência em agilidade e capacidade de divertir quem aprecia o dirigir esportivo. Cúmplices nisso são o já mencionado câmbio, a direção cuja assistência mostra ajuste exato e, nessa versão, os pneus 215/40 R 17, capazes de jogar a potência do menor dos Audis no solo de maneira muito competente.

O A1 Sportback e seu irmão de três portas pertencem a uma categoria de carros que exige um tipo bem específico de cliente: alguém que sabe valorizar dotes dinâmicos de agilidade que apenas pequenos carros podem oferecer. Seus requintes tecnológicos — câmbio e motor de dupla sobrealimentação — são joias da engenharia que conciliam desempenho a consumo reduzido, com índice de emissões poluentes e de gás carbônico (CO2) bastante baixos.

Uma opção que rende dividendos em prazer de dirigir, em qualidade dinâmica e em adequação ao cenário das metrópoles. Nascido para ser um prático vetor urbano, o A1, agora em versão de cinco portas, ganha em praticidade e se apresenta como um dos mais divertidos carros do mercado. Caro? Sim, mas certamente um modelo que fornece tecnologia e eficiência como poucos, e que certamente ajudará a Audi a aumentar sua fatia no segmento.

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4
Diâmetro e curso 76,5 x 75,6 mm
Cilindrada 1.390 cm³
Taxa de compressão 10:1
Alimentação injeção direta, compressor, turbocompressor e resfriador de ar
Potência máxima 185 cv a 6.250 rpm
Torque máximo 25,5 m.kgf de 2.000 a 4.500 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual automatizado / 7
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência eletro-hidráulica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson
Traseira eixo de torção
Rodas
Dimensões 17 pol
Pneus 215/40 R 17
Dimensões
Comprimento 3,954 m
Largura 1,746 m
Altura 1,422 m
Entre-eixos 2,469 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 45 l
Compartimento de bagagem 270 l
Peso em ordem de marcha 1.290 kg
Desempenho e consumo
Velocidade máxima 227 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 7,0 s
Consumo em cidade 13,3 km/l
Consumo em rodovia 19,6 km/l
Dados do fabricante

 

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