Desfilando à beira-mar, acelerando forte ou devorando
curvas, esse belo conversível nunca destoa do ambiente
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor e de Paulo Keller
Existe uma magia em torno dos conversíveis. Nada se compara a eles em um passeio de fim de tarde, em uma estradinha junto ao mar, ou em uma viagem a céu aberto pela montanha, sentindo aquele frescor da natureza que costumamos deixar de fora de nossos carros fechados e refrigerados. Mas, como em qualquer tipo de automóvel, há entre os conversíveis aqueles especiais sob todos os aspectos — como o Audi S5 Cabriolet.
Colocar as mãos nesse belo quatro-lugares da marca de Ingolstadt, um dos carros de sonho que o Best Cars avaliou para sua edição de aniversário de 15 anos (veja também o Mercedes-Benz SLS AMG Roadster), significa desembolsar R$ 387.900. Muito para um carro que não serve para todo tipo de uso? É certo que sim, mas alguns prazeres na vida não têm preço.
Como acontece com quase todo modelo da Audi — do A3 ao A8 —, a substituição da letra “a” pela “s” na denominação representa a versão esportiva, retrabalhada para maior desempenho em termos de potência e comportamento dinâmico. Não é diferente com o S5, que deriva do A5 (também disponível como conversível) e tem como um dos destaques o uso de motor V6 de 3,0 litros com compressor de acionamento mecânico Roots. Isso mesmo, compressor e não turbo, apesar de ter sido mantida a designação TFSI, na qual FSI significa injeção (direta) de combustível com mistura estratificada.
Rodas de 18 pol, retrovisores de alumínio e outros detalhes trazem esportividade
ao belo desenho do S5 Cabriolet; a capota de tecido pode vir em quatro cores
Se o estilo do A5 Cabriolet já seduz, o do S5 ganha um exato tempero esportivo, aplicado com discrição. São rodas de 18 pol de belo desenho, detalhes na grade dianteira, saias laterais, capas de retrovisores em alumínio e quatro saídas de escapamento — nada de aerofólio ou outros adereços que pudessem afetar a pureza das linhas. Como no A5, o arco do para-brisa vem em tom de alumínio e as faixas de leds criam um interessante contorno nos faróis, que trazem de cada lado um só refletor elipsoidal para ambos os fachos com lâmpada de xenônio e função autodirecional. As lanternas traseiras também usam leds.
Diante da clara tendência ao teto rígido retrátil, hoje usado desde conversíveis de menor preço até em supercarros como o Ferrari California, pode parecer antiquada a opção da Audi por uma capota de material macio — um tecido que lembra o brim usado em calças. A marca justifica tal escolha com vários argumentos: menor peso, ausência de emendas no teto, aparência típica de conversível quando fechada, menos espaço ocupado quando aberta e maior harmonia no desenho do carro, já que o teto rígido costuma implicar uma tampa de porta-malas comprida.
Disponível em quatro cores, a capota do S5 pode ser aberta ou fechada em apenas 15 segundos, mesmo rodando a até 50 km/h, ao simples acionamento de um comando no console. Outro faz abrir ou fechar os quatro vidros laterais em simultâneo. Com ótimo isolamento térmico e acústico promovido por uma camada de espuma de 15 mm, a capota especial usada no esportivo (opcional no A5 Cabriolet) traz até mesmo luzes de leitura por leds para o banco traseiro.
Esse Audi chega perto de R$ 400 mil, mas o esmero percebido em sua construção,
no acabamento e nos atributos técnicos deixa a sensação de que vale cada centavo
A Audi é hoje uma referência na criação de interiores, que conseguem expressar requinte e qualidade sem deixar de ser funcionais. Não é diferente com o S5 Cabriolet, a começar pelo painel com tudo bem desenhado, no qual chama atenção a ampla tela multifunção na parte central. Sistemas de áudio, vídeo (DVD) e navegação, ajustes de ar-condicionado, uso do telefone pela interface Bluetooth, configurações em geral e o dispositivo Drive Select são controlados pela tela e pelo conjunto de comandos no console central, cuja operação não requer mais que um breve aprendizado. Funções de uso frequente, como volume e estação ou faixa de áudio, têm botão separado.
Pode parecer antiquada a opção da Audi por uma capota de material macio, mas ela resulta em menor peso, menos espaço ocupado quando aberta e maior harmonia no desenho do carro
O Drive Select, já conhecido de modelos como o A4, permite fácil configuração de diversos elementos mecânicos ao toque de um botão no painel — ou do comando no console, com mais opções de uso. Mapeamento da central eletrônica do motor, pontos de trocas automáticas do câmbio, nível de ruído do escapamento e assistência da direção podem ser regulados entre os modos Comfort, Dynamic e Auto (automático). Há ainda o modo Individual, que permite a combinação preferida pelo motorista, como associar escapamento mais ruidoso a direção mais leve.
Todos os materiais internos revelam qualidade aos olhos e ao tato, dos plásticos em geral ao couro dos bancos, que oferece vários tons e no carro avaliado mesclava preto e marrom — muito charmoso a nosso ver. A posição de dirigir mostra definição esmerada de tudo que a envolve, como banco impecável em forma e densidade de espuma, volante de tamanho ideal, colocação correta para ele e os pedais, amplo apoio para o pé esquerdo.
Ao toque do comando no console, a capota se abre ou fecha em 15 segundos, o que
pode ser feito rodando a até 50 km/h; o outro botão abaixa ou ergue os quatro vidros
Os bancos dianteiros — com encostos integrados, não em peça independente como é comum — contam com regulagem elétrica integral, o que inclui inclinação e apoio lombar (ajustável em altura e intensidade), e ajuste manual do apoio das coxas. O do motorista traz duas memórias de posição com botões na porta, uma boa medida para evitar seu acionamento acidental quando o objetivo é usar um dos ajustes na lateral do assento. Esperávamos ver o acelerador preso pela base, como no A3.
Ao lado da grande dotação de equipamentos (confira tabela na próxima página), o S5 traz bons detalhes de conveniência como computador de bordo com duas medições e consumo informado em km/l, um comando para recuar o banco do passageiro a fim de ampliar a visibilidade do motorista para seu lado, sensores de estacionamento à frente e atrás com indicação gráfica (não há câmera traseira para manobras, porém), repetidor digital do velocímetro, retrovisor esquerdo biconvexo e todos os três fotocrômicos, recolhimento dos espelhos ao travar o carro e abertura e fechamento de vidros a distância.
Um anteparo bem projetado pode ser montado atrás dos bancos dianteiros, caso não haja passageiros atrás, para cortar com eficiência o retorno de vento a quem viaja na frente (para quem não sabe, o maior incômodo de rodar aberto vem desse vento por trás, pois para-brisa e vidros laterais erguidos desviam o ar frontal).
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Qualidade de acabamento e aparência interna são aspectos em que a Audi é hoje uma
referência; no S5 esses atributos somam-se à funcionalidade de uso dos comandos
Recurso de segurança apreciável é o controlador de velocidade ativo, de série no S5. Acionável entre 30 e 200 km/h, o sistema usa radar para monitorar 180 metros adiante e ajusta a velocidade para preservar a distância ideal do tráfego à frente, ajustada pelo motorista em quatro estágios, de 1 a 2,3 segundos. Caso seja preciso frear de modo mais intenso, o sistema alerta ao motorista e prepara o sistema hidráulico de frenagem para atuação mais rápida e eficiente. O recurso pode também ser usado só como alerta, cabendo ao motorista frear, ou ser desativado.
O motor V8 de 4,2 litros deu lugar a um V6 de 3,0 litros dotado de compressor Roots, conjunto que se traduz em 333 cv e expressiva redução de consumo e da emissão de CO2 em 20%
Também interessante é o Side Assist, que avisa se houver um veículo em ponto sem visibilidade a até 50 metros nas laterais e em velocidade próxima à do Audi (não é ativado, portanto, por um carro ultrapassado bem mais lento), desde que se trafegue a 60 km/h ou mais. O alerta é dado por leds que se acendem na capa do retrovisor daquele lado, uma maneira de não incomodar o motorista se ele não estiver olhando naquela direção, e pode ser desligado.
Outras funções em nome da segurança são fixações Isofix para cadeiras infantis no banco dianteiro direito e no traseiro, bolsas infláveis frontais e laterais, encostos de cabeça dianteiros ativos e proteção em caso de capotagem — quando se detecta tal risco, braços de alumínio erguem-se de forma imediata atrás dos encostos traseiros. Como em carros de duas portas o cinto fica um tanto recuado para quem vai à frente, um prático mecanismo “oferece” sua faixa superior aos ocupantes, voltando a seu lugar caso o cinto não seja puxado.
Bancos dianteiros excelentes, mas traseiro limitado como se espera; instrumentos
exatos em forma e função; ajuste elétrico integral dos bancos; controlador de
velocidade e da distância à frente; a tela para cortar o retorno de ar ao rodar aberto
A versão para o Brasil vem sem sistema automático de parada e partida do motor e o botão de partida no console, o que requer pressionar a chave eletrônica em uma fenda no painel — menos conveniente, pois não pode ser mantida no bolso ou na bolsa. Também ausente de nosso S5 é a emissão de ar aquecido na nuca dos ocupantes, que seria agradável ao rodar aberto de 20ºC para baixo, nada incomum na região Sudeste. Outros pontos que merecem revisão são o freio de estacionamento (apesar do comando elétrico, faltam a ativação e a liberação automáticas que se veem em carros mais baratos), a faixa degradê clara demais no para-brisa e o ar-condicionado com apenas uma zona de ajuste.
Compradores do conversível devem estar cientes de suas limitações de espaço no banco traseiro. São dois lugares — assim mesmo de ombros próximos — com escassa acomodação para as pernas e encosto mais vertical que o usual, embora a altura útil seja boa. Também não é confortável o acesso até ali, apesar do conveniente comando elétrico para avançar e recuar cada banco dianteiro. Bem pensado, tal acionamento é um-toque com o banco rebatido, mas não com o encosto em posição normal.
Em contrapartida, o espaço para a bagagem (380 litros com capota fechada, 320 com ela aberta) é dos maiores encontrados em conversíveis, podendo chegar a 750 litros com o rebatimento do banco, dividido em 50:50. Abaixo dele vem o estepe temporário, estreito, e a tampa usa articulações pantográficas.
Sai o V8, entra o compressor
O primeiro S5, lançado em 2008 apenas como cupê, usava o tradicional motor V8 de 4,2 litros e aspiração natural da Audi com potência de 354 cv e torque de 44,9 m.kgf. Com a estreia das carrocerias Sportback (de cinco portas) e Cabriolet para o esportivo, na linha 2010, a fábrica de Ingolstadt passou a usar um V6 de 3,0 litros dotado de compressor Roots e dois resfriadores de ar, conjunto que se traduz em 333 cv e o mesmo torque do motor anterior. Em que pese a perda de potência, a expressiva redução de consumo e da emissão de gás carbônico (CO2) em 20% nos ciclos-padrão europeus é razão suficiente para a mudança, agora estendida ao cupê.
A tela central mostra sistemas de áudio, vídeo, navegação e ar-condicionado e serve
ao Drive Select, pelo qual se ajustam parâmetros do carro entre quatro programas
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Simulação de desempenho
Embora a Audi limite a velocidade a 250 km/h por meio da central eletrônica, o conversível poderia chegar a 268 com pleno aproveitamento da potência, usando para isso a quinta marcha. Passar à sexta o faria perder 2 km/h, e à sétima, outros 2 km/h. Como se vê, são duas sobremarchas, cuja vantagem aparece na baixa rotação em viagem: apenas 2.350 rpm a 120 km/h em sétima.
Se velocidades desse patamar são mera curiosidade no Brasil (embora não o sejam em sua terra natal), mais importante é contar com farta aceleração. O S5 não só vai a 100 km/h muito rápido, em 6,3 segundos, como mantém uma progressão firme até alcançar 200 km/h em 24,3 s, ainda em quarta marcha, precisando de menos de 1.000 metros para cumprir a tarefa. As retomadas de velocidade não são menos impressionantes.
O interessado nesse conversível terá ainda a satisfação de obter um consumo moderado, como 9,7 km/l no ciclo rodoviário, o bastante para rodar quase 450 km entre abastecimentos, apesar do tanque apenas razoável do modelo (61 litros).
Velocidade máxima* | 268,1 km/h |
Regime à velocidade máxima / marcha* | 6.650 rpm / 5ª. |
Regime a 120 km/h (7ª.) | 2.350 rpm |
Potência consumida a 120 km/h | 30 cv |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,3 s |
Aceleração de 0 a 150 km/h | 12,9 s |
Aceleração de 0 a 200 km/h | 24,3 s |
Aceleração de 0 a 250 km/h | 50,4 s |
Aceleração de 0 a 400 m | 14,4 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 26,2 s |
Retomada de 60 a 100 km/h em drive | 3,9 s |
Retomada de 80 a 120 km/h em drive | 4,9 s |
Retomada de 80 a 160 km/h em drive | 11,9 s |
Retomada de 80 a 200 km/h em drive | 22,8 s |
Consumo em ciclo urbano | 6,7 km/l |
Consumo em ciclo rodoviário | 9,7 km/l |
Autonomia em ciclo urbano | 293 km |
Autonomia em ciclo rodoviário | 448 km |
* Referem-se à velocidade possível, sem considerar o limitador eletrônico a 250 km/h; conheça o simulador e os ciclos de consumo |
Dados do fabricante
Velocidade máxima | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 5,4 s |
Consumo em ciclo urbano | 8,9 km/l |
Consumo em ciclo rodoviário | 15,4 km/l |
ND = não disponível |
Equipamentos de série e opcionais
Ajuste de altura dos bancos mot./pas. | S/S |
Ajuste de apoio lombar mot./pas. | S/S |
Ajuste do volante em altura/distância | S/S |
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. | S/S |
Ajuste elétrico dos retrovisores | S |
Alarme antifurto/controle a distância | S/S |
Aquecimento | S |
Ar-condicionado/controle automático/zonas | S/S/1 |
Bancos/volante revestidos em couro | S/S |
Bolsas infláveis frontais/laterais/cortinas | S/S/ND |
Câmbio automático/automatizado | ND/S |
Câmera traseira para manobras | ND |
Cintos de três pontos, todos os ocupantes | S |
Computador de bordo | S |
Conta-giros | S |
Controlador/limitador de velocidade | S/ND |
Controle de tração/estabilidade | S/S |
Controle elétrico dos vidros diant./tras. | S/S |
Controles de áudio no volante | S |
Direção assistida | S |
Encosto de cabeça, todos os ocupantes | S |
Faróis com lâmpadas de xenônio | S |
Faróis de neblina | S |
Faróis/limpador de para-brisa automático | S/S |
Freios antitravamento (ABS) | S |
Interface Bluetooth para telefone celular | S |
Limpador/lavador do vidro traseiro | NA |
Luz traseira de neblina | S |
Navegador por GPS | S |
Rádio com toca-CDs/MP3 | S/S |
Repetidores laterais das luzes de direção | S |
Retrovisor interno fotocrômico | S |
Rodas de alumínio | S |
Sensores de estacionamento diant./tras. | S/S |
Teto solar/comando elétrico | NA |
Travamento central das portas | S |
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; NA = não aplicável |
Preços
Sem opcionais | R$ 387.900 |
Preço sugerido vigente em 18/10/12; não há opcionais |
Um V6 com compressor e 333 cv, um câmbio de sete marchas, quatro rodas motrizes:
ingredientes exatos para o S5 Cabriolet divertir pela aceleração e o comportamento
A versão traz câmbio manual automatizado S-Tronic de dupla embreagem e sete marchas, o único oferecido (até mesmo na Europa, que até a linha 2011 contava com um manual de seis marchas), e tração integral permanente Quattro, que mantém distribuição de torque em 40% à frente e 60% à traseira em condições normais de aderência, com rápida mudança desses índices conforme a necessidade. Vêm ainda no S5 uma suspensão mais firme que a do A5 e rodas de 18 pol com pneus 245/40. Os grandes freios a disco são ventilados mesmo nas rodas traseiras.
Como todos esses ingredientes se somam no cardápio do S5? É o que fomos conferir em bons quilômetros de cidade, estrada e serra.
É irresistível manter o V6 acima de 4.000 rpm para ouvir o ronco vigoroso, rasgado, do escapamento quando se abrem as válvulas que diferenciam o modo Dynamic do Comfort
Acompanhando o tráfego, o V6 impressiona pela suavidade, sem qualquer indício de aspereza ou vibração. Há potência abundante em qualquer rotação de uma maneira linear, sem sobressaltos, e a caixa S-Tronic em modo automático opera com exatidão, fazendo suas mudanças de forma muito rápida e imperceptível. Dentro do padrão europeu atual, que prioriza a menor emissão de CO2, as marchas sobem logo e o motor se mantém em regimes moderados, como 1.500 a 2.000 rpm, se o pé direito não exigir mais prontidão.
O motor impressiona pela distribuição de torque e cativa pelo ronco em alta rotação;
a caixa de dupla embreagem e o acerto de suspensão merecem aplausos
Com o modo Comfort selecionado no Drive Select, o S5 faz as vezes de carro de luxo, sem maior pretensão de esportividade, seja pelo rodar macio e confortável — mal se notam os pneus de perfil baixo, série 40 —, seja pelo ruído contido do motor, seja pela direção bastante leve. Impressiona a rigidez estrutural, mesmo de capota baixa: ao transpor a 45 graus uma valeta muito pronunciada, na qual os pneus dianteiro direito e traseiro esquerdo mal faziam pressão no solo, abrir e fechar ambas as portas trouxe a certeza de que a carroceria não havia se flexionado, apesar da solicitação extrema.
O programa de uso mais pacato parece ideal também para passeios a céu aberto, que pressupõem descontração, baixa pressão arterial, nenhuma adrenalina. No entanto, para rodar dessa forma o comprador poderia levar o A5 Cabriolet e economizar uns bons tostões… O que destaca o S5 é a aptidão para ser dirigido de forma vigorosa, com a faca entre os dentes — e foi assim que o experimentamos em um percurso sinuoso, travado, exigente.
Acionado o modo Dynamic, o belo Audi muda de face. A direção (que ganhou assistência elétrica junto das recentes alterações visuais) torna-se firme e passa a exigir algum esforço a partir de média velocidade, mas melhora a percepção do solo que passa sob os pneus. Ainda em modo automático, o câmbio fica bem diferente: agora deixa o carro “nervoso”, desprezando regimes abaixo de 2.000 rpm mesmo com acelerador pouco pressionado, e o som de escapamento se torna mais encorpado. Ao aliviar o pé direito, as frequentes reduções automáticas de marcha são precedidas de agradável aceleração interina, que soa como música para ouvidos entusiastas.
Com motor, câmbio, direção e escapamento ajustados pelo modo Dynamic, a
brincadeira fica séria; até as reduções automáticas têm aceleração interina
Ouvidos que não perdem por esperar. Quando chegam as curvas da serrinha, o S5 revela sua faceta esportiva e começa a divertir, mas é preciso um pouco de jeito para aproveitar seu potencial em trajetos de curvas fechadas: com peso concentrado à frente, o subesterço vem logo e a brincadeira pode ficar sem graça. O truque é reduzir mais a velocidade antes e acelerar com suavidade na saída de curva, para que a tração integral aplique potência às quatro rodas e o Audi saia rápido, na trajetória certa. Embora o controle eletrônico de estabilidade ofereça o modo Sport, mais permissivo, consegue-se diversão em boas doses mesmo em seu programa normal de funcionamento, que não interfere em excesso.
É hora de usar o S-Tronic em modo manual, operado pelos comandos no volante (ou pela alavanca no console, subindo para frente e reduzindo para trás), e o resultado é puro prazer. Mesmo que não seja preciso dar rotação para o V6 fornecer potência abundante, é irresistível mantê-lo acima de 4.000 rpm para ouvir o ronco vigoroso, rasgado, do escapamento quando se abrem as válvulas que diferenciam o modo Dynamic do Comfort. Após algumas curvas, S5 e motorista parecem tão íntimos como se já conhecidos há anos. Terminada a serra, a única vontade é fazer meia volta e repetir a sessão. E de novo, e de novo…
O mais atraente do S5 Cabriolet não está em quanto ele anda, quão belo ele é ou
quanta comodidade oferece, mas na forma como ele associa essas qualidades
Tanto quanto o desempenho e a descontração de rodar a céu aberto, porém, o S5 cativa pela eficiência com que atua em qualquer situação. É esportivo, mas tem rodar confortável, interior que não sacrifica os ocupantes e elevada dotação de segurança ativa e passiva. É conversível, mas com capota fechada serve tão bem quanto um cupê. É potente, rápido, mas bastante dócil ao acelerador e até mesmo econômico se apreciado com moderação. Tem um câmbio ágil ao extremo nas trocas manuais, mas cômodo como qualquer bom automático quando o que existe à frente é muito tráfego lento.
E ainda apresenta, por fora e por dentro, uma rara combinação de classe e esportividade: um carro que está sempre vestido com o traje certo, não importa o ambiente que vá frequentar.
Comentário técnico
E compacto esse compressor realmente é, a ponto de ser instalado dentro do “V” de 90 graus entre as bancadas de cilindros. Sendo acionado pelo próprio motor por meio de uma correia poli-V (ao contrário do turbo, que usa os gases de escapamento para girar), o compressor começa a produzir superalimentação desde a rotação mais baixa. Dentro dele, dois pistões rotativos giram em sentidos opostos em regime que chega a 23.000 rpm. Dois resfriadores de ar são usados para aumentar a densidade do ar admitido e, assim, ampliar a quantidade de ar “empurrada” para os seis cilindros.
A exemplo do A4, o A5 — ou S5 neste caso — traz um novo arranjo do trem de força no qual o diferencial vem montado à frente das embreagens (ou do conversor de torque, no caso de caixa automática). O objetivo é permitir que o eixo dianteiro fique 15 centímetros mais à frente que na antiga geração do A4, o que concorre para melhor distribuição de massas entre os eixos e comportamento dinâmico mais neutro, sem a sensação de frente pesada.
A suspensão dianteira conta com uma evolução do conceito de braços sobrepostos, dotada de cinco articulações, que responde de formas diferentes a forças nos sentidos longitudinal e lateral: o conjunto oferece elevada resistência lateral, para uma atitude precisa em curvas, mas é mais macio e complacente no sentido longitudinal, de modo a favorecer o conforto. Grande parte dos componentes das suspensões dianteira e traseira (esta do tipo multibraço) é feita de alumínio, e ambas empregam subchassi para melhor isolamento de vibrações.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 6 em V a 90º |
Material do bloco/cabeçote | alumínio |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo na admissão |
Diâmetro e curso | 84,5 x 89 mm |
Cilindrada | 2.995 cm³ |
Taxa de compressão | 10,3:1 |
Alimentação | injeção direta, compressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 333 cv de 5.500 a 7.000 rpm |
Torque máximo | 44,9 m.kgf de 2.900 a 5.300 rpm |
Potência específica | 111,2 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automatizado, 7 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 3,69 / 9 km/h |
2ª. | 2,15 / 15 km/h |
3ª. | 1,41 / 23 km/h |
4ª. | 1,03 / 31 km/h |
5ª. | 0,79 / 40 km/h |
6ª. | 0,62 / 51 km/h |
7ª. | 0,52 / 61 km/h |
Relação de diferencial | 3,88 |
Tração | integral |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (ø ND) |
Traseiros | a disco ventilado (ø ND) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,4 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 8,5 x 18 pol |
Pneus | 245/40 R 18 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,64 m |
Largura | 1,854 m |
Altura | 1,38 m |
Entre-eixos | 2,751 m |
Bitola dianteira | 1,588 m |
Bitola traseira | 1,575 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,32 |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 61 l |
Compartimento de bagagem (normal/banco rebatido) | 380 l (320 l com capota aberta) / 750 l |
Peso em ordem de marcha | 1.880 kg |
Relação peso-potência | 5,6 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 2 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2012 |
Pneus | Pirelli Cinturato P7 |
Quilometragem inicial | 5.000 km |
Dados dos fabricantes; ND = não disponível |