Embora os 240 cv deem conta do peso do Evoque, falta melhor
calibração de motor e câmbio: demoram a responder ao pé direito
Enquanto não obtém resposta, o motorista tende a acelerar fundo e, quando ela finalmente vem, acaba por ser exagerada, com grande aumento de potência e redução de até duas marchas — torna-se impossível dirigir com suavidade nessas condições. Parece-nos que a calibração eletrônica da caixa poderia ser aprimorada. Usar o programa esportivo (posição S), que mantém o motor em giros mais altos, atenua o inconveniente mas cria outro: a rotação vai facilmente a mais de 4.000 rpm quando tudo o que se queria era voltar aos 50 km/h.
Acione o seletor para Dinâmico e sentirá
outro carro: os amortecedores ficam firmes e
o comportamento parece mais neutro
A caixa ZF em si opera bem, com mudanças bastante suaves. Como habitual nos projetos mais recentes da Jaguar Land Rover, em vez de alavanca, ela usa um botão giratório para as posições básicas, cabendo a seleção manual de marchas aos comandos junto ao volante. Mudanças para cima são automáticas mesmo em modo manual, mas nesse uso só ocorrem reduções ao acelerar até o fim de curso.
Em princípio somos favoráveis a eliminar a tradicional alavanca de caixa automática no console, que toma um espaço que pode ser mais bem aproveitado por porta-objetos e os numerosos comandos secundários dos carros de hoje. No entanto, o seletor giratório poderia ser mais rápido nas mudanças de posição — como na comutação sucessiva D-R, comum em manobras para estacionar — e até para aparecer quando se dá partida e se quer arrancar logo. Só como curiosidade, o manual alerta que a caixa muda sozinha de N para P após algum tempo. Rebocar o carro rodando, nem pensar.
O motor turbo de 2,0 litros é o Ecoboost do Ford Fusion; o câmbio ZF de
nove marchas, recém-adotado, usa seletor giratório de posições
O Evoque vem com o sistema Terrain Response, que ajusta diversos parâmetros a cinco tipos de terreno (saiba mais no Comentário Técnico, na página anterior). Embora três deles destinem-se a condições de uso fora de estrada um tanto improváveis em um carro de seu perfil, o pacote Tech acrescenta o programa Dinâmico, que deixa o carro com comportamento esportivo, do acelerador mais rápido à direção e os amortecedores mais firmes.
O efeito muda bastante a atitude desse Range Rover. No modo normal ele nada tem de esportivo: os amortecedores são macios até em excesso, há um subesterço acentuado nas curvas rápidas e a suspensão permite inclinação mais acentuada do que o perfil do modelo faria esperar, lembrando utilitários mais familiares. Acione o seletor para Dinâmico e sentirá outro carro: os amortecedores firmes contêm os movimentos da carroceria, a direção ganha peso e o comportamento parece mais neutro.
Como não há almoço grátis, em Dinâmico os amortecedores traseiros ficam duros demais e copiam cada irregularidade do piso, ou seja, o melhor é voltar ao programa básico quando terminar o trajeto sinuoso — bom mesmo seria dispor de um programa intermediário entre eles. Em qualquer dos modos, a suspensão traseira é um pouco “seca” em obstáculos como lombadas. Também não aprovamos a aderência dos pneus, que desgarram com facilidade quando se tomam curvas com entusiasmo, e a sensibilidade da direção no uso vigoroso, mesmo em Dinâmico.
Suspensão confortável, tração integral e recursos eletrônicos de ponta
credenciam o Evoque para uso fora de estrada, apesar dos pneus
Não chegamos a colocar o Evoque em condições severas fora de estrada, mas rodar em estrada de terra esburacada apontou bom conforto no modo mais macio da suspensão, apesar do baixo perfil dos pneus. Embora o vão livre mínimo de 215 mm seja satisfatório, o ângulo de entrada é crítico nesta versão por causa do para-choque dianteiro específico. Os freios são potentes, bem moduláveis e incluem sistemas de assistência de emergência e distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), além do antitravamento (ABS). O carro traz ainda controle de velocidade em descidas, que a mantém sem necessidade de usar acelerador ou freios, e parada/partida automática do motor.
Teriam os leitores razão em desejar tanto o Range Rover Evoque? Até certo ponto, sim, pelos atributos de tecnologia, conforto e — sobretudo — estilo que ele demonstra. No entanto, do ponto de vista racional que deveria nortear a compra de um automóvel, parece-nos que sua escolha se justifica mais nas versões mais acessíveis. Além da necessidade de maior refinamento em pontos abordados na matéria, na faixa de preço do Dynamic Tech pode-se optar por utilitários como Audi RS Q3 (310 cv, R$ 285 mil) e Volvo XC60 T6 R-Design (304 cv, R$ 251 mil), que fornecem desempenho mais condizente com um valor tão alto.
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Ficha técnica
Motor |
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Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 87,5 x 83,1 mm |
Cilindrada | 1.999 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 240 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo | 34,7 m.kgf a 1.750 rpm |
Potência específica | 120,0 cv/l |
Transmissão |
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Tipo de câmbio e marchas | automático / 9 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,70 / 8 km/h |
2ª. | 2,84 / 13 km/h |
3ª. | 1,90 / 19 km/h |
4ª. | 1,38 / 27 km/h |
5ª. | 1,00 / 37 km/h |
6ª. | 0,80 / 46 km/h |
7ª. | 0,70 / 52 km/h |
8ª. | 0,58 / 63 km/h |
9ª. | 0,48 / 76 km/h |
Relação de diferencial | 3,75 |
Regime a 120 km/h | 1.550 rpm (9ª.) |
Regime à vel. máxima informada | 5.950 rpm (5ª.) |
Tração | integral permanente |
Freios |
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Dianteiros | a disco ventilado (300 mm ø) |
Traseiros | a disco (302 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção |
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Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,3 m |
Suspensão |
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Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas |
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Dimensões | 8 x 20 pol |
Pneus | 245/45 R 20 |
Dimensões |
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Comprimento | 4,355 m |
Largura | 1,98 m* |
Altura | 1,635 m |
Entre-eixos | 2,66 m |
Bitola dianteira | 1,625 m |
Bitola traseira | 1,63 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,35 |
*com retrovisores rebatidos | |
Capacidades e peso |
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Tanque de combustível | 70 l |
Compartimento de bagagem | 575 l |
Peso em ordem de marcha | 1.640 kg |
Relação peso-potência | 6,8 kg/cv |
Garantia |
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Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado |
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Ano-modelo | 2015 |
Pneus | Pirelli Scorpion Verde |
Quilometragem inicial | 4.000 km |
Dados do fabricante |