No C3 Tendance o ar-condicionado tem ajuste manual, mas ele mantém os
comandos de trocas de marcha, para-brisa estendido e porta-luvas refrigerado
Tanto nos freios com discos ventilados à frente quanto na calibração mais firme da suspensão, o Tendance automático segue o Exclusive de mesmo tipo de câmbio — a versão manual de 1,45 litro usa discos sólidos e acerto mais macio, pois o conjunto motor-câmbio pesa cerca de 80 kg a menos. Já os pneus de medida 195/60 R 15 estão ligados à versão de acabamento; a Exclusive vem com 195/55 R 16, qualquer que sejam o motor e a caixa escolhidos.
As medições apontaram bom desempenho,
dentro do esperado, mas consumo mais alto do
que o porte e a potência do C3 fariam prever
Como é dirigir esse C3? Agradável, sem dúvida. O motor vibra pouco, produz ruído moderado e tem potência adequada desde baixas rotações para lidar com um dos compactos mais pesados do mercado (1.182 kg nesta versão). Embora as quatro marchas sejam pouco para aproveitar a faixa de melhor desempenho do 1,6-litro, no uso normal o câmbio dá conta do recado. Poderia ser mais suave nas mudanças, é verdade, assim como mais uma ou duas marchas reduziriam a grande variação de rotação em cada troca. Ponto positivo é sua calibração em uso rodoviário, onde mantém a quarta marcha em subidas leves que, em alguns câmbios desse tipo, resultariam em redução para terceira e aumento de ruído.
As medições do Best Cars apontaram bom desempenho, dentro do esperado por suas características (veja tabela abaixo), mas um consumo mais alto do que o porte e a potência do Citroën fariam prever — aqui, as quatro marchas e as perdas de energia do conversor de torque do câmbio, que os automatizados evitam, fazem diferença para pior. Como referência, o Honda Fit EX de caixa CVT obteve desempenho superior (apesar da menor potência) e consumo bem mais baixo, sobretudo nos ciclos urbanos, e até o mais potente e pesado Ford Focus SE foi mais econômico que o C3, salvo no trajeto exigente em cidade.
Rodar macio e baixo nível de ruídos e vibrações são pontos altos desse Citroën; o
motor de bom desempenho sai prejudicado pelo câmbio de quatro marchas
Ao contrário do C3 Exclusive, que havia incomodado pela transmissão de irregularidades do piso, o Tendance mostrou um rodar confortável sobre condições menos favoráveis, sinal de que pneus de perfil mais alto podem fazer muito pela adequação de um carro ao solo brasileiro. Eventual redução na estabilidade — se houver, pois até a largura dos pneus é mantida — em nada prejudica o bom comportamento dinâmico do carro, que tem ainda freios eficientes. A direção cativa pela leveza em manobras, mas alguns podem desejar maior sensibilidade ao andar rápido.
Quando submetemos a versão de topo à avaliação de Um Mês ao Volante, no fim de 2012, concluímos que o C3 Exclusive é um carro bastante interessante, mas oferecido a preço alto demais para suas características. O Tendance ataca diretamente esse ponto e consegue um preço mais razoável, abrindo mão de itens que não fazem tanta falta assim. Ficou barato? Ainda não: o Fiesta SE parece mais convincente com o câmbio de seis marchas, o controle eletrônico de estabilidade e outros atributos compatíveis com os do Citroën. Mas quem simpatizar pelo francesinho ou quiser sentir o sol das manhãs de inverno entrando pelo enorme para-brisa, sem precisar trocar de marchas, agora pode fazê-lo tirando R$ 5 mil a menos do bolso.
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Testes de desempenho
• Arrancar forte com o C3 é fácil: basta segurar os freios e acelerar até 2.600 rpm, rotação de estol da caixa automática. Liberado o pedal da esquerda, ele sai ágil sem patinar pneus.
• As trocas automáticas dão-se a 6.000 rpm no caso da primeira e 6.200 na segunda. O grande intervalo entre as relações das quatro marchas implica queda expressiva de giros: quando a segunda entra, as 6.000 rpm despencam para meras 3.300 rpm e o motor sente grande perda de potência até atingir sua melhor faixa novamente. Os testes de desempenho foram feitos no modo esportivo do câmbio, que mantém o motor em regimes mais altos em cargas (aberturas de acelerador) parciais, mas não altera a rotação máxima das trocas.
Aceleração | |
0 a 80 km/h | 8,8 s |
0 a 100 km/h | 12,2 s |
0 a 120 km/h | 17,1 s |
0 a 400 m | 18,2 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h* | 7,3 s |
60 a 120 km/h* | 12,5 s |
80 a 120 km/h* | 9,1 s |
Consumo | |
Trajeto leve em cidade | 7,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 4,6 km/l |
Trajeto em rodovia | 8,4 km/l |
Autonomia | |
Trajeto leve em cidade | 376 km |
Trajeto exigente em cidade | 228 km |
Trajeto em rodovia | 416 km |
Testes efetuados com álcool; *com reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição |
Dados do fabricante
Não disponíveis
Comentário técnico
• O motor de 1,6 litro, que a Citroën chama de VTi 120 (em alusão à variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e à potência aproximada) e a Peugeot de EC5, é uma evolução do que acompanha o C3 desde o lançamento da primeira geração, em 2003. Entre as evoluções estão a maior taxa de compressão e o preaquecimento de álcool para partida a frio. Contudo, o motor usa bloco de ferro fundido, o que explica uma parte dos expressivos 80 kg que a versão 1,6 com câmbio automático pesa a mais que a 1,45 de caixa manual.
• A gama de relações (obtida dividindo-se a relação da primeira marcha pela da última) do câmbio do C3 exemplifica o que se ganha com o maior número de marchas das caixas modernas. No Citroën esse valor é de apenas 3,8, ante 5,6 do Fiesta automatizado de seis marchas e 6 do Onix automático de seis. Um número maior indica que o fabricante previu uma primeira mais curta, que favorece as arrancadas e requer menor intervenção do conversor de torque (pouco eficiente e que aumenta o consumo), e/ou uma última marcha mais longa para menor rotação em viagem, o que traz economia e menos ruído. Além dessa vantagem, um câmbio com mais marchas consegue manter o motor por mais tempo na faixa de rotação ideal para o que se pretende, seja desempenho ou economia e baixas emissões, pois as relações podem ser definidas mais próximas umas das outras.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 78,5 x 82 mm |
Cilindrada | 1.587 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 115 cv a 6.000 rpm/122 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 15,5/16,4 m.kgf a 4.000 rpm |
Potência específica (gas./álc.) | 72,5/76,9 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 4 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 2,73 / 9 km/h |
2ª. | 1,50 / 16 km/h |
3ª. | 1,00 / 25 km/h |
4ª. | 0,71 / 35 km/h |
Relação de diferencial | 3,67 |
Regime a 120 km/h | 3.450 rpm (4ª.) |
Regime à vel. máxima informada | ND |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (266 mm ø) |
Traseiros | a tambor (229 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 10,3 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 15 pol |
Pneus | 195/60 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,944 m |
Largura | 1,708 m |
Altura | 1,521 m |
Entre-eixos | 2,46 m |
Bitola dianteira | ND |
Bitola traseira | ND |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,31 |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.182 kg |
Relação peso-potência (gas./álc.) | 10,3/9,7 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2015 |
Pneus | Pirelli Cinturato P1 |
Quilometragem inicial | 2.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |