Desenhos revelam sua idade no mercado; ambos mudaram de grade no ano passado
Concepção e estilo
Nenhum deles pode ser considerado a última palavra no segmento. O CR-V foi lançado em 1995 e ganhou novas gerações em 2001, 2006 e 2011 com uma remodelação frontal sobre esta última em 2014 (datas válidas no exterior). A próxima reformulação completa deve aparecer lá fora no próximo ano. O IX35 apareceu em 2009 como sucessor do Tucson, nome que manteve em mercados como o norte-americano, onde as gerações não conviveram como aqui — e que foi retomado em âmbito mundial em seu sucessor, apresentado no ano passado lá fora e ainda não disponível no Brasil. Também em 2015 ele ganhou por aqui a frente retocada que aparecera dois anos antes na Coreia do Sul.
Seus desenhos não despertam paixão, sobretudo após alguns anos de mercado, mas são coerentes com o perfil dos carros. Ambos ganharam no ano passado novo aspecto frontal, cujo gosto pode ser questionado, mas pouco mudaram na traseira — as lanternas no IX35, um friso cromado no CR-V. Nenhuma das marcas divulga o atual coeficiente aerodinâmico (Cx), mas o informado para o Hyundai era 0,37 no exterior antes da mudança de grade, que certamente não o melhorou.
Conforto e conveniência
O visual interno do IX35 é um pouco mais arrojado, caso da seção central do painel e dos módulos dos instrumentos, enquanto o CR-V lembra uma minivan na integração da alavanca de transmissão ao painel. Ambos vêm de série com bancos e volante revestidos em couro e usam materiais plásticos de bom aspecto, embora rígidos.
Interior mais conservador no Honda; alavanca de transmissão alta lembra minivans
O motorista encontra posição confortável sem dificuldade, com banco bem definido, posições relativas corretas e ajustes de altura e distância do volante. Apenas o IX35 traz regulagem elétrica do banco do motorista, que inclui a de apoio lombar, ausente do CR-V. Os painéis oferecem os mesmos mostradores, iluminados em branco em ambos os modelos, com vantagem ao Honda pelo computador de bordo digno do nome: o Hyundai só indica tempo decorrido e velocidade média, ou seja, próximo da inutilidade.
Espaço interno é um bom atributo dos dois carros, ainda melhor no CR-V, mas eles não servem bem para cinco ocupantes
Os sistemas de áudio trazem toca-CDs (com acesso escamoteando-se a frente no CR-V), MP3, interface Bluetooth, conexão USB e tela sensível ao toque de sete polegadas, que serve também a navegador e imagens da câmera traseira de manobras. O do IX35 acrescenta toca-DVDs e entrada auxiliar, mas a qualidade de áudio nos pareceu melhor no CR-V, que oferece ainda conexão HDMI para reprodução de áudio e vídeo, roteamento de acesso à internet (com carro parado) e informações de trânsito via radiofrequência — válida em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, por enquanto.
Os dois vêm com alerta para uso do cinto, apoios de braço centrais à frente e atrás, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, banco traseiro com duas posições para o encosto, chave presencial para acesso à cabine e partida do motor, comando interno para o bocal de abastecimento, controlador de velocidade, destravamento das portas em dois estágios (apenas a do motorista no primeiro comando, fator de segurança pessoal), duas tomadas de 12 volts, faróis com acionamento automático, luzes de leitura apenas na frente (mais a luz geral no centro da cabine), para-brisa com faixa degradê, para-sóis com espelhos iluminados, porta-luvas com fechadura (raro hoje), porta-óculos e volante revestido em couro.
Formas do IX35 mostram certa criatividade; materiais equivalem-se entre os carros
Entre os detalhes, o CR-V sai à frente por alça de teto também para o motorista, alerta específico de qual porta está mal fechada (no oponente, só o aviso geral), controle elétrico de vidros com função um-toque para todos (só o do motorista no rival) e comando a distância para abertura e fechamento (inclui o teto solar), espelho convexo junto ao retrovisor interno para monitorar crianças no banco traseiro, limpador de para-brisa automático, mostrador de temperatura externa e partida a frio com preaquecimento de álcool.
Tem ainda o modo Econ (econômico) de condução, que altera os parâmetros de acelerador, transmissão automática e ar-condicionado para poupar combustível. Em contrapartida, só o IX35 dispõe de extensor para o para-sol (ideal para incidência lateral), recolhimento elétrico dos retrovisores externos, sensores de estacionamento na traseira, teto solar duplo (apenas o dianteiro move-sel) com forros separados e vidros traseiros que descem por inteiro.
Pontos melhoráveis no Honda são a alavanca do bocal do tanque sob o painel, facilmente acionada quando se quer abrir o capô; a retomada de velocidade via controlador, lenta ao extremo com Econ acionado; e o ruído de “porta oca” típico de carro barato ao soltar as maçanetas traseiras. No Hyundai há dificuldade de leitura da tela central em dia ensolarado, mesmo com o brilho no ajuste máximo.
Em ambos deveria mudar o anacrônico freio de estacionamento por pedal (que curiosamente voltou no CR-V, substituindo a alavanca manual), falta retrovisor interno fotocrômico e o controle elétrico de vidros segue um padrão de bloqueio incompreensível, habitual do Japão e que a Coreia imitou: ao inibir os botões traseiros para evitar seu uso por crianças, os comandos desses vidros pelo motorista e a operação da janela do passageiro ao lado também são desativados.
Bons bancos e sistema de entretenimento com tela de 7 pol nos dois carros; o CR-V é melhor em conforto no banco traseiro e tem mais equipamentos
Espaço interno é um bom atributo dos dois carros, com ampla acomodação para ombros, pernas e cabeça dos passageiros, mesmo no banco traseiro. O CR-V é ainda melhor nos dois últimos quesitos e tem melhor altura de assento: muito baixo, o do IX35 deixa as coxas mal apoiadas e acentua o problema de visibilidade causado pela base de janelas alta demais. Eles não servem bem para cinco ocupantes, porém, pelo formato do banco e o encosto desconfortável para quem se sentar no meio.
Comparar os compartimentos de bagagem pelas informações oficiais leva a engano: a Hyundai declara a capacidade até o teto (728 litros) e não pelo método usual até a cobertura divisória (do tipo enrolável nos dois carros) ou o topo do encosto traseiro, pelo qual o Honda leva 589 litros. Assim, baseamo-nos na informação de 465 litros do IX35 no mercado europeu. Em ambos o encosto traseiro é bipartido 60:40, mas não o assento desse modelo. Embora consuma mais espaço, o estepe do Honda — integral e até com roda de alumínio — é bem mais conveniente no uso que o temporário do rival.
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