Mais retilíneo e alto no Renegade (à direita), mais baixo e esportivo no HR-V: desenhos bem diferentes entre concorrentes diretos
Concepção e estilo
Os dois modelos são projetos mundiais e estão entre os mais modernos da categoria. O HR-V, que se chama Vezel no Japão, apareceu como carro-conceito (o Urban SUV) no Salão de Detroit em janeiro de 2013 e chegou ao mercado japonês no fim do ano. Países ocidentais o receberam no ano seguinte com uma designação que a Honda já teve em utilitário do mesmo tipo produzido entre 1998 e 2006. Além de Sumaré, SP, e do Japão, é feito na Argentina, no México e na Indonésia. O Renegade surgiu no Salão de Genebra, também no ano passado, e é fabricado na Itália além de Goiana, PE. Como aqui, convivem em mercados europeus e no norte-americano, mas oferecem no exterior versões indisponíveis aqui, como a híbrida com tração integral do Honda e a de 2,4 litros a gasolina do Jeep.
Em estilo, eles não poderiam ser mais diferentes. O HR-V parece um hatch esportivo em versão “aventureira”, com seu perfil bem mais baixo (12 cm a menos que o adversário) e esguio, janelas em linha ascendente para trás e vidro posterior mais inclinado. Usa e abusa de vincos marcantes, dentro do atual padrão da marca, que a nosso ver tem nele um dos exemplos mais felizes. O Renegade é o oposto: retilíneo, com vidros mais verticais, poucos vincos e muitos elementos que remetem à tradição da Jeep, incluindo os “ovos de Páscoa” (leia quadro abaixo).
Interior simples e um alto console marcam o Honda, que vem de série com ampla tela central; seu espaço no banco traseiro é superior
Qual agrada mais? Adeptos do fora de estrada provavelmente preferem o ar despojado do Renegade, mas é fácil perceber como o HR-V cativa um público bem maior e mais variado, de ambos os sexos e idades as mais distintas. A propósito, fazia tempo que não víamos tal aprovação — quando não euforia — pela aparência de um carro avaliado.
Os sistemas de áudio incluem amplas telas; o Jeep traz comandos de voz, a que o Honda responde com entrada HDMI, espelhamento do telefone e roteamento de internet
A Jeep divulga o coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,36, razoável para o tipo de carro; a Honda omite o seu, embora nossa expectativa seja de índice mais favorável pelas formas da carroceria. O HR-V impressiona melhor pelos vãos entre painéis de carroceria estreitos e muito regulares (embora os do capô sejam mais largos), ante os apenas bons do adversário.
Conforto e conveniência
O aspecto interno dos dois modelos é bom, mas não tanto quanto sua faixa de preço faria esperar. Apesar do revestimento dos bancos e volante em couro e do uso de material semelhante nos apoios de braço das portas, empregam-se plásticos rígidos (ao menos com textura e montagem de bom padrão) e o aspecto de algumas partes é um tanto simples, caso da parte superior das portas do HR-V em tecido básico, que destoa dos demais materiais.
Cabine e painel mais altos dão sensação de volume e robustez ao Jeep; tela de 6,5 pol e áudio superior compõem pacote de opcionais
Ao volante, sensações bem diferentes: o Honda parece mais compacto e arejado, com amplas janelas e capô baixo, enquanto o Jeep sugere — tudo indica ser intencional — muita solidez e um tamanho maior que o verdadeiro. Com para-brisa distante, linha de cintura e teto elevados, nele o motorista sente-se baixo em relação ao que o cerca, mesmo ajustando o banco mais acima. À parte essa distinção, ambos acomodam bem, têm volante e pedais bem posicionados e oferecem os ajustes comuns hoje. O Renegade avaliado tinha regulagem elétrica de apoio lombar para o motorista; nos dois carros usa-se alavanca com pontos definidos para reclinar o encosto.
Os painéis trazem os instrumentos essenciais (conta-giros incluído) e computador de bordo, mas o Renegade vai bem além: exibe no mostrador central pressão individual dos pneus, tensão da bateria e temperaturas do líquido de arrefecimento (real, não como no Volkswagen Up, que fica parado em supostos 90ºC; o HR-V tem apenas luzes de aviso de motor frio e superaquecido) e dos lubrificantes do motor e da transmissão. Incomoda no Honda alternar funções do computador pelo botão zerador do hodômetro, além de não indicar velocidade média. O que ele tem a mais é um indicador de direção econômica, um anel que se torna verde. A iluminação é em branco nos dois.
Os sistemas de áudio e navegação incluem amplas telas sensíveis ao toque (7 pol no HR-V e 6,5 pol no Renegade, embora a de série meça 5 pol), duas entradas USB, interface Bluetooth para celular e comandos de áudio e telefone no volante. O Jeep traz conexão auxiliar e comandos de voz, a que o Honda responde com entrada HDMI para vídeo, toca-CDs, espelhamento do telefone celular (permite reproduzir sua tela na do automóvel e operar aplicativos, desde que o aparelho seja compatível), roteamento de conexão à internet para os passageiros e tela que admite movimentos laterais, de aumentar e de diminuir, como em telefones e tablets. Em qualidade de áudio o do Renegade é bastante superior, sobretudo nos tons graves, além de poder ser ligado mesmo com ignição inativa.
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Ovos de Páscoa
O que ovos de chocolate têm a ver com um Jeep? É com essa denominação (Easter eggs em inglês), alusiva à caça de ovinhos do coelho pelas crianças nas manhãs de Páscoa, que a marca identifica as dezenas de detalhes do Renegade que fazem alusão à empresa, a suas tradições e a elementos a ela relacionados — ou não. Estes são os “ovos” encontrados com um olhar atento (e uma busca pela internet, que ninguém é de ferro) no Renegade:
• O símbolo formado por dois faróis circulares e sete vãos verticais da grade dianteira — itens presentes tanto no Renegade quanto no Jeep original — consta das telas dos alto-falantes nas portas, do console central, das laterais da caixa do limpador de para-brisa automático, do interior da tampa do porta-malas e das capas das lâmpadas dos faróis convencionais — não é usado caso o carro venha com lâmpadas de xenônio.
• Um “X” que lembra a estampa do galão de combustível do Jeep original aparece no logotipo Renegade, nas lanternas traseiras, nas coberturas plásticas removíveis do teto (exclusivas da versão Trailhawk, mas presentes no Longitude avaliado) e nos porta-copos do console central.
• Logotipo Since 1941 (desde 1941) sobre o aparelho de áudio, alusivo ao ano em que surgiu o Jeep para fins militares.
• Inscrição No step! (não pise!) em estilo militar nas soleiras plásticas das portas, que não servem mesmo como estribos.
• Mapa da trilha de Moab, no estado norte-americano de Utah, e o logotipo da frente do Jeep estão no porta-objetos diante da alavanca de câmbio. Outro mapa no fundo do porta-objetos fechado do console central.
• Em torno do botão de partida do motor, na coluna de direção, lê-se a mensagem To new adventures! (para novas aventuras!).
• Uma poça de lama substitui a faixa vermelha na escala do conta-giros.
• A silhueta de um Jeep e a de um homem das montanhas ficam junto às bandas negras que contornam o para-brisa e o vidro traseiro, na ordem.
• Outra silhueta, dessa vez de um Jeep perdendo a capota, simboliza onde segurar para destravar os painéis removíveis do teto.
• Ao abrir a tampa do tanque de combustível vê-se uma aranha saudando Ciao baby, conhecida expressão que mistura italiano e inglês.
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