O estilo do novo Série 3 evolui o tema dos anteriores, com linhas que transmitem
clara esportividade; a frente baixa e o capô curvo causam certa estranheza
Concepção e estilo
A nova geração (codinome F30) do Série 3 é a sexta desde que o modelo foi apresentado, em 1975 — as outras estrearam em 1981, 1990, 1998 e 2004. No Brasil, a primeira a chegar mediante importação oficial foi a terceira (E30), em 1990, sendo que a última chegou ao mercado em 2012. O CC, que até o ano passado se chamava Passat CC (embora tenha sido sempre CC nos Estados Unidos), surgiu em 2008 como alternativa mais sofisticada e esportiva ao Passat convencional, cuja história começou em 1973. Permanece na primeira geração, que acaba de ser reestilizada.
No 328i fica uma ressalva para a ampla curvatura do capô, com a área central bem mais alta que a extremidade dianteira, consequência das normas de proteção a pedestres
O desenho do 328i preserva elementos tradicionais da marca como a grade dupla, os quatro refletores circulares dos faróis e a curva ao fim das janelas laterais, ao mesmo tempo em que atualiza o tema de estilo seguido pela geração anterior E90. Sua aparência é claramente esportiva, acentuada pelo grande entre-eixos em relação ao comprimento. Uma ressalva fica para a ampla curvatura do capô, com a área central bem mais alta que a extremidade dianteira, o que se nota até nas fotos de frente — consequência das normas de proteção a pedestres em caso de atropelamento, que requerem espaço livre acima dos órgãos mecânicos.
No CC a identidade VW é discreta, salvo pelo grande emblema na grade, mas o resultado impressiona bem: é fácil colocá-lo entre os sedãs mais elegantes da produção mundial. Há detalhes muito felizes em suas linhas, como o vinco ascendente que passa acima das maçanetas das portas e — seu item mais marcante — o teto de perfil muito suave, típico de um cupê. Como já aconteceu com outros modelos da marca, a adoção de faróis e lanternas mais retilíneos trouxe um aspecto mais robusto e sofisticado, embora os conjuntos anteriores talvez fossem mais harmoniosos às formas suaves da carroceria.
Com coeficiente aerodinâmico (Cx) declarado de 0,29, o BMW é mais favorável ao ar que o VW, que tem 0,31. Se considerada a área frontal, o primeiro modelo amplia sua vantagem e fica com o índice de 0,696 ante 0,763 do concorrente.
O CC esbanja elegância, mas é mais tradicional que o concorrente; a frente e a
traseira ganharam linhas mais retas que destoam um pouco do conjunto
Conforto e conveniência
Sofisticados como convém a carros de sua categoria, mas não ostensivos, pois foram desenhados com o princípio de a forma seguir a função: assim são os interiores dos dois modelos. Os painéis são sóbrios, retilíneos e sem grande ousadia no desenho, mas tudo está bem posicionado e resolvido. No CC seria interessante adotar outro formato, não o mesmo de um Passat de metade do preço, e um volante diferenciado — se o Gol se vangloria pelo volante de CC, hoje o CC deve se envergonhar do volante de Gol… Ponto alto é sua escolha de materiais: denota mais capricho que no 328i, de bom aspecto geral, mas um tanto simples para um carro de seu valor.
Os bancos dianteiros de ambos os carros, firmes como se espera de alemães, têm ajuste elétrico que inclui inclinação e duas memórias de posição. No CC há ainda aquecimento e (como opcionais) ventilação e regulagem elétrica de intensidade e altura do apoio lombar — no BMW essa região é fixa e, a nosso ver, poderia apoiar de forma mais intensa. O recurso do VW permitiu oferecer um sistema de massagem: ao inflar e desinflar as bolsas de ar dessa região, o banco pressiona as costas em diferentes pontos e ameniza o cansaço em viagens. Já a ventilação, embora seja natural e não refrigerada, reduz o desconforto de se sentar no banco de couro muito quente — poderia ser revista a luz indicadora de funcionamento, quase invisível sob o sol.
Embora simples, os painéis de instrumentos reúnem as informações necessárias, o que inclui velocímetro digital e pressão individual dos pneus no VW (o BMW informa de maneira geral, a menos que haja perda de pressão). Ambos trazem termômetro de óleo, que no CC é digital e no 328i vem no lugar habitual daquele do líquido de arrefecimento; poderia haver neste uma luz indicadora de motor frio (como nos Hondas) para compensar sua ausência. Os computadores de bordo têm duas medições e consumo indicado em nosso padrão (km/l). A iluminação, eficaz nos dois, vem em branco no VW e em laranja no BMW.
O interior do BMW é mais simples do que a faixa de preço faz esperar, mas
tudo foi bem desenhado; os bons bancos poderiam ter ajuste lombar
Na parte central do painel, amplas telas de cristal líquido servem a diferentes funções, como sistema de áudio e ajustes de climatização; também navegador como opcional no VW (com voz em português brasileiro e até uma busca de postos de combustível) e manual digital de instruções no BMW. No CC o comando é por toques na tela, com botões redundantes para as principais funções, enquanto no 328i usa-se o botão do sistema IDrive no console, que evita deixar impressões digitais na tela. Os sistemas de áudio contam com entrada auxiliar (USB, só no BMW; para cartão SD e Ipod, apenas no VW), sendo a qualidade de som excelente no caso do CC.
O VW oferece massagem: ao inflar e desinflar as bolsas de ar na região lombar, o banco pressiona as costas em diferentes pontos e ameniza o cansaço em viagens
Um item conveniente e de segurança no VW é o controle de distância até o tráfego à frente, Front Assist. Pode-se acionar o controlador de velocidade, que se encarrega de acelerar e frear o carro para acompanhar o ritmo do trânsito (incluindo paradas), ou apenas deixar ativo o monitor, que então alerta o motorista para frear caso a distância esteja insuficiente. No primeiro caso, como o sistema tem um limite de aplicação de freios, o condutor ainda será chamado a agir se for necessária uma frenagem mais intensa.
Exclusivos do BMW são o sistema automático de parada e partida do motor, que ajuda a reduzir consumo e emissões, desativando o motor quando se mantém o pedal de freio acionado com o câmbio em D (desde que não haja requisição excessiva de energia, como ar-condicionado a pleno), e a seleção de modo de dirigir entre os programas Sport, Comfort e EcoPro. Este último ajusta parâmetros — como respostas do acelerador e trocas automáticas de marcha — para máxima economia e, como estímulo ao uso, aponta o ganho acumulado em quilômetros de autonomia. É clara a diferença de resposta ao comando do pé direito entre o Sport e os demais programas.
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