Marcas de diferentes estratos do mercado oferecem
sedãs de luxo com ênfase na esportividade: qual o melhor?
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Desde que chegou ao Brasil após a liberação das importações, no começo dos anos 90, a BMW desfruta uma imagem de prestígio, de carros que reúnem conforto e esportividade como poucas marcas conseguem. Já a Volkswagen nasceu aqui há 60 anos na outra ponta do mercado, vendendo Fuscas e Kombis aos milhares, e levou mais de três décadas para ter por aqui algo que se pudesse chamar de carro de luxo — o Santana, lançado em 1984. Duas marcas, portanto, com origens diametralmente opostas em se tratando de Brasil.
Décadas depois, o quadro é outro. Não que a BMW tenha se tornado fabricante de carros populares ou que a VW só ofereça hoje caros modelos de luxo — cada uma preserva, ao menos em parte, sua tradição e seu público-alvo. Mas já é possível encontrar um modelo da empresa de Wolfsburg em concorrência direta com um da fábrica de Munique, como acontece com o BMW 328i, versão intermediária de uma linha também média para a marca (o Série 3), e o novo CC, o topo de linha entre os automóveis da VW por aqui (o Touareg é um utilitário esporte).
BMW 328i |
Volkswagen CC |
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4,62 m | 245 cv | R$ 174.950 | 4,80 m | 300 cv | R$ 232.484 |
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais |
Embora a versão Sport do 328i tenha maior conteúdo e preço superior, a que nos coube avaliar era a básica, de R$ 174,9 mil, o que a afastou bastante do oponente (vendido a partir de R$ 208 mil) nesse importante fator. O CC avaliado trazia todos os opcionais e assim chegava a R$ 232,5 mil — como você poderia imaginar, há 20 ou 30 anos, pagar 30% a mais por um VW que por um BMW? Por outro lado, são modelos concorrentes nos três outros “Ps” dos quatro que norteiam nossos comparativos.
Enquanto a BMW abriu mão nessa versão dos clássicos motores de seis cilindros, a VW tem no CC um de seus poucos automóveis de alto padrão que não usam turbo
A proposta de uso é a mesma: são sedãs médio-grandes de quatro portas — esqueça a denominação Comfort Coupe do VW, pois cupês são carros de duas portas — com altas doses de esportividade no estilo e na mecânica, voltados a consumidores exigentes que poderiam pagar bem menos por um carro do mesmo tamanho, desde que abrissem mão de alguns itens de conforto, de certos aparatos tecnológicos ou, no caso de um deles, da marca de prestígio.
Em porte, o CC é 18 centímetros maior em comprimento, mas mede 10 cm a menos em distância entre eixos, o que tem relação com as diferenças de arquitetura, como posição de motor e tração. Enfim, em potência, o motor V6 de 3,6 litros e aspiração natural do CC oferece um pouco mais que o turboalimentado de quatro cilindros e 2,0 litros do 328i: são 300 ante 245 cv. Curiosamente, o valor de torque máximo é o mesmo nos dois.
Outra curiosidade: enquanto a BMW abriu mão nessa versão dos clássicos motores de seis cilindros (em linha, no caso) aspirados, a VW tem nesse carro um de seus poucos automóveis de alto padrão que não usam turbo, dispositivo ao qual a marca tem sido bastante associada nos últimos 15 anos. Os contrastes técnicos não param por aí: enquanto o 328i tem câmbio automático de oito marchas e tração apenas traseira, o CC usa caixa automatizada de dupla embreagem com seis marchas e tração integral.
Feitas as apresentações, fica a questão: vale a pena optar pela tradição do modelo da Baviera, mesmo que se trate de um carro mais simples e menos potente, ou a melhor opção é seu oponente do norte alemão, de origem humilde, mas com atributos não menos convidativos? É o que saberemos nas próximas páginas.
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