A sigla vem do passado, mas o DS3 é moderno de todos os ângulos; os elementos
esportivos como o difusor de ar traseiro combinam com a “barbatana” lateral
Concepção e estilo
Punto é um nome algo recente — cinco anos — no Brasil, mas tradicional na Itália, onde o primeiro modelo com essa denominação surgiu em 1993 como sucessor do Uno. A segunda geração veio em 1999 e a terceira, designada como Grande Punto, em 2005. Foi essa que serviu de base para o Punto nacional, lançado dois anos depois, embora com diferenças técnicas. Em 2012 o modelo brasileiro adotou uma reforma visual na frente e na traseira semelhante à do italiano.
O DS3 tem histórico mais nobre: antecipado pelo carro-conceito DS Inside, foi o modelo que estreou em 2009 a divisão de luxo DS da Citroën, cujo nome remete ao do avançado modelo produzido entre 1955 e 1975. Sua origem está no C3 de segunda geração, apresentado na França em 2009, e a chegada de ambos ao Brasil deu-se no ano passado.
Quanto ao Fusca, o nome dispensa apresentação, mas o novo carro lançado em 2011 no exterior é o sucessor do New Beetle de 1998, que também foi vendido aqui — desta vez a VW alemã permitiu que cada país usasse o nome ou apelido pelo qual o modelo original fosse conhecido, sendo mantido Beetle em países de língua inglesa. A plataforma deriva da usada no Golf e no Jetta de sexta geração, mas com menores dimensões.
O Fiat é mais um belo trabalho do instituto ItalDesign de Giugiaro, que criou formas arrojadas e harmoniosas, com destaque para a frente longa, baixa e chanfrada nas laterais e para as lanternas traseiras nas colunas, sua característica desde os anos 90. Se nem todos gostaram da recente atualização, é fato que o TJet ganhou o merecido tratamento estético, com para-choques específicos, molduras de para-lamas mais integradas (antes vinham em preto e pareciam improvisadas) e um difusor de ar na traseira.
O bom trabalho de Giugiaro mantém o Punto atraente após oito anos; se
a remodelação não agradou a todos, o TJet ganhou a identidade que merecia
O que ofusca o Punto é o brilho dos oponentes em termos de estilo. A Citroën realmente se esmerou no DS3, que tem um aspecto ousado, transmite imponência e mostra criatividade em detalhes como a “barbatana” nas colunas centrais e a área de vidros que parece formar uma só peça. É também diferenciado o bastante do C3 para evitar o risco de confusão, como espera quem paga bem mais pelo modelo superior da linha.
Identidade própria, como se espera, é o ponto de destaque do Fusca, parecido o suficiente com o original para ser reconhecido como sua edição moderna, mas diferente o bastante do New Beetle para não ser confundido com ele. Houve ganho expressivo em esportividade com o perfil mais baixo da carroceria em geral e do teto em particular, o para-brisa menor e mais recuado e o uso moderado dos motivos circulares. O resultado parece ter obtido grande aprovação do público.
O Fusca é parecido o suficiente com o original para ser reconhecido como sua edição moderna, mas diferente o bastante do New Beetle para não ser confundido com ele
Em termos de aerodinâmica o DS3 sobressai, com Cx 0,31 e uma área frontal moderada que o coloca em vantagem no produto final (Cx vezes área), com 0,732. O Punto TJet não teve o Cx informado, sendo razoável supor que mantenha o de 0,34 das demais versões, o que levaria o produto a 0,819. Nesse aspecto o Fusca também é nostálgico, pois o Cx de 0,37 é típico dos anos 70, embora haja outros carros de hoje (Chevrolet Agile, por exemplo) tão desfavoráveis ao ar quanto ele. Com a maior área frontal do grupo, obtém o resultado final de 0,921, o que significa resistência ao ar 26% maior que a do Citroën.
Conforto e conveniência
A proposta nostálgica da carroceria do Fusca repete-se no interior, com um painel inspirado no do VW original (até no porta-luvas) e itens peculiares como as alças nas colunas centrais. O DS3 é convencional por dentro, com desenho de painel semelhante ao do novo C3, mas o Punto — mesmo remodelado nessa região para 2013 — também não foge aos padrões.
No Fusca o apelo é nostálgico, criando simpatia pela inspiração no original;
em relação ao antecessor New Beetle, ganhou proporções mais esportivas
O que agrega esportividade aos três são os volantes e os bancos dianteiros com apoios bastante pronunciados, revestidos em couro no Citroën e no VW (este em duas cores no carro avaliado, de efeito interessante) e na combinação de couro (nas laterais) e tecido (nas áreas de contato com os ocupantes) no Fiat. Neste, elementos circulares já são uma tradição da versão TJet, assim como parte do painel na cor da carroceria, que agora traz textura em vez de acabamento liso. Os materiais plásticos são rígidos, mas de bom aspecto, nos três modelos e os forros de teto vêm em preto. No Fusca muitos plásticos são lisos e pintados em preto brilhante.
Tais bancos são não apenas envolventes, como bem firmes na densidade de espuma e corretos em desenho. Estão bem posicionados em relação aos pedais e ao volante, que conta com ótima pega e ajustes em altura e distância nos dois casos. Não poderia faltar um “quarto pedal” bem definido para apoiar o pé esquerdo. O Fusca é o único a ter ajuste de apoio lombar, o que vale também para o passageiro ao lado. No DS3 a reclinação do encosto é ajustada por alavanca em pontos já determinados, em vez da regulagem giratória e contínua dos outros.
Embora simples em sua aparência saudosista, o quadro de instrumentos do Fusca traz fartas informações: inclui mostrador digital para velocidade e temperaturas do óleo e do líquido de arrefecimento (esta com indicador nos outros modelos) e, no alto da parte central do painel, vêm termômetro de óleo, manômetro do turbo e cronômetro. Tudo bem legível e iluminado em branco.
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