Do mais ousado DS5 (o único hatchback do grupo) aos mais conservadores 508 e Passat, com Fusion e Azera no meio-termo, são cinco modelos de luxo que impressionam bem pelo estilo e fazem muitos adeptos
Concepção e estilo
Um dos modelos representa a última evolução de uma longa linhagem: o Passat surgiu em 1973 na Alemanha e ganhou novas gerações em 1980, 1988, 1996 e 2005, sendo o modelo atual uma reestilização com base nessa última. O Fusion, nascido nos Estados Unidos a partir de uma plataforma Mazda, e o sul-coreano Azera foram lançados no mesmo ano — 2005 — e já estão na segunda geração, apresentada em 2011 para o Hyundai e no ano seguinte para o Ford.
Os outros dois estão na primeira edição. O 508 apareceu em 2010 na França como substituto do 407 — a Peugeot altera a denominação a cada evolução de seus automóveis, mas a linhagem iniciada por 5 só começou com o 504 de 1968. Já o DS5, por enquanto o membro mais luxuoso da família DS da Citroën, foi lançado em 2011 com base na plataforma do C4 (sem relação com a do 508, ao contrário do que se poderia esperar).
Os desenhos variam do conservador ao bastante ousado, este o caso do DS5. Não só pela opção pelo formato de dois volumes e cinco portas, que chega a lembrar o de uma perua esportiva ou shooting brake, mas também por soluções como a área envidraçada, os frisos que ligam os faróis às colunas, as formas das lanternas traseiras e as vistosas saídas de escapamento (apenas uma funcional). O Fusion, embora tenha os três volumes bem definidos, também expressa modernidade com a grade “de Aston Martin”, os faróis de perfil baixo e alongado e os vincos marcantes. Pelas opiniões que ouvimos durante as avaliações, é talvez o mais atraente deles.
O VW surgiu nos anos 70 e já está na quinta geração; o Ford e o Hyundai passaram há pouco tempo para a segunda; o Citroën e o Peugeot adotam as atuais denominações pela primeira vez
Nos outros três, as linhas são mais tradicionais. A maior ousadia está nos vincos pronunciados das laterais do Azera, enquanto 508 e Passat deixam clara a intenção de não correr riscos, oferecendo uma evolução sóbria do que cada marca já oferecia. Os cinco, porém, conseguem representar seus fabricantes com classe e elegância nesse segmento em que imagem é tão importante (veja nossas análises de estilo do Citroën e do Ford).
O desenho do Fusion expressa modernidade e, pelas opiniões que ouvimos durante as avaliações, é talvez o mais atraente deles
Todos exibem bons dotes aerodinâmicos, beneficiados por suas dimensões (carros mais longos conseguem melhor penetração no ar). Os melhores Cx são os do 508 e do DS5, com 0,26, seguidos por Fusion (0,27, apenas enquanto as aletas da grade estão fechadas por não haver maior necessidade de arrefecimento), Azera (0,28) e Passat (0,29), o que comprova que ousadia de linhas não tem relação direta com eficiência aerodinâmica. Considerada a área frontal estimada, os valores finais são: Peugeot, 0,652; Citroën, 0,678; Ford, 0,710; Hyundai, 0,711; e VW, 0,725.
Conforto e conveniência
Diferença semelhante àquela percebida entre os desenhos externos é notada em seus interiores, mas com alguma variação: do DS5 é mais ousado, seguido pelo do Azera, com o Fusion acompanhando 508 e Passat como os mais sóbrios. O Citroën traz até um console de teto, típico de aviões, com porta-objetos e controles como os do teto solar. Os padrões de acabamento seguem a linha mais apreciada no Brasil, com seções que simulam alumínio.
O DS5 é o mais avançado também no ambiente interno, mas seguido pelo Azera; o Fusion acompanha 508 e Passat com desenhos mais discretos, todos com boa qualidade de materiais
Bancos e volantes são revestidos em couro nos cinco modelos. Os materiais plásticos são todos de boa qualidade, mas no DS5 não trazem a suavidade esperada dessa categoria — bem o oposto do 508, que impressiona nesse quesito. Interessante no Citroën o revestimento dos bancos com saliências que lembram uma pulseira de relógio.
Espaço e conforto não faltam para o motorista desses carros, acomodado em um banco bem conformado, com bom apoio lateral, e com apoio adequado para o pé esquerdo. Todos trazem ajuste elétrico, o que inclui o apoio lombar, mas no 508 faltam as memórias de posição, convenientes quando o carro é compartilhado por duas ou mais pessoas. DS5 e Azera vêm com regulagem do apoio das coxas, elétrica apenas no sul-coreano, e o VW e o Citroën oferecem a comodidade do massageador: as bolsas que ajustam o apoio lombar inflam e desinflam em sequência, variando a pressão e a altura desse apoio, para reduzir o cansaço das costas em trajetos longos. Os volantes são reguláveis em altura e distância, com controle elétrico apenas no Hyundai.
Os painéis de instrumentos mais equipados são os de 508 e Passat, que incluem velocímetro digital em repetição ao analógico (também no DS5) e termômetro de óleo (digital no VW). O do Fusion traz telas digitais configuráveis com diversas funções, como histórico das médias de consumo e configurações em geral, só que o conta-giros é pequeno e pouco prático em suas duas formas de exibição. Dos computadores de bordo, só o do Azera fica devendo a informação de consumo em nosso padrão, km/l. A iluminação usa sobretudo a cor branca, exceto no colorido Ford.
Todos são refinados e trazem bons bancos, mas o Azera tem mais espaço para pernas e
o DS5 é o mais compacto; no Fusion, parte dos instrumentos pode ser configurada
Citroën e Peugeot trazem projeção de informações (velocidade, parâmetros do controlador e do limitador de velocidade e indicação do navegador) em uma tela regulável de policarbonato, o que as mantém na linha de visão do motorista. Sua leitura é sempre clara e a tela pode ser guardada se desejado. Com ela em uso, pode-se manter três indicações de velocidade simultâneas — não há mesmo argumento para levar uma multa por distração.
DS5, Fusion e 508 avaliados tinham navegador por satélite (que consta também do Azera, mas só em lotes posteriores ao do carro analisado) com ampla tela integrada ao painel. Apenas o Fusion usa tela sensível ao toque, mas por falta de tratamento adequado ela acumula muitas marcas de dedo, o que prejudica tanto a leitura (sobretudo sob sol) quanto a aparência. Nos franceses a inserção de endereços, por meio do comando multifunção no console, ficou mais prática que no sistema similar de outros modelos das mesmas marcas, que requer o uso de um botão no aparelho de áudio.
Ford (de série) e VW (como opcional) oferecem sistemas de auxílio ao estacionamento, que assumem o controle do volante para manobrar o carro (acelerar, frear e mudar marchas continuam a cargo do motorista, que pode se orientar pelas indicações do sistema e dos sensores de estacionamento). Os dois trazem ainda câmera na traseira, com guias que projetam para onde se vai pela posição atual do volante e imagens na tela do painel (o DS5 tem a câmera, mas com guias fixas), e monitor de atenção do motorista, que detecta sinais de sonolência a partir da forma como ele dirige após algum tempo.
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