Capacidade de bagagem é modesta para o porte do carro, 316 litros; instrumentos
seguem os do Titanium, mas com mostrador menor para computador de bordo
Alguns pontos podem melhorar: o comando de luzes fica voltado para baixo e a regulagem elétrica do facho dos faróis praticamente se oculta, pois é acionada por um botão retrátil dentro do comando geral; a fixação dos bancos dianteiros ao assoalho fica bem à mostra; a tomada de energia 12-volts no console está muito recuada, o que dificulta conectar acessórios junto ao para-brisa como navegador e celular; e faltam luzes de leitura (há apenas luzes gerais, dianteira e traseira), porta-luvas refrigerado e faixa degradê no para-brisa.
Espaço interno não é destaque do Focus, que oferece acomodações apenas regulares para cabeças, ombros (mesmo na frente) e pernas, consideradas suas dimensões externas das maiores entre os hatches médios. Como já visto no Fiesta, as novas gerações de carros da Ford parecem estar menores por dentro, pois não compensam as perdas de espaço inerentes às estruturas mais volumosas para resistência em colisões. Ao menos o passageiro central traseiro dispõe de local confortável por não haver apoio de braço central. A capacidade de bagagem é modesta para o segmento, 316 litros (perde até para a do compacto Renault Sandero), apesar do uso de estepe temporário, como no modelo anterior; o banco traseiro tem repartição 60:40.
Acabamento é bom, mas alguns plásticos não; controlador e limitador de velocidade,
retrovisores biconvexos, apoios laterais, limpadores com braços opostos, comandos
por voz e Eco Mode são bons detalhes; botão de luzes e estepe podem melhorar
Desempenho é forte em alta
O motor Duratec de 2,0 litros e quatro válvulas por cilindro, agora atualizado em vários aspectos (saiba mais sobre técnica no boxe abaixo), deixa boas expectativas no Focus com sua potência de 175/178 cv e o torque de 21,5/22,5 m.kgf, na ordem gasolina/álcool. Associado ao câmbio de dupla embreagem e seis marchas, seu desempenho é realmente bom: as medições do Best Cars com álcool (como veio abastecido da fábrica) apontaram aceleração de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e retomada de 80 a 120 km/h em 6,9 s com reduções automáticas.
O Focus perdeu para o Golf na aceleração de
0 a 100 km/h e nas retomadas, mas
foi mais rápido nas provas de maior duração
Como a caixa Powershift tem a tendência de não trabalhar com rotações baixas — a maior parte do tempo o motor está acima de 2.000 rpm, mesmo em condução tranquila —, a sensação é de ampla potência disponível, mas quem provocar os regimes abaixo desse ponto vai notar menor desenvoltura do que se espera de um motor com mais de 170 cv. Não há muito que fazer: 89 cv por litro são uma potência específica das maiores em motores de aspiração natural e o carro é um tanto pesado, com 1.375 kg nesta versão.
Comparado ao Golf Highline avaliado em Um Mês ao Volante, que tem menor potência (140 cv), mas oferece maior torque em regime bem mais baixo e pesa 137 kg a menos, o Focus perdeu para o VW na aceleração de 0 a 100 km/h e nas retomadas de velocidade, pelo menor torque e o peso adicional, mas foi mais rápido nas provas de maior duração (0-120 km/h e 0-400 metros). Ainda foi beneficiado pela rotação bem superior (2.600 rpm) permitida pelo câmbio Powershift nas saídas, acelerando-se enquanto se freia.
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Testes de desempenho
Aceleração de 0 a 80 km/h | 6,8 s |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,2 s |
Aceleração de 0 a 120 km/h | 12,4 s |
Aceleração de 0 a 400 m | 16,3 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (D) | 5,5 s |
Retomada de 60 a 120 km/h (D) | 8,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (D) | 6,9 s |
Teste efetuado com álcool; conheça nossos métodos de medição |
Consumo em trajetos-padrão
Trajeto |
Álcool |
Leve em cidade | 9,0 km/l |
Exigente em cidade | 4,4 km/l |
Em rodovia | 9,8 km/l |
Conheça nossos métodos de medição |
Dados do fabricante
Gasolina |
Álcool |
|
Velocidade máxima | 206 km/h* | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,2 s* | |
Consumo em cidade | 9,9 km/l | 6,5 km/l |
Consumo em rodovia | 13,0 km/l | 8,6 km/l |
Consumo conforme padrões do Inmetro; *desempenho informado sem especificação de combustível |
Comentário técnico
• Evoluído a partir do Duratec usado no modelo desde 2005, ainda na primeira geração, o motor de 2,0 litros do novo Focus tem recursos modernos como variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e de escapamento, bloco de alumínio e a primeira injeção direta de combustível, em âmbito mundial, capaz de trabalhar com álcool puro (a injeção usada nos EUA lida até com E85, que é 85% álcool e 15% gasolina). Sua relação r/l de 0,284 é muito boa para a cilindrada e o acionamento do comando de válvulas é feito com corrente, que dispensa manutenção.
• O sistema de partida a frio não usa nem injeção suplementar de gasolina, o método tradicional, nem preaquecimento de álcool como tem sido aplicado a vários motores (até mesmo ao Focus de 1,6 litro). É que a alta pressão do sistema de injeção direta garante a partida com álcool mesmo à temperatura de 10°C negativos, segundo a Ford.
• O câmbio de dupla embreagem Powershift segue o princípio lançado em 2003 pela Audi e hoje aplicado a várias marcas: a árvore primária de transmissão é dividida em duas seções, uma com as marchas de número par, outra com as ímpares. Enquanto uma das marchas está selecionada e ativa, com sua embreagem acoplada, a transmissão comanda que a marcha seguinte seja selecionada, permanecendo sua embreagem desacoplada. No momento da mudança, esta embreagem se acopla ao mesmo tempo em que a outra (da marcha que está saindo) é desacoplada. Com isso, não é preciso interromper o fornecimento de potência para uma operação suave. Na caixa da Ford as embreagens operam a seco, a exemplo do DSG do Golf de 1,4 litro.
• A suspensão dianteira McPherson ganhou componentes mais leves e rígidos, como subchassi, braços e barra estabilizadora, em alívio total de peso de 7 kg. Na traseira, a rigidez dos componentes do sistema multibraço — também dotado de subchassi — foi aumentada em até 75%. A assistência elétrica de direção (antes eletro-hidráulica) traz menor consumo de energia, dispensa fluido e permitiu adotar assistente de estacionamento. Vem ainda com sistemas de cancelamento de vibrações e de compensação de deriva, que atenua a necessidade de esterçar o volante ao rodar em linha reta em piso inclinado.
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