Mais rodovia, a opinião da colaboradora e o veredito: afinal,
esse hatch cheio de recursos é uma boa compra na categoria?
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Atualização final: 21/3/14
A semana estendida que concluiu o teste de Um Mês ao Volante do Volkswagen Golf Highline foi uma das mais extensas em termos de distância percorrida: quase 800 quilômetros, o que levou a avaliação a ficar próxima dos 3.000 km.
Boa parte foi em apenas dois dias, quando o hatch alemão seguiu com o autor de Pindamonhangaba para Campinas, ambas no interior de São Paulo, a fim de cobrir o lançamento do novo Toyota Corolla. A viagem foi cumprida com o controlador de velocidade ativo a maior parte do tempo, seguindo os limites das rodovias Carvalho Pinto (120 km/h) e Dom Pedro I (110), com retorno pela Dom Pedro I e a Presidente Dutra (11o).
No trajeto o Golf mostrou-se um grande estradeiro, com seu motor turbo de 1,4 litro devorando asfalto com facilidade e mínimo ruído, mesmo nas subidas mais severas da Dom Pedro I — em nenhuma ele precisou sair da sétima marcha, com suas confortáveis 2.000 rpm a 110 km/h. O banco de alta densidade (firme) revelou-se ideal para viagens, por apoiar bem o corpo, e a suspensão traseira algo mais dura do que o ideal não prejudicou o conforto diante das boas condições do asfalto.
O Golf junto à represa de Igaratá e à rodovia Dom Pedro I: um grande estradeiro
com motor silencioso, bancos que apoiam bem e consumo de mais de 15 km/l
Nas várias e longas descidas da Dom Pedro I veio à lembrança o teste de consumo que pôs à prova, na atualização anterior, o sistema de roda livre do Golf. Decidimos usá-lo, o que exigia cancelar o controlador de velocidade, e assim o carro chegava a ganhar alguns km/h enquanto rodava solto. Com o controlador em ação, o VW não só mantinha a marcha engrenada como fazia reduções para conter a velocidade, evitando que superasse a estabelecida pelo motorista.
“O Park Assist funciona muito bem, e a câmera de
ré e os sensores em todos os lados indicam
com clareza os obstáculos: uma mão na roda!”
O trecho urbano de Campinas — séria candidata ao título de cidade brasileira com mais empenho na fiscalização de velocidade — deu oportunidade para usar outro recurso, o limitador de velocidade, que funciona muito bem. Enquanto isso o navegador por GPS, programado com facilidade por voz sem necessidade de parar o carro ou distrair a atenção, mostrava o bom detalhe de aumentar a imagem sempre que houvesse uma conversão importante à frente. Na volta, a chuva permitiu experimentar ótima aderência de pneus (apesar de sua largura acima do usual, 225 mm) e bom trabalho do limpador de para-brisa, que permite até ajustar a sensibilidade do acionamento automático.
O Golf foi, sem dúvidas, um bom companheiro de viagem. E muito econômico: registrou média geral de 15,6 km/l e 16,4 na volta, com ar-condicionado ligado todo o tempo. Associado esse atributo aos já percebidos desde o início da avaliação, o editor mantém seu voto a favor do modelo: sim, compraria um, mas em configuração de opcionais mais acessível, por menos de R$ 90 mil.
Itens de conveniência em profusão, mas sem dificuldade de uso, foram um
ponto elogiado por Cibele de Souza, que dirigiu o Golf nos últimos dias
Na visão das mulheres
O teste não estaria completo sem o ponto de vista feminino, que coube à mesma colaboradora — Cibele de Souza — que havia opinado sobre o Nissan Sentra, semanas atrás. Mãe de dois filhos, a motorista usou o hatch em sua cidade no interior paulista por cerca de 100 km.
Cibele não se diz fã do estilo do Golf, que considera “um carro moderno e bonito, só que masculino”. Ela reconhece que a VW fez um bom trabalho em seu interior: “É todo bem-feito, caprichado nos detalhes. Tudo passa a impressão de qualidade. Os comandos são fáceis de usar e gostei muito de conveniências como chave presencial, vidros que podem ser abertos e fechados com controle remoto, porta-luvas com refrigeração e o ótimo sistema de som com uma tela tátil ampla e prática”.
Bastante franca quanto à dificuldade que muitas mulheres encontram para manobras de estacionamento, a colaboradora aprovou os recursos que o Golf oferece: “Usei duas vezes o Park Assist, que funcionou muito bem, mas em várias vezes estacionei ou fiz manobras em locais apertados com segurança, pois ele tem câmera de ré e sensores em todos os lados do carro, que indicam com clareza os obstáculos na tela do painel. Uma mão na roda! Só estranhei o que me pareceram alguns ‘alarmes falsos’ do sensor lateral do lado do motorista”.
O fácil acesso ao porta-malas, sem degrau na extremidade, mereceu menção da
motorista ao lado do assistente de estacionamento e da câmera traseira
O hatch atendeu bem à colaboradora no uso urbano, com percursos frequentes no leva e traz das crianças. Espaço interno e de bagagem foram considerados satisfatórios para o tipo de carro — “quem precisa de mais que isso deve procurar um sedã, não?”, alega a motorista. No carregamento do porta-malas, um detalhe positivo: “A base é nivelada com o piso, como nas peruas, sem o ‘degrau’ que encontrei em vários carros. Fica mais prático para colocar e retirar os itens mais volumosos ou pesados”.
Um dos carros que Cibele dirige é um Ford Focus de potência similar à do Golf e caixa automática, mas com motor de 2,0 litros. A comparação não foi tão favorável ao VW quanto alguns poderiam esperar: “Acho o Focus mais progressivo na resposta quando acelero. O Golf me deu a impressão de ‘tudo ou nada’: um pouco lento no primeiro instante e então ganha força com rapidez. Mas essa é a única crítica ao motor. Quando precisei de retomada, bastou pisar para ele ser mais rápido do que o Focus”.
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