Com 208, Peugeot recupera a oportunidade que perdeu

 

 
Nas versões Active, mais simples, e Allure (a do interior mostrado à direita), de
preço intermediário, vem o motor de 1,45 litro e até 93 cv já usado no Citroën C3 

 

Plataforma, a mesma do C3

Sob o capô do 208 estão os mesmos dois motores do C3 atual. O 1,6-litro de quatro válvulas por cilindro traz novidades em relação ao do 207 como variação do tempo de abertura das válvulas de admissão, taxa de compressão mais alta (para melhor rendimento com álcool) e sistema de partida a frio por pré-aquecimento de álcool, o que dispensa o tanque auxiliar de injeção de gasolina. O outro, de 1,45 litro e duas válvulas por cilindro, corresponde ao antigo 1,4 com maior cilindrada e mantém o “tanquinho” de partida.

Em comparação ao 207, houve aumentos de potência e torque em ambos os casos. O 1,45-litro fornece 89 cv e 13,5 m.kgf com gasolina, ante 80 cv e 12,85 m.kgf do 207, e atinge 93 cv e 14,2 m.kgf com álcool, contra 82 cv e os mesmos 12,85 m.kgf do antecessor. No caso do 1,6-litro, passou-se de 110 cv/14,2 m.kgf para 115 cv/15,5 m.kgf com gasolina e de 113 cv/15,5 m.kgf para 122 cv/16,4 m.kgf com álcool.

 

 
Em relação aos do 207, ambos os motores tiveram a taxa de compressão
elevada; o 1,6 vem com variação de tempo das válvulas de admissão 

 

O 208 compartilha também a plataforma com o novo C3, assim como acontecia entre o 207 francês e o C3 anterior. Com isso, a Peugeot abandona a peculiar — e típica de seu país de origem — suspensão traseira independente com braços arrastados e barra de torção, em favor do simples e “universal” eixo de torção com molas helicoidais. Também inéditos em um Peugeot dessa categoria são a assistência elétrica de direção, que o C3 já usava desde a geração anterior, e as rodas de 16 pol, exclusivas da versão Griffe. Pena que a evolução não tenha chegado ao número de marchas do câmbio automático — permanecem só quatro.

 

Apesar de bem menos potente que o Griffe, o Allure se mostra bem “esperto”, com acelerações e retomadas rápidas, ideais para um carro com vocação urbana

 

Para a imprensa experimentar o 208, a Peugeot preparou um teste entre a cidade do Rio de Janeiro e Búzios, na região dos lagos, com percurso de cerca de 400 quilômetros entre ida e volta. Começamos como passageiro no modelo de 1,6 litro. A primeira impressão agrada, pois o compacto tem bom espaço para o ocupante ao lado, acabamento condizente com a faixa de preço e bancos confortáveis. A central multimídia parece complicada, mas não é: intuitiva, basta observar e seguir uma lógica que as funções são descobertas sem problemas.

Quando chegou nossa vez de dirigir o 208 Griffe, o painel de instrumentos acima do volante foi responsável por alguma estranheza, mas a adaptação foi rápida. O volante pequeno tem ótima empunhadura e transmite uma sensação mais esportiva, sem que afete o conforto por haver uma assistência bem dimensionada. A alavanca de câmbio é macia e com engates precisos.

 

 
Bem acertado quanto a câmbio e suspensão, com motor 1,45 bem disposto e
1,6 com tempero esportivo, o 208 promete agradar em um segmento concorrido 

 

Com potência expressiva, uma das maiores da categoria de 1,6 litro, o motor de 16 válvulas é bastante elástico, capaz de efetuar retomadas em baixa rotação, mas é a partir de 3.000 rpm que o motorista começa a sentir seu verdadeiro potencial. A Peugeot acertou bem os sistemas de suspensões e direção, deixando o carro confortável e seguro — absorve bem as imperfeições do asfalto, mas agarra em curvas acentuadas. Não foi possível dirigir o carro com caixa automática.

 

 

A volta ao Rio foi feita com a versão Allure de 1,5 litro. O interior é semelhante ao do Griffe, salvo por itens como o ar-condicionado de ajuste manual. Ao dirigir, não há muita diferença nas qualidades notadas na suspensão, no câmbio e na direção — a diferença está nas respostas ao pé direito. Apesar de bem menos potente que o 1,6 (quase 30 cv com álcool), ele se mostra bem “esperto”, com acelerações e retomadas rápidas, ideais para um carro com vocação urbana. A desvantagem aparece mesmo no fôlego: em uma ultrapassagem, por exemplo, é preciso reduzir uma ou duas marchas e “encher” o motor. Mas em condições de trânsito normal, em cidade, ele revela muita disposição.

A Peugeot considera o lançamento do 208 como o mais importante de sua história no Brasil. O 207 continua em produção em versão de entrada, com preço em torno de R$ 30 mil, direcionado para outro tipo de público.

 

Ficha técnica

Allure Griffe
Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 2 4
Diâmetro e curso 75 x 82 mm 78,5 x 82 mm
Cilindrada 1.449 cm³ 1.587 cm³
Taxa de compressão 12,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 89/93 cv a 5.500 rpm 115 cv a 6.000 rpm/ 122 cv a 5.800 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 13,5/14,2 m.kgf a 3.000 rpm 15,5/16,4 m.kgf a 4.000 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual / 5 manual / 5 ou automático / 4
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco a disco ventilado
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 15 pol 16 pol
Pneus 195/60 R 15 195/55 R 16
Dimensões
Comprimento 3,966 m
Largura 1,702 m
Altura 1,472 m
Entre-eixos 2,541 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 55 l
Compartimento de bagagem 285 l
Peso em ordem de marcha 1.086 kg 1.153 kg*
Desempenho
Velocidade máxima (gas./álc.) 177/181 km/h 191/198 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) 11,7/10,9 s 10,2/9,7 s
Dados do fabricante; consumo não disponível; *câmbio manual

 

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