Versão de topo do sedã nacionalizado agrada em espaço, motor e rodar; sistema Multi-App merece ressalvas
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Seja pelo fator preço, seja pela praticidade das menores dimensões, os sedãs ditos compactos têm assumido novos espaços no mercado. Antes reservados ao segmento inferior, eles agora surgem como alternativa aos modelos médios e oferecem conveniências como sistemas de entretenimento, bancos de couro e transmissões automáticas ou automatizadas.
Embora ainda não esteja disponível o último desses itens (uma caixa de variação contínua, CVT, será implantada no próximo mês), o Nissan Versa é um bom exemplo dessa tendência. Produzido em Resende, RJ, desde o ano passado em substituição ao importado do México, o sedã derivado do March ganhou a versão de topo SL Unique e para 2016 recebeu o sistema de entretenimento Multi-App, diferente dos mais comuns no mercado, que permite usar aplicativos sem precisar do telefone celular. Foram razões para avaliarmos um modelo que não passava por nossa análise completa desde 2012.
Renovado em 2015, estilo do Versa ainda é polêmico; defletor e rodas 16 vêm no Unique
Ao preço sugerido de R$ 56.190, o Unique vem bem equipado para sua categoria: entre outros, traz alarme com controle remoto, ar-condicionado automático, banco do motorista e volante com regulagem de altura, bancos e volante revestidos em couro, computador de bordo, direção com assistência elétrica, faróis de neblina, freios com distribuição eletrônica da força de frenagem e assistência adicional em emergência, navegador integrado à tela de 5,8 polegadas, rádio/toca-CDs com MP3 e interface Bluetooth e rodas de alumínio de 16 pol.
A tela de 6,2 pol controla o novo sistema de entretenimento, que opera pela plataforma Android e traz de fábrica 13 aplicativos
O pacote Plus, que o leva a R$ 60 mil, acrescenta defletor na tampa do porta-malas, ponteira de escapamento cromada, tapetes e o sistema Multi-App. São valores competitivos aos de Chevrolet Cobalt LTZ 1,8 (R$ 60.890), Fiat Grand Siena Essence 1,6 (R$ 53.690), Ford Ka+ SEL 1,5 (R$ 55.140), Hyundai HB20S Comfort Style 1,6 (R$ 57.875), Renault Logan Dynamique 1,6 (R$ 53.530), Toyota Etios XLS 1,5 (R$ 56.795) e Volkswagen Voyage Highline 1,6 (R$ 58.590), todos com transmissão manual. Em termos de potência o Versa só não supera o HB20S (128 cv) e o Grand Siena (117 cv, ambos com álcool).
A tela sensível ao toque de 6,2 pol no centro do painel controla o novo sistema de entretenimento, que opera pela plataforma Android como a de muitos tablets e telefones e traz de fábrica 13 aplicativos: Waze, Google Chrome, Google Search, Google Maps, Youtube, Spotify, Deezer, Weather Channel, Trip Advisor, Tunein Radio, Foursquare, Skype e Onde Parar. Alguns deles não podem ser operados ou visualizados com o carro em movimento, conforme legislação. O acesso à internet pode ser obtido por modem conectado à porta USB ou pelo roteamento da conexão do telefone.
Interior simples ganha estética com bancos de couro e apliques; posição de dirigir tem ressalvas, mas espaço para pernas atrás é excelente
O sistema é prático de operar, mas sua lentidão de resposta chega a incomodar — provável sinal de economia nos recursos de processamento — e alguns programas travaram várias vezes. Seria mais prático também que o ajuste de brilho da tela fosse combinado à da iluminação dos instrumentos (é preciso regular no próprio sistema). A tela mostra ainda imagens da câmera traseira de manobras, há toca-CDs e DVDs, espaço de 1 GB para armazenar arquivos e fartas conexões: USB, auxiliar e duas para cartões SD (uma ocupada por mapas para navegação sem uso de internet) no próprio aparelho, mais USB e auxiliar no console central. A qualidade de áudio é mediana.
Entretenimento à parte, o interior do Versa apresenta a leve reforma efetuada na nacionalização, com apliques em tom prata e em preto brilhante no painel que se somam ao revestimento dos bancos em couro, no Unique, para obter algum requinte em que pese os plásticos rígidos e simples. Apesar da boa definição entre volante, banco e pedais, o motorista ficaria mais bem acomodado se o assento apoiasse melhor as coxas e o ajuste de altura movesse também o encosto. Além disso, a trava da regulagem do volante é um tanto dura para liberar.
Próxima parte
Desempenho e consumo
Apesar da largura dos pneus (195 mm), o Versa destraciona com facilidade nas arrancadas intensas como as de nossas medições, o que exige diferentes tentativas para encontrar a melhor condição de acelerar. O motor pode ser levado a até 6.750 rpm, nada menos que 1.150 rpm acima do pico de potência.
Seu desempenho é bom para a categoria, caso do 0-100 km/h em 11,6 segundos. De modo geral, os resultados de aceleração e retomada são compatíveis com os do Ford Ka+ 1,5 e melhores que os do Renault Logan 1,6, que foram comparados em 2014 pelo Best Cars. O mesmo pode ser dito do consumo, com destaque para o valor em uso urbano leve, 11,2 km/l de álcool. O Versa só não foi econômico no trajeto rodoviário, no qual uma transmissão mais longa o favoreceria. Deveria também ter maior capacidade de combustível: são apenas 41 litros, o que limita muito a autonomia com álcool.
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 11,6 s |
0 a 120 km/h | 15,5 s |
0 a 400 m | 18,1 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h (3ª.) | 8,9 s |
60 a 100 km/h (4ª.) | 12,0 s |
60 a 120 km/h (3ª.) | 12,3 s |
60 a 120 km/h (4ª.) | 17,5 s |
80 a 120 km/h (3ª.) | 9,3 s |
80 a 120 km/h (4ª.) | 12,7 s |
Consumo | |
Trajeto leve em cidade | 11,2 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 6,2 km/l |
Trajeto em rodovia | 9,2 km/l |
Autonomia | |
Trajeto leve em cidade | 413 km |
Trajeto exigente em cidade | 229 km |
Trajeto em rodovia | 339 km |
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Dados do fabricante
Velocidade máxima | 187 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND/10,4 s |
Consumo em cidade | 12,4/8,6 km/l |
Consumo em rodovia | 14,8/10,2 km/l |
Consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |