Picape revela ganhos em conforto, nível de ruído e segurança, mas preços estão altos demais diante da concorrência
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Alguns veículos reestilizados ficam tão diferentes na aparência que parecem uma nova geração. Outros, embora realmente novos em projeto, aparentam ter sido apenas reestilizados — é o caso da Toyota Hilux 2016, que lembra muito a anterior no desenho geral da carroceria, mas foi toda reprojetada depois de 10 anos de produção do modelo anterior.
A Hilux de 2005 havia causado uma revolução no segmento de picapes médias, com características internas, de rodagem e de nível de ruído sem comparação ao que havia na categoria do mercado nacional até então. Mas o tempo passa, a concorrência se renova e o que era avançado se torna superado — hora de trazer à produção argentina, que abastece o Brasil, a nova Hilux apresentada em maio na Tailândia.
A frente lembra a do Corolla e chama atenção, mas toda a carroceria e o chassi da Hilux foram reprojetados
Se o que a Toyota propõe dessa vez não pode ser chamado de revolucionário, é certamente um aprimoramento geral de uma picape que permanecia entre as duas mais vendidas da classe (no acumulado até outubro está apenas 2,5% atrás do volume de vendas da Chevrolet S10). A nova Hilux oferece seis versões, todas com motor turbodiesel de 2,8 litros e tração temporária nas quatro rodas (motor flexível e tração simples ficam para o segundo semestre do próximo ano): chassi sem caçamba, cabine simples e cabine dupla, com acabamento básico e câmbio manual, e os acabamentos SR, SRV e SRX para cabine dupla com caixa automática — de seis marchas, assim como a manual, contra cinco das anteriores. Veja no quadro abaixo os preços e conteúdos de cada uma.
Apesar da menor cilindrada, o motor oferece até 25% mais torque: bom diante da antiga Hilux, mas não tão expressivo em relação à concorrência
A frente inspirada na do Corolla, com perfil mais baixo para grade e faróis (que usam leds na versão SRX), é o destaque visual da nova picape. Mas o desenho tem outras novidades, como os para-lamas abaulados de linhas mais retas, que combinam com o vinco inferior das portas, e o capô sem tomada de ar, pois o resfriador de ar passou para a frente do motor. Afinal a câmera de manobras foi integrada à maçaneta da tampa de caçamba, evitando a sensação de improviso da montagem anterior. As rodas passam para 18 polegadas no acabamento de topo e 17 nos outros (antes, 16 ou 17 pol).
Em termos de dimensões, a Hilux aumentou 7 centímetros em comprimento para 5,33 metros e 2 cm em largura para 1,855 m, mas ficou 45 mm mais baixa (1,815 m) e manteve a distância entre eixos de 3,085 m. Como não aproveitou nada da versão anterior, a Toyota teve como foco das mudanças a parte interna, onde as conquistas foram maiores. O Corolla foi inspirador também do novo painel, com formas sobrepostas e mais modernas, que usa tons metálicos e preto brilhante no acabamento. O quadro de instrumentos passa a ter velocímetro e conta-giros de mesmo tamanho e um mostrador digital colorido entre eles na SRV e na SRX.
Comprimento e largura aumentaram, a altura total diminuiu, mas o vão livre do solo ganhou 6 cm
O interior mostra bom acabamento, comandos no volante (pequeno e esportivo) fáceis de acessar, posição de dirigir bem definida com amplas regulagens e aspecto agradável na versão SRX. As notas destoantes são a tela central do sistema de entretenimento, com aspecto de acessório pós-venda, e (como no sedã) o relógio digital que parece ter vindo de 1985… talvez trazido por um De Lorean? Por outro lado, os novos bancos envolventes seguram muito bem o corpo, mesmo nos solavancos do fora de estrada. Destaque também para o espaço dos passageiros no banco traseiro, tão amplo quanto o de um sedã.
A Toyota informa aumento na maioria das dimensões internas em relação ao modelo anterior, como mais 35 mm para os joelhos no banco traseiro, 19 mm no vão para os ombros na frente e 8 mm no espaço dianteiro para cabeça, apesar do teto 26 mm mais baixo em relação ao assoalho. Entre as conveniências disponíveis conforme a versão estão porta-luvas refrigerado, ar-condicionado automático com difusor para o banco traseiro, volante ajustável em altura e distância, navegador, televisor digital e uma inédita tomada de 220 volts.
A capacidade volumétrica da caçamba não é fornecida, mas suas dimensões aumentaram: de 1,52 para 1,57 m de comprimento, de 1,515 para 1,645 m de largura e de 45 para 48 cm de altura, todas referentes ao modelo de cabine dupla. A carga máxima transportável foi mantida ou ampliada: varia de 1.000 kg (SRX) a 1.025 kg (SR) com cabine dupla e chega a 1.195 kg no chassi sem caçamba. Antes, 1.000 kg nos modelos com caçamba e 1.150 kg sem ela. Ganho importante no uso fora de estrada foi o vão livre do solo, que passou de 222 para 286 mm.
O interior tem aspecto moderno e tela tátil com navegador e TV; instrumentos trazem mostrador digital
Motor: a concorrência está à frente
A Hilux foi reprojetada desde o chassi, que ganhou 20% em rigidez e tem 44% mais pontos de solda. O motor turbodiesel de 3,0 litros deu lugar ao de 2,8 litros da nova série Global Diesel (GD) com turbocompressor de geometria variável. Ele é mais leve e, apesar da menor cilindrada, oferece 22% maior torque máximo quando acoplado à caixa manual (passou de 35 m.kgf entre 1.400 e 3.400 rpm para 42,8 m.kgf entre 1.400 e 2.600 rpm) e 25% na versão com transmissão automática (subiu de 36,7 m.kgf de 1.400 a 3.200 rpm para 45,9 m.kgf entre 1.600 e 2.400 rpm). A potência aumentou de 171 cv a 3.600 rpm para 177 cv a 3.400 rpm.
São bons números diante da antiga Hilux, mas não tão expressivos em relação à concorrência. Com caixa automática, a Chevrolet S10 de 2,8 litros dispõe de 200 cv e 51 m.kgf; a Ford Ranger de 3,2 litros, de 200 cv e 48 m.kgf; a Nissan Frontier de 2,5 litros, de 190 cv e 45,9 m.kgf; a Volkswagen Amarok de 2,0 litros (única com dois turbos), de 180 cv e 42,8 m.kgf; e a Mitsubishi L200 Triton de 3,2 litros, de 180 cv e 38 m.kgf. Portanto, a Toyota só supera VW e Mitsubishi em torque e fica em último lugar em potência.
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Versões, preços e equipamentos de série
• Chassi sem caçamba (R$ 114.860), cabine simples (R$ 118.690) e cabine dupla (R$ 130.960), câmbio manual de seis marchas: ar-condicionado, bolsa inflável para os joelhos do motorista, diferencial autobloqueante na traseira, direção assistida, freios com assistência adicional em emergência e distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), rodas de 17 polegadas de aço com pneus 255/70, sistema de áudio e volante com regulagem de altura e distância. No caso de cabine dupla, fixação Isofix para cadeira infantil.
• Cabine dupla SR, caixa automática de seis marchas: R$ 162.320. Adiciona banco traseiro bipartido, comandos de voz, controle elétrico de vidros, travas e retrovisores; porta-luvas refrigerado, rodas de alumínio de 17 pol com pneus 265/65, volante com comandos de áudio e telefone, tela de 7 pol para entretenimento (com toca-DVDs) e câmera de manobras.
• Cabine dupla SRV, caixa automática: R$ 177.000. Adiciona ar-condicionado automático, assistente de reboque, auxílio para saída em rampa, controlador de velocidade, controles eletrônicos de estabilidade e tração, faróis de neblina, mostrador central de 4,2 pol nos instrumentos, navegador, televisor digital e tomada de 220 volts.
• Cabine dupla SRX, caixa automática: R$ 188.120. Adiciona acesso e partida sem uso de chave, bancos de couro com regulagem elétrica, bolsas infláveis laterais e de cortina, controle elétrico de vidros um-toque nas quatro portas, controle de velocidade para descidas, faróis de leds e rodas de alumínio de 18 pol com pneus 265/60.
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