Cedo ou tarde, Ford Focus renova-se e evolui para 2016

 

Após menos de dois anos o novo Focus já é outro, com o visual dianteiro que é padrão na marca e mais auxílios à segurança

Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação

 

Apenas seis meses depois que a Ford lançou a terceira geração do Focus no Brasil, em setembro de 2013, o modelo já passou por alterações de estilo nos mercados externos, que o conheciam desde 2011 — nós é que demoramos demais a recebê-lo, considerando-se o programa One Ford de carros unificados em termos globais. Agora, com meros 21 meses de mercado, o novo Focus torna-se passado e a remodelação chega ao País como modelo 2016.

A meta da Ford é manter o hatch competitivo na categoria da qual é líder, com participação de 27,8%, à frente de Volkswagen Golf (25,2%) e Chevrolet Cruze (24,1%). A linha também se adequou à tendência do segmento pela eliminação da versão de entrada S e do câmbio automatizado Powershift para o motor de 1,6 litro, que tinham baixa procura, enquanto foram adicionados conteúdos aos acabamentos superiores.

 

 

 
A grade similar à do Fusion tem cromados nas versões Titanium e Titanium Plus, esta (nas fotos) com novos faróis bixenônio adaptativos; as lanternas traseiras ganharam perfil mais baixo

 

A fábrica explica que o perfil do consumidor mudou: se 52% dos compradores de hatches médios em 2011 compravam a versão básica, 44% escolhiam uma intermediária e apenas 4% a de topo, passados quatro anos o panorama mudou para 10% da mais simples, 48% da intermediária e 42% da mais luxuosa (veja no quadro abaixo os preços e equipamentos de cada uma). O sedã passará pelas mesmas alterações em julho.

 

O sistema de frenagem automática Active City Stop atua em velocidades de até 50 km/h, assim que um sensor do tipo lidar detecta risco de colisão com um veículo adiante

 

A reforma estética afetou sobretudo a frente, com novos faróis, capô e para-choque. A grade em forma de trapézio, antes segmentada em três elementos na parte inferior, passa a ficar em destaque como já acontecia em outros modelos da marca, como Fiesta e Fusion. Embora se possa alegar que o Focus perdeu identidade entre os “irmãos”, o fato é que o desenho ficou elegante e mais refinado, em especial na versão Titanium, com frisos cromados na peça (a SE usa formato diferente e todo em preto). O coeficiente aerodinâmico (Cx) baixou em 3% para 0,287.

Os faróis com lâmpadas de xenônio para ambos os fachos, restritos à versão Titanium Plus, ganham novas funções: na posição automática o facho se ajusta de acordo com a velocidade do carro (mais largo e curto de 30 a 50 km/h, mais alongado dali até 110 km/h e ainda mais acima de 110) e move-se na direção das curvas (conforme o ângulo do volante e a velocidade do carro). Há ainda iluminação auxiliar em curva, que acende um facho extra lateral.

 

 

 
O Focus SE passa a ser a opção de entrada e já vem com controle de estabilidade e rodas de 17 pol; no interior de toda a linha mudaram volante, console e alavanca do freio de estacionamento

 

Se de lado apenas as rodas são novas — agora sempre de 17 polegadas, enquanto o anterior usava 16 no caso de motor de 1,6 litro —, na traseira a renovação afetou tampa, lanternas e para-choque. O alojamento da placa de licença tem contornos suaves, em vez dos antigos marcantes, e o perfil das lanternas ficou mais baixo, embora o contorno junto aos para-lamas seja o mesmo para evitar onerosas mudanças em painéis metálicos.

 

 

No interior do Focus as intervenções incluem volante de novo desenho com comandos de trocas manuais de marcha no caso do Powershift (antes era preciso usar um botão na alavanca de câmbio) e a ligação do painel ao console central, com alavanca do freio de estacionamento de melhor aspecto. Mudou ainda o revestimento dos bancos, foi revisto o isolamento acústico e surge a chave programável My Key, pela qual se pode limitar a velocidade e o volume do sistema de áudio e manter ativos sistemas como o controle de tração, como no caso de ceder o carro a manobrista. O sistema Sync recebe as funções de chamada de emergência e App Link, para uso de aplicativos aprovados pela fábrica.

A Ford aproveitou para aperfeiçoar o assistente de estacionamento, agora capaz de manobrar o carro para vagas perpendiculares ao tráfego (antes, só paralelas), e implantar o sistema de frenagem automática Active City Stop, que atua em velocidades de até 50 km/h assim que um sensor do tipo lidar (sensor de detecção de distância por reflexão de luz) detecta risco de colisão com um veículo adiante.

Próxima parte

 

Próxima parte

 

 

 

 
O Titanium vem com tela de 8 pol, navegador e comandos de voz, mas a estrela é sua variação Plus, que traz assistente de estacionamento aprimorado e sistema de frenagem automática a até 50 km/h

 

Segundo a fábrica, o dispositivo evita a colisão traseira a até 20 km/h e reduz de forma significativa o impacto a até 50 km/h, pois pré-carrega os freios e, se o motorista não tomar nenhuma ação, os aciona de forma automática (pode ser desativado se o condutor preferir). A empresa afirma que colisões até 50 km/h representam 75% dos acidentes de trânsito, mas ressalva que a detecção depende de elementos reflexivos dos veículos, pelo que pode não apontar pedestres, animais, ciclistas e motociclistas, assim como paredes e portões. Apesar de ser um recurso útil e que se tem tornado comum no mercado europeu, seria interessante se houvesse também a função de controlador da distância à frente, como no Fusion.

 

Se a ideia for desembolsar menos por um desempenho pouco menor, mas com o mesmo pacote de conforto, a versão SE Plus 1,6 sobressai em custo-benefício

 

Na parte mecânica, embora os motores e câmbios tenham sido mantidos, o Focus recebeu reforços estruturais para maior rigidez da carroceria, recalibração da direção e pequenas mudanças na suspensão (nova geometria na dianteira, buchas com composto de borracha mais rígido e reforço na longarina da torre dos amortecedores traseiros). O controle eletrônico de estabilidade, agora de série em toda a linha, passa a contar com duas novas funções.

Uma é o sistema de estabilidade preventivo (ETS), que monitora três variáveis (velocidade do carro, posição do volante e velocidade em que o volante é girado) e atua quando os dados apontam risco de derrapagem, ou seja, não é preciso que ela aconteça de fato como nos sistemas mais comuns. A outra função é o controle de torque em curvas (TVC), que aplica os freios para melhor distribuição de torque entre as rodas dianteiras, o que tende a evitar patinação do pneu interno e aumentar a estabilidade.

 

 

 
Motores e câmbios não mudam, mas a Ford aprimorou suspensão, direção e controle de estabilidade; o SE Plus 1,6 agrada pelo desempenho correto e a ótima operação do câmbio manual, agora o único da versão

 

Ao volante

No lançamento do Focus 2016 à imprensa, na região de Fortaleza, CE, tivemos acesso às versões SE Plus de 1,6 e 2,0 litros. Saímos primeiro com o mais potente. Logo se percebem o bom trabalho na direção, que ficou bastante progressiva conforme a velocidade, e o isolamento acústico eficiente, mesmo com alguma vibração no piso por volta de 4.500 rpm.

 

 

Com o câmbio em modo automático na posição D as trocas de marcha costumam ocorrer a baixa rotação, mas em S o motor é levado até 6.500 rpm e o desempenho se torna bastante convincente. Pode também ser operado pelos comandos que acompanham o volante, bem mais práticos que o sistema anterior de botão. A 120 km/h em sexta marcha o conta-giros revela 2.700 rpm, ritmo suave e favorável à economia. Para um modelo voltado ao público jovem, muitas vezes sem filhos, o espaço no banco traseiro parece suficiente, mas ao levar adultos pode faltar espaço para os joelhos.

Como ensina o ditado, “a virtude está no meio”. De fato, se a ideia for desembolsar menos por um desempenho pouco menor, mas com o mesmo pacote de conforto, a versão SE Plus 1,6 sobressai em custo-benefício. Sem opção automatizada, oferece uma embreagem muito macia e câmbio de engates precisos e fáceis. Seria interessante oferecer tal conjunto com o motor de 2,0 litros, que está vinculado ao Powershift.

 

 
Com mais equipamentos de série e boas evoluções, o Focus quer se manter líder entre os hatches médios; donos de modelos 2015, que ficaram desatualizados tão cedo, terão desconto de 15% na compra do novo

 

O bem desenvolvido trabalho de distribuição de torque concede mais de 80% do valor máximo a apenas 1.500 rpm, o que economiza trocas de marcha e permite desempenho bem razoável ao hatch, apesar dos expressivos 1.310 kg de peso. Acelerando a fundo a partir de 2.000 rpm percebe-se um crescimento vigoroso até o limite de 6.800 giros. A 120 km/h em quinta o conta-giros indica regime mais alto que na outra versão, 3.300 rpm, mas ele se mantém silencioso e com baixo nível de vibração.

Com o padrão de conforto e esportividade que marcam a história do Focus, as novas versões chegam às concessionárias no começo de agosto, o que pode ser tarde para os que as aguardavam desde março do ano passado, mas cedo para quem ainda curtia o cheiro de novo de seu Focus com o desenho antigo. Ao menos os donos do modelo 2015 terão uma compensação: 15% de desconto na compra do 2016, não vinculado à venda do modelo anterior.

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