Chrysler 300C mostra o jeito norte-americano de viajar

Muitas informações no quadro central e funções na tela de 8,4 pol; teto solar panorâmico; porta-copos aquece e esfria; memórias para o banco; volante com ajuste elétrico; tela contra sol; para-sol com extensor; aquecimento e USB para o banco traseiro

 

Bom V6, suspensão macia

Adotado na segunda geração do 300C, o motor Pentastar V6 é amplamente conhecido na linha Chrysler (saiba mais sobre técnica no quadro abaixo) e fornece bons valores de potência, 296 cv, e torque, 36 m.kgf. O que está fora do padrão mais recente, em que o turbocompressor toma conta do segmento de luxo, é o alto regime do pico de torque: 4.800 rpm. Mesmo com esse fator e os imponentes 1.828 kg de peso, o grande sedã mostra vitalidade desde baixas rotações. O 3,6-litros é macio como seda e produz muito pouco ruído em uso moderado, embora emita leve ronco ao se acelerar a pleno.

A transmissão automática Torqueflite de oito marchas é impecável em suavidade e responde bem ao que o motorista pede via acelerador. Talvez o faça mais do que precisaria: ao acelerar bastante a 100 km/h, por exemplo, a caixa reduz de oitava para quarta e subidas médias em rodovia trazem facilmente para sexta para manter 120, até porque o regime em oitava a tal velocidade é baixíssimo (1.550 rpm). Mas a proximidade entre as relações faz com que mal se perceba a sucessão de mudanças.

 

Motor V6 muito suave produz boas acelerações, limitadas pela 1,8 tonelada de peso; caixa de oito marchas tem posição L, mas não seleção manual

 

Estranha-se a ausência de seleção manual de marchas: segundo o fabricante, era pouco usada pelos compradores da primeira geração, que oferecia o sistema Autostick. O único recurso é a posição L (low, baixa) no seletor, que faz o motor operar em regimes mais altos e provoca sucessivas reduções quando se desacelera para aumentar o freio-motor, útil em descidas. Tradicional entre os norte-americanos, o L não impede que a caixa mude de marcha para cima, limitação que tornava tal posição quase inútil no primeiro modelo do Ford Fusion vendido aqui.

 

A suspensão do 300C foi calibrada com o conforto como prioridade, embora menos que no antigo padrão “náutico” norte-americano

 

A tração traseira certamente representa peso adicional ao 300C, mas traz dividendos como boa distribuição de massas (52% sobre o eixo dianteiro), grande esterçamento de rodas (faz retorno em espaço claramente menor que, por exemplo, o atual Fusion) e ausência de efeitos da aplicação de torque sobre a direção. Nas provas de aceleração foi simples transmitir toda a potência ao solo pelos largos pneus de 245 mm, sem patinação, e obter tempos como 8,2 segundos de 0 a 100 km/h. As retomadas são muito boas e o consumo razoável (veja números na página anterior).

Com suspensões modernas, o grande Chrysler foi calibrado com o conforto como prioridade: molas e amortecedores são suaves, embora menos que no antigo padrão “náutico” norte-americano. Dentro dessa proposta, duas ressalvas: poderia ser melhor a absorção de pequenas irregularidades, como juntas de dilatação de pontes e remendos do asfalto, para o que concorrem os pneus largos, e a nova assistência elétrica da direção nem deixa o volante tão leve em manobras nem tão preciso em alta quanto se gostaria, sinal de que algum trabalho a mais de calibração deve ser feito.

 

O 300C tem bom conteúdo e preço atraente em relação aos alemães de prestígio, mas nem tanto diante de outros amplos sedãs de marcas generalistas

 

Os grandes discos de freio dissipam velocidade com eficácia, a estabilidade direcional é ótima e a atitude em curvas indica correto posicionamento das rodas, com pouca tendência ao subesterço. Contudo, os amortecedores macios permitem mais movimentos de carroceria do que o ideal. Curiosamente, ao procurar o limite em curvas, percebe-se que a traseira sai ao cortar o acelerador (o que não é comum em modelos de tração traseira) até que o controle eletrônico de estabilidade intervenha — não seria difícil imitar a clássica “traseirada” dos carros policiais norte-americanos em perseguições no cinema. Embora exista um modo mais permissivo de tal controle, o programa básico não intervém em demasia.

 

 

Na combinação de nossos quatro “Ps” — proposta de uso, porte, potência e preço —, o 300C parece uma grande opção diante dos bem mais caros similares alemães Audi A6 (4,93 m, 2,0 litros, turbo, 252 cv, R$ 283 mil), BMW 535i (4,90 m, 3,0 litros, turbo, 306 cv, R$ 338.950) e Mercedes-Benz E400 Avantgarde Sport (4,88 m, 3,0 litros, turbo, 333 cv, R$ 340.900). Seu valor está mais próximo ao de modelos menores das três marcas, Audi A4, BMW Série 3, Mercedes Classe C.

No entanto, outras marcas tão generalistas quanto a Chrysler oferecem modelos próximos em três dos “P” por valores menores, como Honda Accord (4,91 m, 3,5 litros, 280 cv, R$ 160.100) e Hyundai Azera (4,92 m, 3,0 litros, 250 cv, R$ 180.840), sem falar no menos potente Ford Fusion Titanium (4,87 m, 2,0 litros, turbo, 234 cv, R$ 129.400 sem tração integral). Podem não ter as linhas imponentes e a tração traseira do 300C, mas também são boas formas de desfrutar o jeito norte-americano de viajar.

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Comentário técnico

Foto: divulgação
Foto: divulgação

• O motor Pentastar (nome alusivo ao tradicional emblema da Chrysler, a estrela de cinco pontas) V6 não usa turbocompressor ou injeção direta, como tem sido tendência, mas é feito de alumínio e traz duplo comando com acionamento por corrente e variação do tempo de abertura das válvulas.

• A transmissão de oito marchas é a conhecida ZF, em amplo uso por marcas como BMW e Jaguar ou mesmo pela Volkswagen Amarok, só que neste caso com outras relações de marcha e caixa de transferência (reduzida). O 300C, porém, abre mão da seleção manual de marchas. As relações finais (considerados diferencial e pneus) são das mais longas já vistas em carros a gasolina, a ponto de 120 km/h serem mantidos com apenas 1.550 rpm em oitava.

• A opção por formas retilíneas, que transmitem robustez, não fez do 300C um carro muito aerodinâmico: o Cx é 0,32, um pouco alto para um carro tão longo, o que em tese favoreceria o índice.

 

Ficha técnica

Motor
Posição longitudinal
Cilindros 6 em V a 60°
Material do bloco/cabeçote alumínio
Comando de válvulas duplo nos cabeçotes
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 96 x 83 mm
Cilindrada 3.604 cm³
Taxa de compressão 10,2:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima 296 cv a 6.350 rpm
Torque máximo 36,0 m.kgf a 4.800 rpm
Potência específica 82,1 cv/l
Transmissão
Tipo de caixa e marchas automática / 8
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 4,71 / 11 km/h
2ª. 3,14 / 17 km/h
3ª. 2,11 / 25 km/h
4ª. 1,67 / 31 km/h
5ª. 1,28 / 41 km/h
6ª. 1,00 / 52 km/h
7ª. 0,84 / 62 km/h
8ª. 0,67 / 78 km/h
Relação de diferencial 2,62
Regime a 120 km/h 1.550 rpm (8ª.)
Regime à vel. máx. informada 5.850 rpm (5ª.)
Tração traseira
Freios
Dianteiros a disco ventilado (320 mm ø)
Traseiros a disco (320 mm ø)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência eletro-hidráulica
Diâmetro de giro 11,9 m
Suspensão
Dianteira independente, braços sobrepostos, mola helicoidal
Traseira independente, multibraço, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 8 x 20 pol
Pneus 245/45 R 20 Y
Dimensões
Comprimento 5,044 m
Largura 1,902 m
Altura 1,492 m
Entre-eixos 3,052 m
Bitola dianteira 1,611 m
Bitola traseira 1,62 m
Coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,32
Capacidades e peso
Tanque de combustível 70 l
Compartimento de bagagem 500 l
Peso em ordem de marcha 1.828 kg
Relação peso-potência 6,2 kg/cv
Garantia
Prazo 3 anos sem limite de quilometragem
Carro avaliado
Ano-modelo 2015
Pneus Goodyear Eagle F1 Supercar
Quilometragem inicial 4.000 km
Dados do fabricante

 

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