Conheça mais da mecânica do SUV, testado por 30 dias em versão de topo e dirigido também pela colaboradora
Texto e fotos: Felipe Hoffmann
O Citroën C4 Cactus Shine Pack, versão de topo do SUV compacto, continuou no circuito urbano diário com gasolina em sua segunda semana do teste Um Mês ao Volante. No período rodamos 510 quilômetros com média geral de 12,5 km/l. O melhor consumo foi de 13,5 km/l em 60 km, com média de velocidade de 41 km/h, enquanto o pior foi em trecho curto de bairro de 1,8 km (sem tempo suficiente para o motor esquentar), resultando em 5,8 km/l e 16 km/h. A média da semana foi pouco melhor que na primeira, o que indica que provavelmente o tanque inicial continha apenas gasolina ou bem pouco álcool.
Um dos aspectos que têm agradado bastante no Cactus, dotado do motor THP turbo de 1,6 litro com injeção direta, é sua relação entre desempenho e consumo. No trecho que se tornou nosso padrão de uso diário desde o início do ano, que consiste em cruzar São Paulo até São Bernardo de Campo (SP) e voltar, em total de 62 km com média na casa de 30 km/h, o Citroën tem feito 12,6 km/l e se mostra melhor até que o Toyota Yaris de 1,35 litro (12,1 km/l). Para referência, outros SUVs testados fizeram no mesmo trajeto 11,9 km/l (Peugeot 3008), 10,1 km/l (Jeep Compass Sport) e 9,8 km/l (Hyundai Creta Sport), sempre com gasolina, todos com transmissão automática.
Nossa colaboradora Julia Pacheco gostou bastante do C4 Cactus e sua proposta: “Bem esperto e ágil no trânsito, sem ter que esperar reduções de marchas, já que o motor responde bem”. Também agradou no “rali urbano” das ruas mal pavimentadas de São Paulo o vão livre do solo: em nenhum momento houve contato de alguma parte do carro que não fossem os pneus. Julia gostou da combinação de teto azul com carroceria branca, mas ao olharmos mais em detalhes é nítido que o trabalho de pintura do teto foi feito depois da linha de produção, pois há pontos de transição das cores com mau acabamento. Bom detalhe (já conhecido de algumas marcas) é o acendimento do farol de neblina do lado para o qual se esterça o volante, estando os faróis principais acesos: facilita enxergar nas esquinas, pois seu facho é mais aberto.
Farol de neblina para iluminar esquinas e boa absorção de irregularidades são pontos positivos; falhas estão nas colunas muito largas e na pintura do teto em cor diferente
Ela aprovou o acerto de suspensão macio, mas que movimenta pouco a carroceria ao passar em trechos ondulados com um lado apenas do carro. Contudo, temos notado que a suspensão transmite uma parcela dos impactos: é como se os amortecedores permitissem compressão rápida, mas tanto os pneus quanto os coxins fossem um tanto firmes. Ele por isso não chega a ser um “tapete voador”, capaz de ignorar as más condições do asfalto, mas não se torna desconfortável — e passa boa sensação de conectividade ao asfalto, ajudado pelo sistema de direção ágil.
Os maiores pontos negativos apontados por Julia referem-se ao desenho da carroceria. O teto baixo limita o vão para a cabeça, ao erguer mais o banco, e não ajuda a colocar a criança em sua cadeira. Já as gigantescas colunas traseiras comprometem a visibilidade em manobras e no acesso a vias em ângulo — seria complicado manobrar o carro sem o auxílio da câmera traseira, cujas linhas-guia não se alteram com o movimento do volante, como alguns carros fazem. Um detalhe é que as linhas podem inicialmente confundir o motorista por não estarem alinhadas, pois a câmera não foi posicionada no centro do carro por lá haver o botão de abertura do porta-malas.
Falando no compartimento de bagagem, a colaboradora achou seu tamanho apropriado ao porte do carro, embora alguns concorrentes, como Honda HR-V, Hyundai Creta e Nissan Kicks, ofereçam cerca de 120 litros a mais de capacidade. Pelo preço do carro, ela considera que a forração da tampa do assoalho poderia ter melhor acabamento e os encostos deveriam ficar alinhados com o assoalho ao serem rebatidos.
Porta-malas de 320 litros é apenas regular; base elevada dificulta colocar volumes maiores ou mais pesados, embora evite que os itens caiam ao abrir a tampa
Controversa é a parte estrutural que obriga a pessoa a suspender mais a carga para a colocação e a retirada — em muitos hatches e SUVs a base da abertura está nivelada ao assoalho. Pode incomodar em algumas ocasiões, mas ajuda em outras: Julia gostou de poder abrir a tampa sem que itens que deslizam facilmente rolem para fora, com o carro estacionado em uma subida, já que a carga se apoia nessa parte. Além disso, ao colocar um volume já se sabe que a tampa fechará sem bater na carga ou danificar o acabamento da tampa.
A colaboradora aprovou o acerto de suspensão macio, mas que movimenta pouco a carroceria ao passar em trechos ondulados com um lado apenas do carro
Ao abrir o capô notamos um bom arranjo geral do conjunto motor-transmissão. Logo que se levanta a tampa se nota o turbo bem à frente e em cima, ou seja, o conjunto de escapamento do motor está virado para frente, o que permite menor propagação de calor para dentro da cabine. Além disso, o arranjo permite um caminho curto entre o compressor do turbo para o resfriador de ar e depois para a admissão do motor. O duto de pressurização, feito em plástico para não aquecer o ar com o calor do próprio motor e do turbo, sai do compressor passando pelo motor e já se conecta à mangueira também curta para o resfriador.
O resfriador de ar, por sua vez, fica lateralmente ao radiador e ao trocador de calor do ar-condicionado, garantindo que haja ar mais fresco atravessando-o. Embora o resfriador possa parecer diminuto, além da posição privilegiada para aumento de eficiência, ele conta com uma ventoinha que é apenas acionada com baixo fluxo de ar externo — como no caso de o motorista acelerar e frear forte por ruas ou estradas sinuosas abaixo de 60 km/h, o que faz o ar de admissão se aquecer pela pressurização do turbo e o pouco fluxo de ar no resfriador.
Resfriador de ar pequeno, captação de ar fresco na parte superior da grade, turbo à frente do motor: detalhes técnicos do compartimento do motor THP
Além disso, o resfriador de ar pequeno e o curto trecho de pressurização garantem menor retardo na resposta do turbo (turbo lag), pois há menor volume a ser preenchido quando o compressor pressuriza o ar que será admitido. Assim, muitas vezes um resfriador pequeno dá conta de resfriar o ar o suficiente e traz vantagens. Contudo, a parte de admissão do filtro de ar e o duto que encaminha ar fresco de fora são estranhos, com impressão de faltar uma peça.
Tal duto capta ar fresco na parte superior da grade e direciona o ar para dentro do compartimento do motor, na lateral direita acima da longarina frontal, região bem longe e isolada do motor. O curioso é ele terminar ali e o duto do filtro de ar captar o ar jogado naquela região, sem que haja um acabamento ou mesmo uma caixa. A região se mostra muito boa para não haver chances de intrusão de água numa enchente, além de haver bastante ar fresco vindo do duto lá da grade, mas ficou estranho em termos de apresentação. A vantagem é que, caso venha água pelo duto frontal da grade, a mesma cai em alguma parte do compartimento sem risco de admissão pelo duto que vem do filtro.
Na terceira semana o C4 Cactus deve fazer sua estreia de rodovia, bom momento para analisarmos os recursos de assistência ao motorista. Estamos aguardando o tanque de gasolina baixar até o limite para fazer a troca para álcool, a fim de avaliar o desempenho e o consumo com o novo combustível — tem horas em que motor econômico atrapalha…
Semana anterior
Segunda semana
Distância percorrida | 510 km |
Distância em cidade | 510 km |
Distância em rodovia | – |
Consumo médio geral | 12,5 km/l |
Consumo médio em cidade | 12,5 km/l |
Consumo médio em rodovia | – |
Melhor média | 13,5 km/l |
Pior média | 5,8 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Desde o início
Distância percorrida | 986 km |
Distância em cidade | 986 km |
Distância em rodovia | – |
Consumo médio geral | 12,1 km/l |
Consumo médio em cidade | 12,1 km/l |
Consumo médio em rodovia | – |
Melhor média | 16,6 km/l |
Pior média | 5,8 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Equipamentos de série
• C4 Cactus Shine Pack THP – Alarme volumétrico, alertas de saída de faixa e desatenção do motorista, ar-condicionado automático, assistente de saída em rampa, banco traseiro bipartido 60:40, bancos revestidos em couro, bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina, câmera traseira de manobras, central de áudio com tela de 7 pol e integração a celular, chave presencial para acesso e partida, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, controle de tração ajustável Grip Control, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, faróis e limpador de para-brisa automáticos, fixação Isofix para cadeiras infantis, luzes diurnas de leds, monitor de pressão dos pneus, monitor frontal com frenagem automática, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 17 pol, volante ajustável em altura e distância, volante de couro.
• Opcionais – Pacote Plus (retrovisores cromados, frisos laterais, organizador de porta-malas, antena curta), pacote Security, (sensor de estacionamento traseiro, protetor de cárter, rebatimento do retrovisor direito em ré), pacote Tech (como o Security mais tapetes de carpete), pacote Voyage (barras de teto transversais, porta-bicicletas Thule Freeride).
• Garantia – Três anos sem limite de quilometragem.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10,2:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 166/173 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caxa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 205/55 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,17 m |
Largura | 1,714 m |
Altura | 1,563 m |
Entre-eixos | 2,60 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 320 l |
Peso em ordem de marcha | 1.214 kg |
Desempenho (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 212/212 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,5/7,3 s |
Consumo em cidade | 10,4/7,2 km/l |
Consumo em rodovia | 12,6/8,9 km/l |
Dados do fabricante; consumo não disponível |