Desenho mais simples no Volvo e elaborado no Honda; ambos recorrem a lanternas traseiras que sobem pelas colunas, tradicionais nas marcas
Concepção e estilo
O XC40 foi lançado na Europa no ano passado como um estreante na linha Volvo, marca que não havia feito um utilitário esporte desse tamanho antes. Bem diferente é o caso do CR-V: existe desde 1995, quando foi um dos primeiros SUVs com plataforma típica de automóvel (o Toyota RAV4, um ano antes, pode ser considerado o pioneiro), e chegou em 2016 à quinta geração. Todas elas estiveram à venda no Brasil.
O Volvo segue um estilo simples e robusto, mas sem o impacto visual que — por exemplo — o primeiro XC60 conseguiu 10 anos atrás. Como se viu em outras marcas, como a Hyundai, parece que ciclos de inovação e sobriedade sempre se sucederão na indústria. A coluna traseira larga, a quebra das janelas logo à frente dela e a parte superior em cor diferente do restante sobressaem. No CR-V a evolução do tema do anterior resultou em formas ousadas, mas controversas em alguns pontos, como as lanternas traseiras. Parte delas, a exemplo das do rival, sobem pelas colunas para manter uma tradição de cada marca — restrita ao modelo na Honda e extensiva a outros SUVs e peruas na Volvo.
O coeficiente aerodinâmico (Cx) do XC40, de 0,34, está bom para o tipo de carro. O do CR-V não é divulgado, uma praxe da marca. Em ambos os vãos entre painéis de carroceria são bem estreitos e regulares.
O CR-V tem projeção elevada de informações e espaço adicional para pernas no banco traseiro; ambos acomodam muito bem em bancos de forma e densidade corretas
Conforto e conveniência
Os dois interiores impressionam bem, com formas modernas e elaboradas e escolha cuidadosa de materiais de acabamento, caso dos revestimentos macios em locais de toque frequente nas portas. No XC40 chama atenção a tela central vertical de nove polegadas da central de áudio (horizontal de 7 pol no rival), enquanto o CR-V busca um toque refinado com apliques foscos que simulam madeira.
O motorista acomoda-se muito bem em ambos os carros, com banco bem desenhado e de amplo apoio lateral, regulagens elétricas completas (incluindo apoio lombar), duas memórias de posição e volante ajustável em altura e distância, assim como bom apoio ao pé esquerdo. O apoio de coxas poderia ser maior no Honda, mas sua densidade de espuma do encosto nos pareceu mais agradável (é dura no Volvo).
O novo CR-V ganhou um quadro de instrumentos com seção digital de fácil leitura para velocímetro, conta-giros e diversas informações, como as de computador de bordo e tração integral, que indica como cada eixo está recebendo torque no momento. Ótimo recurso é a projeção elevada em uma lâmina plástica, bem no campo visual da via, de velocímetro, conta-giros e informações de navegação e áudio — pode-se escolher quais mostrar ou desativar o sistema.
O XC40 impressiona pela grande tela vertical de 9 pol, que poderia ser mais prática; no interior de bom acabamento, o assento traseiro baixo pode incomodar
No XC40, embora todo o quadro também seja uma tela, os dois principais mostradores simulam um painel analógico. O que pode escolher são a indicação no centro, a grafia do quadro (com uma opção mais esportiva e em vermelho) e a função do mostrador direito, que muda de conta-giros para medidor de eficiência ao selecionar o modo de condução Eco. Seu computador de bordo deveria mostrar consumo em km/l, não apenas o padrão europeu de litros/100 km.
No XC40 chama atenção a tela central vertical de 9 pol da central de áudio, enquanto o CR-V busca um toque refinado com apliques que simulam madeira
A tela da central de áudio do Volvo impressiona os olhos, mas requer toques para todas as operações. A operação demanda mais atenção, torna-se incômoda em pisos irregulares e nem sempre é fácil comandar sua infinidade de funções, algumas em menus nada intuitivos. Falta o item “pastas” ao explorar um pendrive e apenas as primeiras 20 faixas ficam à vista na tela, mesmo que se alcance a centésima. A solução do Honda, com botões físicos para funções de som e ar-condicionado, nos parece bem melhor.
O áudio em si é muito bom em ambos (da renomada Harman/Kardon no Volvo), bem definido e com graves potentes, apesar de certa distorção em alto volume. O CR-V tem quatro tomadas USB na cabine (sendo duas de alta corrente, 2,5 A) e uma HDMI; ambos integram-se a celular por Android Auto e Apple Car Play e incluem navegador, este um caro opcional de R$ 6 mil no XC40.
Quadros de instrumentos com parte digital (Honda) ou todo ele (Volvo); o CR-V mostra a distribuição da tração; no XC40, grafia e cor seguem programa de condução
Como se espera pela faixa de preços, são dois carros bem-equipados: alerta específico de qual porta está mal fechada, ar-condicionado automático de duas zonas com difusor para o banco traseiro, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso ao interior e partida do motor, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos e comando de fechamento a distância (também de abertura no Volvo), faróis e limpador de para-brisa automáticos, freio de estacionamento com comando elétrico, monitores de atenção do motorista (compara seu modo atual de direção ao de período anterior) e de pressão dos pneus, para-sóis com espelhos iluminados, quatro alças de teto, rebatimento elétrico dos retrovisores.
Detalhes a favor do CR-V são ajuste elétrico também do banco do passageiro, câmera sob o retrovisor direito (Lane Watch) que mostra no painel um amplo campo visual daquele lado, espelho convexo junto ao teto que permite acompanhar crianças no banco traseiro, faixa degradê no para-brisa, maior espaço para objetos (o do console central é configurável, muito bem pensado), mensagens de voz em português brasileiro para alertas (como colocar cinto e liberar o freio de estacionamento), partida remota do motor, sensor de estacionamento também na frente (Volvo, só atrás) e teto solar com controle elétrico.
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