Desenho mais antigo com boa reestilização no Ecosport, linhas mais angulosas no Kicks, formas arredondadas e elegantes no Captur
Concepção e estilo
O Ecosport é a nova edição de um veterano, desenvolvido no Brasil com base na plataforma do Fiesta de 2007 e lançado em 2012. O Kicks derivou da plataforma de March/Versa e foi lançado no ano passado, com primazia brasileira. No caso do Captur, apesar do desenvolvimento local, essa versão ampliada apareceu antes na Rússia (também em 2016), repetindo as linhas básicas do modelo francês de 2013.
O Renault ganha pontos em estilo: as formas curvas são harmoniosas e elegantes, mesmo que se estranhe a altura de rodagem exagerada. Embora agradável de maneira geral, o Nissan nos parece excessivo em recortes e arestas, sobretudo na traseira, e por isso destinado a envelhecer mais rápido. Defletor dianteiro, saias laterais e difusor traseiro prateados do carro avaliado são acessórios, assim como os frisos e barras transversais do teto. Por fim, o Ford revela bom trabalho de reestilização, que o deixou melhor que o original — nem sempre isso acontece — e ganha um toque esportivo com os itens em tom grafite da versão Freestyle. O estepe externo continua a destoar da atual carroceria: parece coerente apenas com a primeira geração.
Ford manteve a traseira e o polêmico estepe junto à tampa; Nissan obteve a melhor aerodinâmica; Renault apostou em grande altura de rodagem
O coeficiente aerodinâmico (Cx) do Ecosport melhorou, em boa parte pela adoção de grade dianteira que se fecha quando desnecessária: nessa condição ele alcança 0,35, pouco atrás do Kicks (0,34). O do Captur não é declarado. Nenhum é ideal nos vãos de carroceria, mas os do Renault são menores e, como no Nissan, regulares em sua maioria (neste, achamos melhores os do nacional que os do mexicano). Esse permanece um ponto falho do Ford: vãos diferentes entre as várias partes e uma tampa traseira que não “casa” bem com as laterais.
Se a interface do sistema de áudio era uma falha do Ecosport, o novo modelo deu grande passo com o Sync 3: tela de 8 pol com ótima resolução, Android Auto e Apple Car Play
Conforto e conveniência
Para quem conheceu o Ecosport anterior, chama atenção ver o novo modelo por dentro: houve ganho expressivo em aspecto e qualidade, como o painel em plástico macio, o quadro de instrumentos mais elaborado e o mesmo volante do Focus. Apesar de não haver mais opção de revestimento dos bancos todo em couro no Freestyle — que usa couro nas bordas e um tecido simples no centro —, o ambiente interno consegue ser mais refinado que o do Kicks (com falhas como os painéis de porta um tanto pobres) e do Captur, que fica devendo em aparência dos plásticos. Pena que a Ford tenha mantido os painéis de porta com rebarbas visíveis e perceptíveis.
O motorista encontra bom conforto nos três, com banco bem definido (também melhorou bastante no Ecosport), apoios laterais adequados e volante de desenho ideal com ajuste em altura — e em distância, salvo no Captur. Nota-se no Kicks a possibilidade de se sentar mais baixo, lembrando um hatch médio, enquanto nos rivais a posição natural é mais elevada. A favor do Eco está a regulagem de apoio lombar; contra ele, o apoio menos agradável para o pé esquerdo. Nos três a reclinação do encosto usa pontos definidos.
Acabamento e aspecto interno melhoraram muito no Ecosport, agora superior aos oponentes em alguns quesitos; falta ajuste em distância ao volante do Captur
O quadro de instrumentos do Renault é mais elaborado, com velocímetro digital, ante os simples e funcionais dos oponentes. No Ford o mostrador central digital repete a velocidade e indica computador de bordo, dados de áudio e outras funções; seu computador tem duas medições e é o único carro com termômetro do motor (no Renault ao menos uma luz-piloto indica a fase fria, além da referente a superaquecimento). Todos usam iluminação em branco.
Se a interface do sistema de áudio era outra deficiência do antigo Ecosport, o novo modelo deu um grande passo com o Sync 3. A grande tela sensível ao toque de 8 pol (ante 7 dos rivais) com ótima resolução comanda um sistema fácil de operar e compatível com Android Auto e Apple Car Play, atributo único no grupo. A tela teria melhor visualização pelo motorista se ficasse no centro em vez de deslocada à direita. Há ainda comandos por voz para áudio e telefone e duas tomadas USB. Como nos outros, vem com navegador, entrada auxiliar e interface Bluetooth.
Os três são equipados com ajuste de altura dos cintos dianteiros, alerta para uso do cinto pelos dois ocupantes da frente, assistente de saída em rampa, câmera traseira de manobras, sensores de estacionamento na traseira, função um-toque em todos os controles elétricos de vidros e volante revestido em couro.
Boa posição para o motorista nos três, mas no banco traseiro o Captur é claramente o mais espaçoso, e o Ecosport, o menor para pernas e ombros
Detalhes a favor do Ecosport são alarme antifurto volumétrico (ultrassom), câmera com guias dinâmicas (acompanham o volante), comutador de faróis só de puxar (prático no uso constante), indicador específico de qual porta está mal fechada (nos outros é geral), luz nos para-sóis, monitor de pressão nos pneus (do tipo direto com sensores nas rodas), porta-luvas refrigerado, porta-óculos de teto, programação para empréstimo do carro (permite limitar velocidade e volume de áudio, impedir o desligamento do controle de tração e outras funções), tampa do tanque destravada com as portas (nos outros deve-se acionar um comando), tomada de 12 volts adicional ao lado do banco traseiro e mais espaço para os objetos do dia a dia.
O Kicks sobressai apenas pelas duas tomadas de 12 volts no console. Em defesa do Captur há comando automático de faróis e limpador de para-brisa (este tem ajuste de intervalo nos oponentes), rebatimento elétrico dos retrovisores e desenho das laterais em que as portas encobrem as soleiras, o que evita sujar a barra da calça ao sair.
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