Combinação de motores falou alto no Volvo, o mais rápido em todas as acelerações e retomadas; em consumo, porém, vantagem para os rivais turbodiesel
Desempenho e consumo
Apesar do peso adicional, a potência bem maior do Volvo foi decisiva nas medições de desempenho do Best Cars, agora feitas com o equipamento de alta precisão Race Capture Pro baseado em GPS, acelerômetros e dados OBD2. Seu melhor tempo de 0 a 100 km/h — com bateria bem carregada, o que permite o maior auxilio do motor elétrico — foi de 5,5 segundos, excepcional para um SUV de 2,3 toneladas. Contudo, o Audi ficou perto (6,6 s) com o Range Rover (8,9 s) bem atrás. A ordem manteve-se em velocidades mais altas, como até 150 km/h.
Como pôde o Q7 andar tão perto do XC90, que dispõe de 149 cv a mais, e ao mesmo tempo ser tão mais rápido que o Range Rover de mesma potência? Um fator é o menor peso; outro, a transmissão automática com estol dos mais altos já vistos: 3.000 rpm em um motor que vai só até 4.600. Acelerando a fundo com o pé no freio, bastava liberá-lo para o alemão dar um salto à frente e engolir a pista quase tão rápido quanto o sueco (o estol dos concorrentes fica em 2.200 rpm, um tanto baixo no caso do Volvo, cuja motor gira bem mais).
Pela análise gráfica da aceleração, feita pelo consultor Felipe Hoffmann, percebe-se que a maior parte da vantagem do Q7 sobre o Vogue está nos 2 s iniciais. Quando se libera o freio do Audi a aceleração atinge mais de 0,8 g, enquanto o Range Rover parece limitar o potencial do motor durante a manobra. É comum nos veículos modernos limitar-se o torque durante a aceleração com freio (estol), para proteger a transmissão de superaquecimento do fluido e fadigas prematuras. No inglês nota-se que, logo após a saída, o motor “acorda” e produz seu maior pico de aceleração perto dos 2 s. Após esse momento ambas obtêm desempenho parecido, percebido nas curvas de aceleração e velocidade acima, com ligeira vantagem ao Q7 pelo menor peso.
O comportamento do XC90, por sua vez, é um tanto interessante. Embora a potência bem superior lhe garanta o melhor desempenho, ele perde para o Q7 em pico de aceleração inicial. O motivo está na tração: a versão híbrida não tem um sistema integral permanente como os adversários, mas uma combinação entre tração dianteira com motor a gasolina (320 cv) e traseira com o elétrico (apenas 87 cv). Isso limita seu pico de aceleração nos 2 s iniciais pela capacidade de tração do eixo dianteiro — se o motor entregar seu máximo, os pneus destracionam —, ao mesmo tempo que falta potência ao eixo traseiro para “empurrar” mais o carro. Depois de 2 s, sua potência maior o faz atingir 100 km/h em 1,1 s a menos que o Audi, mesmo com 300 kg a mais.
A sequência foi a mesma nas retomadas: Volvo em primeiro lugar e Audi em segundo, como ao cumprir de 60 a 120 km/h em 5,6 e 6,7 s (na ordem) contra 8,7 s do Range Rover. Como adotamos novos padrões de medição, tempos de retomada publicados daqui em diante não devem ser comparados aos de testes anteriores.
Nessa prova também é notada a diferença de comportamento, como revela o gráfico de 60 a 120 (acima). O Audi, mais ágil na redução de marchas, responde melhor ao motorista no segundo inicial. O Range Rover mostrou maior hesitação na resposta ao acelerador, ainda dentro do esperado. O XC90 levou maior tempo para alcançar a aceleração máxima (por volta de 1,5 s) devido ao maior tempo para chegar à marcha mais condizente. A explicação pode estar no tipo de motor: enquanto o Diesel precisa ganhar pouca rotação para atingir seu pico de potência, o Otto necessita de aumentar muito mais os giros, o que leva tempo pela inércia do motor. Não é raro o fabricante limitar a velocidade da troca de marchas, pois a transmissão precisa “esperar” o motor chegar à rotação correta para que não haja trancos.
Por se tratar do primeiro híbrido com recarga externa avaliado pelo Best Cars, o XC90 trouxe uma discussão: como proceder para medir consumo? Seria possível completar a bateria (pela função Charge, pois não tivemos como carregá-la em tomada) e então rodar em modo Pure, como pode fazer o usuário no dia a dia. No trajeto urbano leve, ele talvez pudesse rodar os 18 km sem consumir uma gota de gasolina — mas seria um dado sem utilidade para comparação. Além disso, haveria o custo prévio da recarga em tomada ou com gasolina, este difícil de mensurar.
Decidimos então que híbridos desse tipo serão medidos com carga mínima de bateria, a fim de verificar na prática o quando rende o combustível líquido, tal e qual um híbrido comum como o Ford Fusion. Usamos a carga até o ponto mínimo indicado no painel e só então iniciamos o percurso em modo Hybrid, tanto em cidade quanto em rodovia. Beneficiado pelo eficiente motor elétrico e pela regeneração de energia, o Volvo obteve marcas muito boas para um carro de seu porte e peso, como 11,6 km/l no trajeto urbano leve — melhor que um Renault Captur CVT 1,6, ambos com gasolina.
A competição aqui, porém, era intensa. Com os eficientes motores a diesel, tanto o Q7 quanto o Vogue alcançaram marcas bem melhores e seu combustível ainda custa menos. O Audi venceu no trajeto urbano exigente e no rodoviário (neste fez 14,5 km/l ante 12,8), enquanto o Range Rover foi melhor no urbano leve (14,6 contra 13,9). Ainda, com seus enormes tanques, ambos impressionam pela autonomia próxima a 1.000 km no uso rodoviário — conveniência desconhecida da maioria dos brasileiros, proibida de ter um automóvel a diesel. Na mesma condição o pequeno tanque de 50 litros do Volvo só faria 437 km, marca que poderia crescer se fosse iniciada a viagem com bateria a pleno.
• Testes com Race Capture Pro fornecido pela FHB Performance
Q7 | Range Rover | XC90 | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 6,6 s | 8,9 s | 5,5 s |
0 a 120 km/h | 9,2 s | 12,3 s | 7,5 s |
0 a 150 km/h | 14,8 s | 20,6 s | 12,1 s |
0 a 400 m | 14,8 s | 16,5 s | 13,8 s |
Retomada | |||
60 a 100 km/h* | 3,9 s | 5,1 s | 3,5 s |
60 a 120 km/h* | 6,7 s | 8,7 s | 5,6 s |
80 a 120 km/h* | 4,8 s | 6,5 s | 4,2 s |
Consumo | |||
Trajeto leve em cidade | 13,9 km/l | 14,6 km/l | 11,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 7,2 km/l | 6,9 km/l | 5,9 km/l |
Trajeto em rodovia | 14,5 km/l | 12,8 km/l | 9,7 km/l |
Autonomia | |||
Trajeto leve em cidade | 938 km | 1.169 km | 522 km |
Trajeto exigente em cidade | 486 km | 553 km | 266 km |
Trajeto em rodovia | 979 km | 1.025 km | 437 km |
Diesel (Q7 e Range Rover) e gasolina (XC90); testes do Volvo com carga plena da bateria (desempenho) e com carga baixa (consumo); *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Dados dos fabricantes
Q7 | Range Rover | XC90 | |
Velocidade máxima | 234 km/h | 210 km/h | 230 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,5 s | 7,9 s | 5,6 s |
Consumo em cidade | 9,1 km/l | 9,8 km/l | 15,3 km/l |
Consumo em rodovia | 10,8 km/l | 12,3 km/l | 15,8 km/l |
Dados do fabricante para diesel (Q7 e Range Rover) e gasolina (XC90); consumo conforme padrões do Inmetro |
Grandes carros, grandes rodas: 20 pol no Audi (com opção por 21), 22 pol nesta versão do Range Rover e 21 pol no Volvo, com pneus 275 e 285
Ficha técnica
Q7 | Range Rover | XC90 | |
Motor | |||
Posição | longitudinal | longitudinal | transversal |
Cilindros | 6 em V | 6 em V | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/ alumínio | ferro fundido/ alumínio | alumínio |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes | duplo nos cabeçotes | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 | 4 | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 83 x 91,4 mm | 84 x 90 mm | 82 x 93,2 mm |
Cilindrada | 2.967 cm³ | 2.993 cm³ | 1.969 cm³ |
Taxa de compressão | 16:1 | 16,1:1 | 10,3:1 |
Alimentação | injeção de duto único, turbo, resfriador de ar | injeção de duto único, 2 turbos sequenciais, resfriador de ar | injeção direta, compressor, turbo, resfriador de ar |
Potência máxima | 258 cv de 3.250 a 4.250 rpm | 258 cv a 4.000 rpm | 320 cv a 5.700 rpm |
Torque máximo | 61,2 m.kgf de 1.500 a 3.000 rpm | 61,2 m.kgf a 2.000 rpm | 40,8 m.kgf de 2.200 a 5.400 rpm |
Potência específica | 87,0 cv/l | 86,2 cv/l | 162,5 cv/l |
Motor elétrico | |||
Potência máxima | NA | NA | 87 cv (65 kW) a 7.000 rpm |
Torque máximo | 25,5 m.kgf | ||
Potência combinada | 407 cv | ||
Torque combinado | 65,3 m.kgf | ||
Tipo de bateria | íons de lítio | ||
Capacidade da bateria | 9,2 kWh | ||
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | automática, 8 | automática, 8 | automática, 8 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |||
1ª. | 4,71 / 11 km/h | 4,71 / 10 km/h | 5,25 / 8 km/h |
2ª. | 3,14 / 16 km/h | 3,14 / 14 km/h | 3,03 / 14 km/h |
3ª. | 2,11 / 24 km/h | 2,11 / 21 km/h | 1,95 / 22 km/h |
4ª. | 1,67 / 30 km/h | 1,67 / 27 km/h | 1,46 / 30 km/h |
5ª. | 1,29 / 39 km/h | 1,29 / 35 km/h | 1,22 / 35 km/h |
6ª. | 1,00 / 51 km/h | 1,00 / 45 km/h | 1,00/ 43 km/h |
7ª. | 0,84 / 62 km/h | 0,84 / 54 km/h | 0,81 / 53 km/h |
8ª. | 0,67 / 76 km/h | 0,67 / 67 km/h | 0,67 / 64 km/h |
Relação de diferencial | 2,85 | ND | ND |
Relação de reduzida | NA | 2,93 | NA |
Regime a 120 km/h | 1.600 rpm (8ª.) | 1.800 rpm (8ª.) | 1.900 rpm (8ª.) |
Regime à vel. máx. informada | 3.900 rpm (7ª.) | 3.900 rpm (7ª.) | 5.350 rpm (6ª.) |
Tração | integral permanente | integral permanente | integral sob demanda |
Freios | |||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim |
Direção | |||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,4 m | 12,1 m | 11,8 m |
Suspensão | |||
Dianteira | independente multibraço | ind., braços sobrepostos | ind., braços sobrepostos |
Traseira | ind. multibraço | ind. multibraço | ind. multibraço |
Elemento elástico | molas helicoidais | molas pneumáticas | molas pneumáticas |
Controle eletrônico | não | sim | sim |
Estabilizador(es) | diant./tras. | diant./tras. | diant./tras. |
Rodas | |||
Dimensões | 20 pol | 22 pol | 21 pol |
Pneus | 285/45 R 20 Y | 275/40 R 22 Y | 275/40 R 21 Y |
Dimensões | |||
Comprimento | 5,052 m | 4,999 m | 4,95 m |
Largura | 1,968 m | 1,983 m | 1,923 m |
Altura | 1,741 m | 1,836 m | 1,776 m |
Entre-eixos | 2,994 m | 2,922 m | 2,984 m |
Bitola dianteira | 1,679 m | 1,69 m | 1,665 m |
Bitola traseira | 1,691 m | 1,683 m | 1,667 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,334 | 0,34 | 0,33 |
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 75 l | 89 l | 50 l |
Compartimento de bagagem com 2 / 5 / 7 lugares | 1.955 / 770 l / 295 l | 2.030 l / 909 l / NA | 1.816 l / 721 l / NA |
Peso em ordem de marcha | 1.980 kg | 2.215 kg | 2.319 kg |
Relação peso-potência | 7,7 kg/cv | 8,6 kg/cv | 5,7 kg/cv |
Fora de estrada* | |||
Ângulo de entrada | 23,1° | 26,0°/34,7° | 23,8° |
Ângulo de saída | 14,4° | 24,6°/29,6° | 23,3° |
Ângulo de rampa | 13,1° | 20,1°/28,3° | 21,3° |
Vão livre do solo | 210 mm | 222 mm/296 mm | 227 mm/267 mm |
Profundidade máxima | 500 mm | ND/900 mm | 450 mm |
Garantia | |||
Prazo | 2 anos sem limite de km | 3 anos sem limite de km | 2 anos sem limite de km |
Carros avaliados | |||
Ano-modelo | 2017 | 2016 | 2017 |
Pneus | Bridgestone Dueler H/P Sport | Continental Cross Contact LX Sport | Pirelli Scorpion Verde |
Quilometragem inicial | 17.000 km | 7.000 km | 4.000 km |
Dados dos fabricantes; ND = não disponível; NA = não aplicável; *altura normal/altura máxima |