Suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas compõem uma mecânica
interessante no papel, mas que requer mais refinamento e acertos de calibração
A Geely informa capacidade de bagagem de 670 litros, o que o colocaria entre os maiores da história mundial de sedãs e soa como exagero. Mas o espaço é certamente amplo, apesar do estepe na mesma medida de pneu (até com roda de alumínio) colocado sob o piso e da tampa com braços convencionais, que roubam alguns litros.
O motor revela resposta apenas razoável para acelerar: é preciso recorrer a altas rotações até em pequenas inclinações
Ao volante, desempenho discreto
Fabricado pela própria Geely, o motor 1,8 conta com variação do tempo de abertura das válvulas, mas não se destaca pelo torque. A potência de 130 cv impressiona mais que os 17,2 m.kgf a 4.400 rpm, valor modesto para a cilindrada (o E-Torq de 1,75 litro da Fiat, de igual potência com gasolina, fornece 18,4 m.kgf mesmo sem o mecanismo de variação).
Nosso contato com o sedã foi na região de Itu, SP. Motor acionado, silencioso em marcha-lenta, engatamos a primeira com uma embreagem muito macia. Ao sair, o motor revela resposta apenas razoável para acelerar. Com peso considerável (mas mediano para seu porte) de 1.280 kg, é preciso recorrer a altas rotações até em pequenas inclinações. Na estrada o motor é silencioso e o Geely roda a 120 km/h em tranquilas 3.000 rpm em quinta marcha, mas vibra muito ao deixar cair a rotação, como de 4.000 para 3.000 rpm.
O torque do motor não satisfaz para os 1.280 kg do Geely; com assistência ao gosto
chinês, a direção muito leve deixa a sensação de insegurança em alta velocidade
Com suspensão independente McPherson também atrás (os chineses parecem resistir à fórmula mundial do eixo de torção em carros que não usam sistema multibraço), o EC7 deixou a impressão de boa estabilidade no breve contato. No entanto, merece revisão a assistência de direção: a 120 km/h o volante fica leve e sugere cautela nas mudanças de trajetória.
É sabido que os chineses andam devagar e apreciam direção e suspensão moles, ou seja, faltou à Geely acertar essa calibração para o gosto brasileiro. De resto, com para-brisa bem inclinado que deixa o sol intenso “fritar” as pernas dos ocupantes da frente, a fábrica poderia melhorar o ar-condicionado, que não se mostrou suficiente para ao menos abrandar os 41°C indicados no dia da avaliação.
O EC7 tem à frente uma variedade de concorrentes. A exemplo do compatriota JAC J5, oferece espaço e comodidades de modelo médio ao preço de sedãs compactos como Chevrolet Cobalt LTZ 1,8, Fiat Grand Siena Essence 1,6, o novo Ford Fiesta SE 1,6 e VW Voyage Highline 1,6. Um carro de porte e potência equivalentes ao do chinês, entre os fabricantes mais consagrados, em geral começa em R$ 60 mil. Se essa aparente relação custo-benefício será o bastante para o êxito da marca estreante, só o tempo dirá.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 79 x 91,4 mm |
Cilindrada | 1.792 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 130 cv a 6.100 rpm |
Torque máximo | 17,2 m.kgf a 4.400 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 16 pol |
Pneus | 215/55 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,635 m |
Largura | 1,789 m |
Altura | 1,47 m |
Entre-eixos | 2,65 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 670 l |
Peso em ordem de marcha | 1.280 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 185 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,0 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |