Desenho atraente do novo utilitário esporte combina com seu
comportamento dinâmico; as soluções de conectividade são destaque
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
O segmento do mercado brasileiro que mais terá grandes lançamentos este ano, o dos utilitários esporte compactos, recebe sua primeira estreia: o Honda HR-V. Derivado da plataforma que serve a Fit e City, o novo modelo fabricado em Sumaré, SP, vem competir com Chevrolet Tracker, Ford Ecosport e Renault Duster, além do Jeep Renegade e do Peugeot 2008, que chegam nas próximas semanas.
O HR-V é oferecido em três versões de acabamento, todas com motor flexível de 1,8 litro e 16 válvulas (o mesmo do Civic). A de entrada LX pode vir com câmbio manual de seis marchas, ao preço sugerido de R$ 69.900, ou a caixa de variação contínua (CVT) por R$ 75.400, diferença que inclui rodas de alumínio. Tanto na EX (R$ 80.400) quanto na EXL (R$ 88.700) o CVT é o único câmbio disponível (confira no quadro abaixo os equipamentos de cada versão). A garantia é de três anos. A fábrica anuncia que 46% da produção inicial será de EXL e 42% de EX, com o LX manual restrito a 1%. Ambiciosa, a meta é vender 50 mil unidades este ano, a partir de 20 de março.
O desenho moderno e esportivo é certamente um destaque do HR-V, que
disfarça as maçanetas traseiras; os faróis deveriam ter duplo refletor
Os valores podem ser considerados competitivos na categoria. Entre versões de 1,8 e 2,0 litros, da mesma faixa de potência do HR-V, a Ford oferece o Ecosport SE 2,0 Powershift (automatizado de dupla embreagem) por R$ 75.100 e chega a R$ 87.100 no Titanium com o mesmo câmbio; a Chevrolet cobra R$ 85.890 pelo Tracker LTZ 1,8 com caixa automática de seis marchas; e a Renault pede pelo Duster 2,0 entre R$ 72.200 (Dynamique manual) e R$ 78.800 (Tech Road II, automático de quatro marchas). Não mencionamos aqui versões com tração integral, que a Honda não produz: de acordo com a marca, o recurso fugiria à proposta do modelo, que não envolve uso fora de estrada.
Seu desenho é bem proporcionado e
esportivo, com bons detalhes como
vincos laterais e maçanetas escondidas
Chamado de Vezel no mercado japonês, onde foi apresentado no fim de 2013, o HR-V traz ao mercado as formas previstas no Salão de Detroit de janeiro daquele ano pelo conceito Urban SUV. A sigla ganha diversos significados conforme a fonte, um deles (pela Honda brasileira) Hip-bound Runaround Vehicle, algo como veículo de lazer com posição elevada de ocupantes em uma tradução livre. O Vezel oferece mais opções de mecânica, como tração integral e versão híbrida — que associa motor de 1,5 litro a gasolina de 130 cv a um elétrico de 29 cv —, mas o brasileiro tem a peculiaridade de vir de série com o motor de 1,8 litro, não disponível aos nipônicos.
Com 4,29 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 2,61 m de distância entre eixos, o HR-V é um pouco maior que o Ecosport (4,24/1,76/2,52 m, considerando o estepe externo) e o Tracker (4,25/1,77/2,55 m), mas ligeiramente menor que o Duster (4,31/1,82/2,67 m). Com 4,53/1,82/2,62 m, o CR-V da mesma Honda fica em patamar superior de tamanho e não deve sofrer concorrência interna. A engenharia da marca estima em 50% o aproveitamento de componentes do Fit na plataforma.
Bons detalhes de estilo e rodas de 17 pol de série em toda a linha; o EXL,
nas fotos, custa R$ 88,7 mil e vem com câmbio de variação contínua
O estilo será certamente um ponto a favor do HR-V: seu desenho é moderno, bem proporcionado e esportivo, com bons detalhes como os vincos laterais que terminam nas maçanetas das portas traseiras, escondidas para dar a sensação de um três-portas. As rodas de 17 polegadas em todas as versões (sempre com o mesmo desenho, salvo no LX manual, que vem com calotas) contribuem para o ar esportivo. Pena que os faróis tenham refletor simples e que não haja opção de teto solar, existente no exterior. As diferenças externas entre as versões são poucas, como maçanetas cromadas no EXL e teto sem barras no LX.
No interior, de aspecto geral familiar ao consumidor da Honda, a maior criatividade está no console central elevado com um túnel, abaixo da alavanca de câmbio, para as conexões do sistema de áudio e a tomada de 12 volts — solução infeliz, pois requer contorcionismo do usuário para vê-las e usá-las. Já a faixa com três difusores de ar no painel diante do passageiro, mesmo que estranha, não prejudica pois eles podem ser regulados ou fechados de forma individual.
Como habitual na marca, nenhum plástico tem toque suave, mas o aspecto e a montagem de todo o acabamento são corretos e foi empregado couro sintético em parte do painel e nos apoios de braço das portas e do console. Os bancos dianteiros são bem definidos em forma, rigidez e apoio lateral e o motorista acomoda-se bem, embora o volante devesse vir mais perto na última regulagem. Nas versões LX e EX o revestimento é em tecido simples, que deprecia um pouco o conjunto, assim como os feios parafusos de fixação em sua parte frontal.
Interior de acabamento simples, mas com couro sintético nos apoios de
braço; o EXL vem com couro nos bancos; o espaço atrás surpreende
Cada versão tem um aparelho distinto para o sistema de áudio, de um espartano demais na LX a um sofisticado na EXL. Nesta, a tela de sete polegadas aceita não só toques como movimentos laterais, de aumentar e de diminuir como em telefones e tablets. Há ainda conexão HDMI para vídeo e para espelhamento do celular (as telas tornam-se iguais e aplicativos do telefone podem ser comandados pelo visor do carro) e roteamento de conexão à internet para os passageiros.
Apesar de equipar tanto o EX quanto o EXL, só neste a câmera traseira para manobras traz guias dinâmicas, que mostram a direção do carro conforme a posição do volante. O comando elétrico para o freio de estacionamento contribui para o aspecto limpo, sem a tradicional alavanca, e há o recurso Brake Hold, que mantém o carro freado ao se tirar o pé do pedal, como em paradas do trânsito, liberando-o quando se acelera. Não foi esquecido o para-brisa degradê, mas o preço do EXL justificaria itens adicionais como chave presencial para acesso e partida, retrovisor interno fotocrômico e faróis e limpador automáticos.
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As versões e equipamentos
• HR-V LX manual (acima): vem de série com controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), assistente de partida em rampa, fixação Isofix para cadeira infantil, rodas de 17 polegadas em aço com pneus 215/55, freio de estacionamento com comando elétrico e retenção automática (mantém o carro freado ao se tirar o pé do pedal), ar-condicionado, direção assistida elétrica, controle elétrico de vidros (com função um-toque para todos, abertura e fechamento a distância), travas e retrovisores, alarme antifurto, volante ajustável em altura e distância, banco traseiro bipartido 60/40, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, computador de bordo e rádio/CD com MP3, interface Bluetooth e entradas USB e auxiliar. Bolsas infláveis são apenas as frontais.
• HR-V LX CVT: acrescenta câmbio de variação contínua e rodas de alumínio.
• HR-V EX CVT (acima): adiciona aos itens do LX CVT rádio com tela de 5 pol, câmera traseira para manobras, luzes de direção com leds nos retrovisores, faróis de neblina, controlador de velocidade, volante revestido de couro com comandos de áudio e iluminação nos espelhos dos para-sóis.
• HR-V EXL CVT: acrescenta ao conteúdo do EX bolsas infláveis laterais dianteiras, tela de 7 pol com sistemas de áudio e navegação, entrada HDMI, ar-condicionado automático acionado por toques no painel, indicador de temperatura externa, retrovisores externos com rebatimento elétrico e visualização do meio-fio no lado direito ao acionar marcha à ré, bancos revestidos de couro e modo sequencial para o CVT, que simula sete marchas com trocas por meio de comandos no volante.
A divisão Honda Access oferece 19 acessórios externos (fotos acima) e 11 internos, como grade dianteira cromada, estribos, apliques nos para-choques, bagageiro de teto com suporte para bicicleta, pedais esportivos, soleiras iluminadas para as portas, iluminação interna sob o painel e rodas de alumínio para o LX manual.
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